terça-feira, 16 de junho de 2009

Convite às ‘Baianas’

Já lá vão 22 ou 23 anos.

Um casal amigo – boa gente – convidou-me para ir ao centro de umbanda ao qual pertenciam e onde desenvolviam suas actividades. Tratava-se de um centro espiritualizado e, no essencial, as actividades realizadas eram de natureza caritativa.

Como sabemos, a divisa do Espiritismo é “Fora da Caridade não há salvação”, o que significa que, independentemente da crença de cada um, o que importa é o exercício activo da caridade, do auxílio ao próximo, sem outras intenções. Este centro de umbanda regia-se por este princípio. Claro que havia sempre aquelas pessoas que recorriam a este centro com objectivos de natureza material e, inclusivamente, procurando fazer negócio. Recordo-me, por exemplo, de uma senhora que era vendedora no mercado de Faro que ia colocar perguntas aos guias para depois cobrar dinheiro pelas respostas que ela ia dando às suas clientes no mercado. Esta senhora acabou tendo uma forte lição, que contarei noutra altura.

Voltemos ao assunto das baianas.

Quando este grupo de entidades se manifestava no terreiro de umbanda dançavam e espalhavam a alegria. Animavam os presentes e incutiam-lhes bom ânimo.
Foi no final de uma reunião no terreiro que eu falei com uma destas entidades que se manifestava através de uma médium.

Convidei-a a ir a minha casa, a visitar-me. Ela respondeu-me dizendo que ali quem convidava eram elas. Mas eu respondi que desta vez era eu que as convidava com muito prazer...

Terminou a reunião no terreiro de umbanda, cerca da meia-noite, e eu, que à época vivia só com a minha mãe, em vez de me dirigir directamente para casa, resolvi passar ainda por uma localidade próxima onde, provavelmente, encontraria uns amigos.

Cheguei a casa cerca das duas da manhã daquele sábado. Abri a porta.
Minha mãe estava ainda acordada, embora com as luzes apagadas e diz-me de imediato:

- Ai Mário! Ainda bem que chegaste!!!.
- Então o que é que sucedeu, mãe?
- Olha, isto aqui tem sido um inferno! Só estalos! Só estalos!
- Mas que estalos?! Não oiço nada.
- Pararam assim que tu chegaste!
- Olhe, mãe: não se preocupe. Durma e descanse, que eu também me vou deitar.

É claro que a minha mãe não sabia que eu tinha estado no centro de umbanda e que tinha feito aquele convite às baianas. Mas confesso que elas abusaram e acabaram assustando a senhora.

Claro que nunca mais convidei as baianas a irem a minha casa, até porque prezava muito a saúde de minha mãe, pois sofria do coração.

Nunca, durante a sua vida, lhe contei a razão dos ruídos que ela ouviu naquela noite.

Hoje, minha mãe, que já se encontra no mundo espiritual, deve rir-se da minha leviandade de então.

16 de Junho de 2009

Mário

1 comentário:

  1. Joana,
    Adorei seu blog, faça-me uma visita ao meu blog:
    www.joanadarc.blogspot.com

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