sexta-feira, 24 de abril de 2009

Fernando Pessoa e a Liberdade


Amanhã é um dia histórico, 25 de Abril, o dia em que um povo conquistou a Liberdade. Um dos maiores poetas portugueses conduz-nos ao escalpelo do significado da Palavra que o ser humano transformou num símbolo preciosíssimo, Liberdade que é a grandeza do Homem, levando-o a doar a própria vida na conquista do seu ideal.


A Liberdade é a Possibilidade do Isolamento.


És livre se podes afastar-te dos homens, sem que te obrigue a procurá-los a necessidade do dinheiro, ou a necessidade gregária, ou o amor, ou a glória, ou a curiosidade, que no silêncio e na solidão não podem ter alimento.


Se te é impossível viver só, nasceste escravo. Podes ter todas as grandezas do espírito, todas da alma: és um escravo nobre, ou um servo inteligente: não és livre.

E não está contigo a tragédia, porque a tragédia de nasceres assim não é contigo, mas do Destino para si somente.


Ai de ti, porém, se a opressão da vida, ela própria, te força a seres escravo.


Ai de ti, se, tendo nascido liberto, capaz de te bastares e de te separares, a penúria te força a conviveres. Essa sim, é a tua tragédia, e a que trazes contigo.


Nascer liberto é a maior grandeza do homem, o que faz o ermitão humilde superior aos reis, e aos deuses mesmo, que se bastam pela força, mas não pelo desprezo dela.


Fernando Pessoa, in 'Livro do Desassossego'

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia Mundial do Livro - Recordando Kardec



Comemora-se hoje, a 23 de Abril, o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. Desde 1995 que, por iniciativa da UNESCO, se celebra em todo o mundo o prazer da leitura.


A UNESCO escolheu o dia 23 de Abril para festejar o livro por se tratar de um dia emblemático para a literatura mundial. Foi a 23 de Abril que, em 1616, morreu Miguel de Cervantes e que, em 1899, nasceu Vladimir Nabokov. Neste mesmo dia também nasceu e morreu William Shakespeare, entre outros nomes célebres que fazem parte da nossa cultura e que alimentam o espírito de gerações.



Poucos dias atrás, a 18 de Abril, fez 152 anos a 1ª publicação em França de O Livro dos Espíritos, por Hippolyte Léon Denizard Rivail, pedagogo e cientista sobejamente conhecido e discípulo de Pestallozi, sob o psedónimo de Allan Kardec. É a obra básica da doutrina espírita.



Em 1857, em Paris, a obra é apresentada pelo editor E. Dentu, estabelecido no Falais Royal, Galérie d’0rléans e, com ela, o termo Espiritismo é dado a conhecer ao mundo, designando a Doutrina, ditada pelo Espírito da Verdade, o Consolador, prometido pelo Cristo, através da mediunidade das meninas Caroline (16 anos) e Julie Boudin (14 anos) e mais tarde, aquando da revisão do livro, de Celine Japhet (18 anos), e publicação da 2ª edição, a 16 de março de 1860.


Outros médiuns foram posteriormente consultados e Kardec informa, em Obras Póstumas: “Foi dessa maneira que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho”.



É de salientar que, antes do lançamento desta obra os termos conhecidos eram o Espiritualismo ou Neo-espiritualismo, pese embora algumas traduções menos fidedignas da Bíblia se referirem ao termo espiritismo para que os seus detractores possam argumentar a fim de combaterem a Doutrina Espírita. O termo espírita nasceu com Allan Kardec, foi introduzido no vocabulário francês e no de todo o mundo, a partir do século XIX.



Allan Kardec é o nome de um druida céltico, do qual o educador francês é a reencarnação.
O Livro é a compilação das respostas dos espíritos às questões que lhes são colocadas, tendo a 1ª edição 550 itens e, após a revisão, sob orientação do Espírito da Verdade, totalizando 1.019 tópicos.



As médiuns comunicavam com os espíritos pelo método da psicografia indirecta, através das cestinhas-de-bico. Colocavam as mãos nas bordas da cesta e o lápis (o bico) escrevia numa lousa.
Toda a Doutrina está contida neste livro, tendo sido posteriormente desenvolvida nos demais volumes da Codificação.



No contexto histórico, O Livro dos Espíritos é o código de uma nova fase da evolução humana.
Depois das incongruências da Bíblia e da aterradora visão de um Deus terrível e castigador, passamos ao equilíbrio clássico do Evangelho, a codificação da segunda revelação cristã, a doutrina do perdão com Jesus e deste à libertação espiritual de ‘O Livro dos Espíritos’, tal como predicto pelo Cristo, em João XIV, de que nos enviaria o Consolador.



Até a publicação desta obra, os problemas espirituais eram tratados de maneira empírica ou apenas fantasiosa. Com ela, o espírito e os seus enigmas saíram do terreno da abstracção, dos milagres, para se tornarem acessíveis à investigação racional, e até mesmo à pesquisa experimental. O que pertencia ao domínio do sobrenatural tornou-se natural. Tudo se reduziu a uma questão de conhecimento das leis que regem o Universo.



No seu aspecto filosófico O Livro dos Espíritos enquadra-se numa das formas clássicas da filosofia: o diálogo, e divide-se em quatro partes, como era comum à época, nos tratados filosóficos.



Livro Primeiro - Das causas primárias - abordando as noções de Deus, dos elementos Gerais do Universo, da Criação e do Princípio Vital.



Livro Segundo - Mundo Espírita ou dos Espíritos - analisando a noção de Espírito e todas as relações destes com os mundos corpóreos, a finalidade da vida terrena e o regresso ao Mundo Espiritual, e a pluralidade das existências, rumo ao auto-aperfeiçoamento.



Livro Terceiro - As Leis Morais - trabalhando com o conceito de Leis de ordem Moral a que estaria submetida toda a Criação, quais sejam as leis de: adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor e caridade e a perfeição moral.



Livro Quarto - Esperanças e Consolações – informando acerca das penas e gozos terrenos e das penas e gozos futuros que esperam o Homem, desfazendo conceitos antigos sobre a localização do Inferno e do Paraíso e situando o Purgatório no interior de cada um de nós.


Intolerância e perseguição



Desde sempre a Igreja Católica viu na Doutrina Espírita um obstáculo incontornável à manutenção dos seus dogmas, rituais e milagres.



Em Setembro de 1861, o Sr. Lachâtremanda mandou vir de Barcelona 300 volumes de obras espíritas, dentre as quais O Livro dos Espíritos. À sua chegada, os livros são apreendidos e queimados num auto de fé pelo Bispo local, em tudo fazendo recordar a época de má memória da Inquisição. A sentença foi executada a 9 de Outubro, data que marca a intolerância religiosa, na sua perseguição à divulgação da Doutrina Espírita.



A 1 de Maio de 1864 a Igreja Católica coloca O Livro dos Espíritos no Index- o catálogo das obras cuja leitura é proibida aos seus fiéis.



Essa oposição continua até hoje, aproveitando os dirigentes da Igreja Católica, todas as oportunidades que surgem, para denegrir e desacreditar o espiritismo, junto dos seus fiéis, quer nos órgãos de comunicação social, quer nos muitos blogs que circulam pela net.



Em Portugal, a prática da Doutrina Espírita foi proibida durante a vigência de Salazar e as suas instalações confiscadas pelo Estado. Até hoje, não foram devolvidas.



Em suma, O Livro dos Espíritos, escrito na forma dialogada da Filosofia Clássica, em linguagem clara e simples, para divulgação popular, é no dizer de Herculano Pires: “um verdadeiro tratado filosófico que começa pela Metafísica, desenvolvendo cm novas perspectivas a Ontologia, a Sociologia, a Psicologia, a Ética, e estabelecendo as ligações históricas de todas as fases da evolução humana em seus aspectos biológico, psíquico, social e espiritual.”



E Allan Kardec, referindo-se ao Espiritismo, declara: “Sa force est dans sa philosophie, dans l’appel qu’il fait à la raizon, au bon-sesns. »



Enfim, O Livro dos Espíritos é um livro para ser estudado e meditado, com o auxílio dos demais volumes da Codificação:



  • O Livro dos Médiuns

  • O Evangelho Segundo o Espiritismo

  • O Céu e o Inferno

  • A Génese

Fontes:

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1376134

“O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, 3ª edição, trad. de José Herculano Pires

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_dos_Esp%C3%ADritos


segunda-feira, 20 de abril de 2009

PRÁTICA MEDIÚNICA

Tudo na vida é afinidade e comunhão, sob as leis magnéticas que lhe presidem os fenômenos.

Tudo gravita em torno dos centros de atração e sustentação de forças determinadas e específicas, no plano em que evoluímos para a Ordem Superior.

A mediunidade não pode igualmente escapar a semelhantes impositivos.

Almas ignorantes atraem criaturas ignorantes.

Doentes afinam-se com doentes.

Há entidades espirituais que se dedicam ao serviço do próximo, em companhia daqueles que estimam a prática da beneficência, tanto quanto existem inteligências desencarnadas que, em desequilíbrio, se devotam a lamentáveis alterações da tranqüilidade alheia, junto das pessoas indisciplinadas e insubmissas.

Obsessores vivem com quem estima perseguir e vampirizar e comunicantes irônicos somente encontram guarida nos companheiros do sarcasmo.

Eis porque, acima da prática mediúnica, examinada sob qualquer aspecto, situamos o imperativo da educação em nossos círculos doutrinários.

Amontoam-se vermes onde se congregam frutos desaproveitados ou apodrecidos, assim como a luz brilha onde encontra força ou material que lhe sirvam de combustíveis.

O médium receberá sempre de acordo com as atitudes que adota para si mesmo, perante a vida.

Se irado, sintoniza-se com energias perturbadas do desespero; se preguiçoso, vive à vontade com os desencarnados ociosos.

Quem deseje crescer para a Espiritualidade Superior não pode menosprezar o alfabeto, o livro, o ensinamento e a meditação.

Mediunidade não é exaltação da inércia ou da ignorância.

O médium, para servir a Jesus de modo positivo e eficiente, no campo da Humanidade, precisa afeiçoar-se à instrução, ao conhecimento, ao preparo e à própria melhoria, a fim de que se faça filtro de luz e paz, elevação e engrandecimento para a vida e para o caminho das criaturas.

Jesus é nosso Divino Mestre.

Eduquemo-nos com Ele, a fim de que possamos realmente educar.
Francisco Cândido Xavier - Emmanuel - "Mediunidade e Sintonia".

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Maturidade espiritual do Homem

Desde os tempos mais remotos que Deus se fez presente ao Homem, amparando-o e inspirando a sua caminhada e, quando esse homem por Ele criado já se encontrava preparado, lhe enviou os profetas para lhe iluminarem a alma sequiosa e o instruírem na Sua Lei.

Jesus foi enviado à Terra para esclarecer a Mensagem, para despertar as consciências que se tinham entregue às palavras, mas que não conseguiam aquecer os corações de tão superficiais que eram e cujos actos se encontravam já muito distantes dessas brilhantes oratórias produzidas nos púlpitos onde se alçavam aqueles que se diziam transmissores das Suas palavras.

Jesus provou com os seus actos, através do exemplo diário e contínuo, de que as suas eram, de facto, as palavras do Pai de todos nós, ensinando ao Homem, já preparado para O ouvir e aceitar no coração, o perdão. Grande passo se deu na evolução.

Não mais as aparências, não mais a retórica e os discursos habitualmente preparados seduziam as multidões, mas sim o Amor que brotava do filho de Deus, coração aberto que tocava outros corações famintos de Verdade e Conhecimento, resultantes da compreensão da Sua mensagem.

A parábola da figueira seca dirige-se a todos os que em todas as épocas fazem da palavra o seu único modo de vida, seduzindo e enganando em benefício próprio.

Muitas religiões se valem desse estratagema há muitos séculos apreendido, para que possam dominar, controlar e aumentar o seu poder sobre o Homem.

Muitos dislates, crimes hediondos, massacres condenáveis por Deus, não obstante realizarem-se em Seu nome.

O Espiritismo veio esclarecer, repor a verdade das parábolas e das palavras de Jesus para que não mais perdurasse o engano, para que o Homem não fosse o isco de alguns para a ascensão social ou religiosa.

O Espiritismo veio dizer ao Homem que ele se encontrava preparado para compreender com o coração e com o raciocínio a Mensagem, não mais podendo desculpar-se com a ignorância, podendo à medida que a sua fé crescia, porque finalmente entendia, acompanhar a Ciência, sem que, de algum modo, a sua fé e esta última se contradissessem.

O Homem crescerá espiritualmente e encontrará Deus no Universo e descobrirá que os milagres são o resultado do desconhecimento sobre os fenómenos da Natureza e que um dia toda a Verdade lhe será revelada, pois assim como não alimentamos na Terra uma criança recém-nascida da mesma forma que o fazemos com um adulto, assim acontecerá ao Homem.

Esse dia chegará, quando o Homem passar da adolescência para a fase adulta e então ele O verá e O amará com todo o seu coração e com toda a sua inteligência.

Tende fé e paciência e podereis todos vós que lutais por um Mundo melhor, pleno de Paz e prosperidade entre todos e podereis ser presentes nesse novo amanhecer da Humanidade.

7 de Julho de 2008
Mensagem psicografada
Grupo "Amigo Amén"

sábado, 11 de abril de 2009

Visão espírita da Páscoa

Encontramo-nos, mais uma vez, na época da Páscoa. Páscoa é uma palavra hebraica que significa "libertação". Com o êxodo, a Páscoa hebraica significa a lembrança perene da libertação do povo hebreu da escravidão do Egipto, por Moisés.
Como cristãos, somos levados ao longínquo passado ao recordar a passagem de Jesus pela terra, a sua mensagem de perdão aos inimigos e de amor à humanidade inteira. Esta época tem para os espíritas um significado muito especial, pois lembra-nos que Jesus, vencendo a morte, nos transmitiu um ensinamento fundamental: o de que a vida continua para além do corpo físico, pois ele fez questão de aparecer aos apóstolos e a Maria de Magdala, após o sepultamento.

Mas, aqui reside uma diferença substancial entre as religiões cristãs e o espiritismo – a crença na ressurreição de Jesus.

Para nós, espíritas, Jesus ressurgiu no seu corpo perispirítico ou espiritual e não com o corpo físico, esse já em decomposição, com danos irreversíveis no cérebro ao fim de pouco tempo, de acordo com a ciência.

As Igrejas cristãs continuam defendendo a ideia de que o Cristo “subiu aos Céus” em corpo e alma, e de que o mesmo sucederá a todos os “eleitos” no chamado “juízo final”.

A doutrina espírita, defensora da lógica e do bom-senso refuta essa teoria, pela impossibilidade física de seres que já faleceram ao longo dos séculos terem os respectivos corpos reconstituídos nas suas estruturas orgânicas no dia do juízo final. Poder-se-ia argumentar que a Deus nada é impossível, mas porque iria Ele derrogar as suas próprias leis naturais, recorrendo a milagres?! Para mostrar o Seu poder aos homens? Mas Deus apenas é. Nada precisa de provar.

Simultaneamente, tal ideia é contra qualquer noção de justiça e de moral, pois mais justa será sempre a concessão ao homem duma nova oportunidade de renascimento, tantas vezes quantas as necessárias, de modo a que este tenha a possibilidade de corrigir os erros cometidos e de evoluir no aprendizado intelecto-moral, de modo a alcançar novos patamares de crescimento, rumo à perfeição.


É pela lei dos renascimentos, que o homem se aproxima de Deus: ao “nascer de novo”, criam-se as condições de igualdade de oportunidades para todos os espíritos e cumprem-se as palavras de Jesus: “em verdade vos digo que ninguém verá a luz dos céus, se não nascer de novo”.

Outro aspecto que desde sempre nos foi transmitido pela religião judaico-cristã tradicional é a noção da “culpa”. Jesus sofreu o processo da crucifixação para nos “salvar” dos nossos “pecados”, cometidos desde Adão e Eva. E aqui em Portugal aí está a procissão do Senhor dos Passos, realizada na Sexta-Feira Santa, simulacro que nos assusta desde tenra idade, do “enterro” de Jesus, realizada à noite, com todo o aparato e negrume necessários à manutenção da nossa “culpa”.

Para os espíritas, que não possuem rituais, nem proibições de comidas ou de trabalho, a Páscoa é a época de lembrar mais uma vez a necessidade da “libertação do homem velho”, no dizer de Celso Martins para que, reflectindo no exemplo de Jesus, possa nascer o “Homem Novo”.

Em vez de nos agarrarmos às exterioridades das celebrações pascais, aproveitemos esta época para tentarmos mudar alguns dos nossos hábitos, ser menos egoístas, mais caridosos e amigos com todos os que nos rodeiam. Essa a verdadeira mensagem que Jesus nos deixou e a certeza de que estará sempre ao nosso lado cuidando do nosso orbe e de cada um de nós, auxiliando-nos no reerguimento, após cada uma de nossas quedas.

Comemore, então, meu amigo, uma “outra” Páscoa. Não a do chocolate ou a do sofrimento, mas a sua Páscoa, a da sua “libertação”, reflectindo na sua transformação interior, a Páscoa da valorização da própria vida na certeza da imortalidade.

Boa Páscoa

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Pecado


Decidi recuperar uma resposta que elaborei a uma questão colocada por um dos leitores, sobre o tema dos "7 pecados" listados aqui, por considerar ser este assunto do interesse de muitas pessoas que se interrogam e auto-questionam as escolhas e opções que tomam e que as definem e individualizam como seres humanos.


A noção de pecado não existe na Doutrina Espírita, pois Deus é amor e o erro cometido é sempre passível de ser corrigido pelo aprendizado do Homem, nesta ou em outra vida, estando todos nós destinados a evoluir, cada um ao seu próprio ritmo, seja pelo bem que fizermos, seja através do sofrimento, dentro das Leis de Causa e Efeito. Tão pouco consta da Bíblia.


Aliás, os conceitos inseridos no que hoje se denomina pelos sete pecados capitais datam de uma época muito anterior ao cristianismo. Onde os Gregos viam problemas de saúde no Homem, o catolicismo passou a ver “Pecados”, dividindo-os em 2 tipos: uns menos graves e perdoáveis pelo acto da confissão, outros “capitais”.


Os gregos, p.ex., viam a melancolia ou tristetia como um problema de saúde do ser humano e o catolicismo decidiu transformá-la em pecado, de forma a controlar e tentar "educar” os seus seguidores. Nem na Bíblia se encontram estes conceitos. Eles provêm dos pensadores da Igreja Católica.


Evagrius (teólogo e monge grego) elaborou uma lista de 8 pecados por ordem crescente de importância: gula, avareza, luxúria, ira, melancolia, acedia (preguiça espiritual), vaidade e orgulho.


No séc. VI o Papa Gregório reduziu-os a sete juntando "vaidade" e "soberba" ao "orgulho" e trocando "acedia" por "melancolia" e adicionando "inveja". E ordenando-os por ordem decrescente de gravidade.


Mais tarde, outros teólogos, entre eles, Tomás de Aquino analisaram novamente a gravidade dos pecados e para este a soberba era tão grave que merecia tratamento especial.


No séc. XVII, a igreja substituiu "melancolia" – considerado um pecado demasiado vago por "preguiça".


Aquino tratava em separado a questão da vaidade, como sendo também um pecado, mas a Igreja Católica decidiu unir a vaidade à soberba, acreditando que neles havia um mesmo componente de egocentrismo.


Recentemente, Bento XVI denunciou a “queda do sentimento de pecado no mundo secularizado”, agravada com a redução no número de católicos que praticam a confissão e o responsável pelo Tribunal da Penitenciária Apostólica, monsenhor Gianfranco Girotti em entrevista ao jornal do Vaticano, L' Osservatore Romano, decidiu salientar a gravidade de novos pecados no mundo actual:
  • Fazer modificação genética

  • Poluir o meio ambiente

  • Causar injustiça social

  • Causar pobreza

  • Tornar-se extremamente rico

  • Usar drogas

Se a lista dos 7 pecados será ou não aumentada é uma dúvida que fica, pois Capital vem do latim "caput", que quer dizer "cabeça". São pecados "cabeças", isto é, que geram muitos outros.


Segundo a Igreja Católica, podemos ver, por exemplo, como filhos da soberba: o orgulho, a vaidade, a arrogância, a prepotência, a auto-suficiência, a jactância, entre outros. Podemos ver como filhos da ganância: a exploração da pessoa humana, a destruição do meio ambiente como fonte de enriquecimento, as brigas pelos bens materiais, entre outros.

Saiba mais sobre a visão espírita da noção de "pecado", lendo os posts que este tema suscitou nos blogs:

http://blog-espiritismo.blogspot.com/2009/03/do-egoismo.html

http://blog-espiritismo.blogspot.com/2009/03/o-pecado-morava-ao-lado.html

http://observadorespirita.blogspot.com/2009/03/o-blog-ideia-espirita-lancou-um-desafio.html

http://espiritananet.blogspot.com/2009/03/pecados.html