domingo, 31 de agosto de 2008

O Caso Esmeralda na espiritualidade

Em Portugal, um caso muito mediatizado tem movimentado paixões. É conhecido por ‘Caso Esmeralda’. Trata-se de uma menina, filha biológica de uma cidadã brasileira e de um português. Este recusou de início a paternidade à criança, e esta foi dada, pela mãe biológica, para adopção a um casal que a tem criado praticamente desde a nascença. Mais tarde, recorrendo a testes de ADN, descobre-se que afinal o pai biológico da menina é aquele que havia inicialmente negado a paternidade. A partir desse momento este começa a reivindicar junto dos tribunais a guarda da criança. O processo arrasta-se desde há vários anos. A guarda da menina continua com os pais afectivos por decisão do tribunal, a conselho dos técnicos médicos (psicólogos e psiquiatras de crianças) que têm acompanhado a situação.
Na noite de 16 para 17 de Janeiro de 2007 manifestou-se, em nossa reunião mediúnica, uma entidade espiritual envolvida no caso. Registámos o seguinte diálogo entre esta entidade e o doutrinador:

Espírito: ...Mas eu preciso de ajuda!
Doutrinador: Então porquê? Conta-nos lá. O que é que se passa contigo para precisares de ajuda?
Espírito: Preciso de ajuda.
Doutrinador: Mas porquê?
Espírito: Porque é preciso mudar. É preciso mudar as mentes, que estão ainda muito agarradas.
Doutrinador: Que estão agarradas a velhos hábitos, não é verdade?
Espírito: E preconceitos. Coisas que já não fazem sentido. E que dificultam os programas, que são programas sérios, vistos do Alto com outra panorâmica... mais a longo prazo. E que enterram, quando reencarnamos.
Doutrinador: E que programas são esses? Podes dar-me um exemplo?
Espírito: Cada um de nós tem um programa antes de nascer. Quando nasce já o programa está todo estabelecido. Nascer é a parte final do processo. Todos temos um programa. Que dá muito trabalho, muito trabalho, aqui neste local onde se vive.
Doutrinador: E tu tens um programa?
Espírito: Eu tenho. Tenho tido, tenho tido. Agora não estou reencarnada. Mas estou a lutar para que esse programa seja executado.
Doutrinador: E estás a falar do programa de quem?
Espírito: Ora...
Doutrinador: De alguém em particular?
Espírito: De uma menina, que anda aí nas bocas do mundo. E que tem a obrigação de ficar com os pais com quem veio trabalhar... e aprender. E querem tirá-la. E isso é outro percurso de vida, que não tem nada a ver com o que foi estabelecido. Porque ela tem que passar por várias provas e por vários aprendizados naquele lar, com aqueles pais que já foram pais muitas vezes, noutras encarnações e as pessoas não sabem destas coisas. Também não podemos andar a dizer. Ninguém nos ouve. Eu também, quando estava reencarnada, não ouvia. Isso eram almas do outro mundo. Somos muito ignorantes... das leis da vida.
Doutrinador: E tu és familiar da menina?
Espírito: Sou familiar de há muitas eras. Nem te vou aqui contar os laços. Eram muitas histórias que não interessam para o caso. Agora eu tenho é que socorrer-me de pessoas que estão encarnadas, que são sensíveis para o problema, que têm uma perspectiva correcta da existência... Não só da existência terrena, não, que essa é limitada. Dura pouco tempo. Mal temos tempo para cumprir metade de um programa que trazemos do lado de cá, que nos dá tanto trabalho a preparar... A maior parte do tempo nem cumprimos metade... Se cumprimos metade já é muito bom... Mas que têm uma ideia correcta da vida, dos dois lados da vida. De que esta vida, que nós percorremos como almas é uma vida muito longa, com muitos conhecimentos, com muitas ignorâncias... Quanto mais conhecemos mais descobrimos que não conhecemos nada. Deste lado, daqui, também somos muito primitivos ainda, muito pequeninos. Nem conseguimos ver... ampliar a nossa visão... Ela vai-se ampliando à medida que damos um passinho e mais um passinho e mais um passinho... Descobrimos maravilhas, mas são passinhos curtinhos, curtinhos, curtinhos... Mas já me estou a afastar. O que importa é que esta menina não seja desviada do seu percurso que foi planeado do lado de cá. Temos esperanças. Estamos todos com muita esperança. Mas a luta ainda dura. Ainda vai durar. Porque quando se esquecerem... quando se esquecerem que esta menina existe... aí está o problema.
Doutrinador: Mas, certamente, as pessoas não vão esquecer, porque isto está a marcar muito...
Espírito: Ai, a memória é curta. Fala-se, fala-se e depois mais ninguém quer saber... E depois pega-se noutro assunto...
Doutrinador: Neste momento já existe uma grande movimentação do lado de cá...
Espírito: Sinal de que a sociedade está a mudar. Mas também deu muito trabalho para alertar as pessoas certas. Foram precisos milhares de trabalhadores.
Doutrinador: Mas as pessoas certas estão a ser alertadas e tenho a certeza de que os milhares de trabalhadores vão conseguir.
Espírito: Mas porque é que ela quer que eu me vá embora? Só quero fazer mais e mais...
( referindo-se a outro espírito acompanhante)
Doutrinador: Com certeza. Mas há outros locais em que poderás fazer, lutar, decerto com orientação superior.
Espírito: Sim. Também me dizem isso aqui. Eu é que sou muito apaixonada. E sempre gostei de fazer as coisas e de lutar por aquilo em que acredito. Ela é igual a mim. É por isso que a gente se dá bem. E agora quer que me vá embora.
Doutrinador: Bem, a questão não é essa. Não quer que te vás embora à força. É que, como estão aqui mensageiros de Jesus, como já deves ter visto, ela quer que continueis a trabalhar para o bem da menina.
Espírito: Mas eu estou a trabalhar para o bem.
Doutrinador: Neste momento estás a ver aqui mensageiros de Jesus, não é verdade? Outros amigos espirituais...
Espírito: Estou... Estou... Eu não os oiço. Eles bem falam comigo. Para eu ser menos apaixonada. Para dar tempo ao tempo, porque as coisas estão a ser encaminhadas. E estamos todos a trabalhar. Eu é que tenho que ter muita calma e paciência. Às vezes não tenho.
Doutrinador: É o que os amigos da espiritualidade te estão a dizer.
Espírito: É. Estão-se a rir. Eles riem-se sempre de mim.
Doutrinador: Aliás a lição foi sobre a fé, não é verdade?
Espírito: E eu tenho muita fé. Mas também tenho fé em mim. E quero agir... Mas tenho que ser um bocadinho menos apaixonada.
Doutrinador: Menos apaixonada...
Espírito: Já sei. Porque os terrenos têm outras coisas para fazer... também é verdade. Isso é verdade.
Doutrinador: Como tal será agora talvez a altura de, com menos paixão, trabalhar noutros locais, não é verdade?
Espírito: Pois... pois... pois...
Doutrinador: Porque há muito que fazer. Muito que fazer...
Espírito: Ah, isso há. Não temos mãos a medir.
Doutrinador: Os amigos que sorriem, certamente têm razões para sorrir dessa paixão que a nossa irmã apresenta. Porque este é um assunto que, de facto, gera paixões e que está a apaixonar o país inteiro.
Espírito: Imagina só a mim, que estou envolvida no programa. Directamente envolvida e interessada. Que venho lutando, à minha maneira e com as minhas limitações, para que este plano divino possa ser concretizado. Não te falo em anos, porque vocês aí não sabem o que é isso. Os anos, para nós não têm termo de comparação.
Doutrinador: E, certamente, irá ser concretizado. Por isso, a lição da fé que transporta montanhas. Não é verdade?
Espírito: Os amigos estão aqui a dizer que não me esqueça de que isto também estava previsto. E que ela trouxe uma missão, que foi a missão de alertar consciências.
Doutrinador: Ora bem. E está, de facto, a cumprir essa missão, não é verdade?
Espírito: É. Mas coitadinha dela.
Doutrinador: Ela, sem o saber, ainda na sua criancice, está a alertar consciências para transformações muito importantes. Já o Mestre dizia há dois mil anos ‘quem são minha mãe e meus irmãos?’, não é verdade?
Espírito: Ainda ninguém compreendeu. Nem compreende. Acham incongruente que Jesus, um pilar do Amor, tenha proferido tais palavras incompreensíveis, de facto, na época. E até abafadas por quem lhe viu seguir os passos. Mas elas são claras, apelando ao Amor Universal, apelando à afinidade espiritual na nossa caminhada para Deus, que é o nosso Criador.
Doutrinador: É isso mesmo, querida amiga. Mas nós ainda somos muito pequeninos e, por vezes, demasiado apaixonados. Deixamo-nos levar pelas nossas emoções. Deixamo-nos envolver demasiado. É preciso a razão também estar presente. E o bom senso.
Espírito: Mas há cabeças duras onde não entra a razão e muito menos o bom senso.
Doutrinador: Acabarão por entrar a razão e o bom senso, não é verdade, querida amiga?
Espírito: É. Tudo leva o seu tempo.
Doutrinador: Tudo leva o seu tempo.
Espírito: Confiemos em Deus.
Doutrinador: Confiemos em Deus. Olha, tivemos muito gosto em ouvir-te, em ouvir as tuas preocupações e desejamos: nós deste lado e tu desse, que tudo se resolva conforme os planos divinos. E temos a certeza de que assim será. Desejamos que vás em paz, tranquila, serena. Leva da nossa parte um grande abraço fraterno e que Deus te acompanhe e nos acompanhe a nós todos. É esse o nosso desejo. Adeus, querida amiga.
Espírito: Muito obrigada por me terem ouvido.
Doutrinador: Que Deus te proteja.
Espírito: Que Deus vos proteja também.
Doutrinador: Obrigado, querida amiga.

Passados alguns momentos manifestou-se o Espírito orientador dos trabalhos.
Espírito Orientador: Podeis terminar os vossos trabalhos, registando em vossas memórias a fé que transporta montanhas. Devemos todos aprender com o exemplo que surge em nossas vidas para que nossas atitudes se modifiquem, para que não nos resignemos e aceitemos a iniquidade, o desprezo pela vida humana e até o olvido das palavras de Deus.
Foi deixado para todo o sempre o recado mais belo à Humanidade: “Amai-vos uns aos outros”. Quando colocais em prática esse lema estais a seguir as palavras de Deus, estais a cumprir os seus ensinamentos. É por isso que a fé move montanhas. E cada vez que o Homem tem fé, o nosso mundo avança no caminho do bem, no caminho da protecção dos mais pobres, dos mais indefesos, dos mais resignados à sua sorte. Amai, meus filhos, amai sempre, como Jesus nos ensinou. Que a paz seja convosco.

O doutrinador agradece a Deus e a Jesus e termina com uma oração a reunião.

Manuel
Núcleo Espírita ‘Amigo Amen’

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Luiz Sérgio III

(continuação): O “Santo Luiz Sérgio”

Aproximou-se da senhora e ela disse:

- Ah! Meu querido. Você chegou! Sabe que tem alguém aqui querendo tomar o seu lugar? Senti vontade de não dar mais nada para você, de guardar o seu retrato, e até acabar com esse lugar de adoração.

O irmão que chegara esbaldava-se de rir. Sempre procurara fazer a irmã pedir mais e mais e, notem, às vezes, ela era atendida.

Tive pena daquele irmão. Não era um espírito ruim, mas gostava, sim, de brincar. Não conhecia a evangelização.
Ocay prendeu-o em uma faixa vibratória e ele parou, preocupado.

- Aqui tem coisa! Não estou compreendendo. Também, essa maluca vem chamando tudo que é espírito. Vai ver que alguém entrou aqui.

E procurava... procurava...

Já é do conhecimento de todos que conforme o estado vibratório do espírito ele não nos pode enxergar quando estamos em trabalho.
Continuava Ocay a ajudá-lo. Logo depois pelos nossos guardas, trabalhadores da Seara do Mestre, foi levado carinhosamente para uma agremiação espírita, um pouco assustado e curioso, pois sentia-se como se levado pelos ventos.

- Breve ele será um dos nossos, Sérgio, disse Ocay. É bom rapaz, só que um espírito sem rumo.
"Ora essa", pensei, "como pode um espírito viver sem rumo?” Peguei o meu caderno de perguntas e assinalei mais esta.


Moral da história:


1º - Não idolatremos ninguém: nem encarnados, nem desencarnados (ver histórias anteriores). O nosso Mestre é Jesus. Nós somos irmãos menores. Crianças espirituais ainda.

2º - Solicitar da espiritualidade auxílio para a resolução e/ou descoberta de questões materiais ou futilidades significa arriscarmo-nos a nos tornarmos presa de espíritos obsessores e mistificadores.
Mário

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Luiz Sérgio II

(continuação-1): O “Santo Luiz Sérgio”


[...] Não havia ninguém na sala. Fomos ao quarto. Divisei, de imediato, uma fotografia minha recortada do livro "O Mundo Que eu Encontrei", com flores e velas.
A jovem senhora estava orando. Pedia para todos, pois junto ao meu retrato haviam outros de espíritos de grande hierarquia, sendo eu um dos menores. Coloquei a mão na testa e disse para mim mesmo:

"O que vou fazer aqui? Sai dessa, Luiz Sérgio!"
Voltei-me para a porta e vi os dois orientais fazendo guarda. O Ocay orava e ondulações vibratórias inundavam todo o ambiente. Acerquei-me da irmã que tanto me queria e percebi que o seu desejo era a compra de um imóvel. Orava pedindo a todos e a mim com mais devoção. Fiz uma prece. Ela sentiu um arrepio e disse:

-Virgem Maria! Hoje a vibração está pesada; parece que alguém quer se passar por Luiz Sérgio. Pensa que me engana. Como já conheço este garoto... ele adora este recanto. Fica comigo e me ajuda em tudo o que desejo.

Olhou as outras estampas e sorrindo como se conversasse com elas, falou:

- Eu amo a todos, mas ele é mais meu amigo.

Tive muita pena daquela irmã. Lembrei-me da minha ficha de trabalho e li:
"Fazer a irmã encontrar o caminho de Jesus para aproximá-la do Pai".

Não posso descrever o que mais havia naquele quarto. Afaguei os seus cabelos, e que me perdoe Ocay, ela se arrepiou toda. Orava pedindo por ela. Sentei-me no chão fitando aquela criatura pedindo para o meu espírito ajudá-la e me senti muito estranho. Será que eu podia ajudá-la? Pensei:
"Eu posso, sim. Por que não o fazer?"

- Vamos olhar depois no nosso "tanngee" o que vai acontecer se nós dermos o que ela deseja, observou Ocay.

Estava ficando nervoso. Fiz uma oração que aprendi quando desencarnei. Uma amiga que me ajudou muito me ensinou:

"Jesus, aqui estou, com esperança de evoluir para chegar ao Pai.
Ajuda-me, Senhor, meu amigo, a ter coragem para deixar e esquecer as coisas da Terra, encontrar na espiritualidade o meu novo lar e dentro dele lutar para a paz em todos os lares.
Assim seja. "

Pedi a Ocay para passar o dia com ela, pois que o tinha livre para aquele serviço. Ele respondeu:

- Luiz Sérgio, não tenha pressa. Muitas vezes viremos aqui.

Este é um trabalho demorado. O semeador escolhe a semente, procura boa terra, trata-a limpando-a, adubando-a e, em época certa, faz o plantio. Depois, com calma, espera germinar e dar sinal de vida. Assim faz o bom semeador.

- Meu jovem amigo, os irmãos da guarda vão deixar alguém entrar. Vamos orar.

Alguns minutos depois, vimos entrar um espírito alegre, mas cheio de pontos escuros.
(Continua)
Mário

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Luiz Sérgio


5ª história : O “Santo Luiz Sérgio”



Não se passou directamente connosco.


Luiz Sérgio era estudante de engenharia electrónica na Universidade Nacional de Brasília, tinha 23 anos, quando, em acidente de automóvel, desencarnou. Isto passou-se em 1973. Mais exactamente no dia 12 de Fevereiro.


Passados cerca de 3 anos o espírito de Luís Sérgio começa a comunicar-se psicograficamente através da médium Alayde de Assunção e Silva, sua prima em segundo grau e espírita militante em São Bernardo do Campo.


Suas mensagens dirigiam-se, primeiramente aos seus pais. Mas depois verificou-se que o conteúdo era tão rico que essas mesmas mensagens acabaram por ser agrupadas em livro que foi publicado com o título “O mundo que eu encontrei”. Neste livro vem, logo a seguir ao prefácio feito pelos pais, uma fotografia de Luiz Sérgio.

Muitas mais mensagens e muitas mais informações sobre as realidades espirituais foram transmitidas por este espírito e coligidas em livros. Pessoalmente, ao todo possuo dez. Todos muito interessantes, com grande soma de informações sobre o mundo espiritual e relações com o mundo físico.

Serve isto para dizer que me chamou particularmente a atenção um capítulo do 4º livro deste conjunto, intitulado “Na esperança de uma nova vida”. Eu designo este conjunto de livros por “colecção Luís Sérgio”, à semelhança dos 16 livros da “colecção André Luiz”.

O capítulo a que me refiro é o 18º e tem o título ‘Equívocos alimentados pela idolatria’

Conta-nos Luiz Sérgio que, ao olhar para a sua ficha de serviço pôde ler:


Ir à Terra dar apoio moral a uma senhora que chama por você. Fazê-la encontrar Jesus, o único caminho, fazendo-a sentir que os espíritos não são divindades. Não deixar os encarnados tratá-lo como santo”.

O que se passava, então?
Passo a palavra a Luiz Sérgio:

(Continua)

Mário

domingo, 17 de agosto de 2008

Mediunidade ao Serviço II


Tal como dissemos no post anterior, a reunião para auxílio aos desencarnados, que efectuamos uma vez por semana, realizou-se nessa mesma noite (15/02/06), como previsto.


Como também foi referido, os trabalhadores presentes na reunião da tarde, ficaram surpreendidos (embora nada comentassem) com a abertura do Evangelho, na mesma lição; a reunião iniciou-se com a Leitura do capítulo XIX: “A Fé que Transporta Montanhas

Ponto 8. “A Parábola Da Figueira Seca


Durante os trabalhos a médium incorpora um irmão em grande sofrimento que apenas geme. O doutrinador ora.

A médium é conduzida a uma espécie de grande hospital sem os artefactos habituais dos hospitais do plano físico, onde lhe são mostrados corpos deitados em filas intermináveis, cheios de feridas, uns gemendo, outros sem forças para tal. As feridas estão imprimidas profundamente nos corpos peri-espirituais.
A cor vermelha das feridas é descrita pela médium como "impressionante" e os trabalhadores são muito poucos, relativamente aos feridos.

No final dos trabalhos, manifesta-se o orientador espiritual da reunião:



"Que a paz do Mestre esteja sempre no meio de nós, dando-nos energias, aumentando nossa fé, nosso fervor pelo trabalho, pela convocação de todos os que nos rodeiam, de todos os homens de boa vontade para a mudança que se aproxima cada vez mais, pois todos estamos a ser convocados, meus irmãos, meus amigos. Todos somos poucos nestas horas de sofrimento em que acabais de ver apenas um exemplo do grande Terror que envolve alguns destes pobres irmãos que aqui se encontram, que cada vez mais aportam a estas estâncias de primeiros socorros fraternos e desinteressados, mas em que todos os trabalhadores são necessários e se tornam cada vez menos, pois o trabalho acresce.


Vede os benefícios imensos que este nosso irmão acaba de receber por uma aproximação muito pequenina, muito curta, pois mais ele não aguentaria, nem a médium suportaria os fluidos pesados, tresloucados, que envolvem todo o corpo fluídico de nosso querido irmão.


Vede que até para o podermos parar, um pouco na sua loucura, foi necessário proceder a uma desincorporação, permitindo que apenas parcialmente pudesse receber e beneficiar desses fluidos. Mesmo assim, ele foi muito beneficiado.


Todos os irmãos encarnados que se ofereceram estão cada vez mais envolvidos, independentemente de religiões, de raças, de credos, de convicções; todos os homens de boa vontade são necessários, cada um na sua área, cada um com os seus talentos, cada um cumprindo dentro do que foi programado, e dentro do seu livre-arbítrio.


Convocamos todos à Consciência…consciência dos tempos em que vivemos em que o choque é inevitável e em que as forças do Bem terão de triunfar não em PASSIVIDADE, não em CONFORTO, não no INDIVIDUALISMO, porque todos esses valores em que as sociedades foram vivendo serão alterados.


Todos serão convocados à defesa do COLECTIVISMO, à defesa do PRÓXIMO, à defesa do PLANETA, à defesa do Mundo que pretendem para viver e para continuar a usufruir da oportunidade bendita da reencarnação.


Não há luta entre bons e maus; não é disso que se trata. Não estamos a pôr-nos em qualquer lugar superior a qualquer um dos irmãos. Estamos apenas a escolher o lado que pretendemos defender. O Caminho apontado por Jesus há 2000 anos. Esse é o Caminho.


Todos somos imperfeitos. Mas PORQUE O SOMOS…não porque somos superiores, mas PORQUE O SOMOS, cheios de imperfeições… imperfeições milenares, tão difíceis de arrancar do nosso íntimo, que tanto sofrimento nos tem causado; tanta desilusão quando aportamos a este lado da vida.
É por isso, meus irmãos, meus amigos, que temos de escolher e aquilo que nos interessa é a luta pelo bem, pois que de luta se trata. Não podemos ficar indiferentes, não podemos manter-nos em nossos lares, defendendo nossos filhos, obrigação de qualquer pai que se preze. Mas não vai chegar.


TEMOS QUE NOS COMPROMETER. TEMOS QUE abrir as portas ao AMOR ao próximo como Jesus nos ensinou.


Convocamo-vos ainda meus amigos, meus irmãos, ao trabalho apenas uma hora de vosso repouso no corpo físico. A vida mundana, os prazeres devemos usufruí-los enquanto acordados, pois para isso também reencarnamos. Pedimos apenas a vossa colaboração…de TODOS, em todos os lugares e não digais nada sem fazer. Que préstimo tem? Que conhecimentos tem? …TODOS os vossos talentos, as vossas qualidades serão bem empregues e terão utilidade neste auxílio de que tanto necessitamos. E se nada tiverdes, dai-nos vosso coração. Isso nos bastará.


Daí que este exemplo, este pequeno exemplo vos tenha sido hoje mostrado. Podeis ver todos os benefícios que aqui foram realizados em prol dum irmão, impossível de auxiliar doutra forma qualquer. A ajuda divina vem, é verdade, mas a evolução não é menos verdadeira e só estamos prontos para receber essa ajuda quando a podemos integrar em nossos seres, quer sejam físicos quer espirituais, com mais acuidade ainda, pois é deste lado que despertamos para a realidade da vida.


Quantos anos (e aqui não medimos o tempo por anos como na Terra) ... mas imaginai quantos anos seriam necessários para podermos prestar qualquer auxílio a este nosso amigo. Bastou um simples gesto de boa vontade para que esse auxílio chegasse atempadamente.


Muitos mais serão precisos… mas eles chegarão com a vossa ajuda, com a vossa boa-vontade, com a vossa entrega anónima, pois não queremos que Ninguém fique acima de Ninguém.


Não tenhais medo. Não distinguiremos ninguém pelos valores que são considerados na terra. Não há aqui engenheiros, não há aqui criados, não há pedreiros, não há aqui pretos nem brancos nem amarelos…


AQUI meus amigos …HÁ CORAÇÕES. HÁ o AMOR que SOMOS CAPAZES de entregar SEM NADA PEDIR EM TROCA. A única distinção entre vós será sempre essa: a vossa capacidade de dádiva, esquecendo os vossos interesses, as vossas necessidades; esquecendo-se até de vós mesmos para socorrer um irmão que nunca vistes, mas que é sempre nosso irmão como Jesus nos ensinou.

Lembrai-vos que COLHEREIS AQUILO QUE SEMEARDES. E CHEGOU A ALTURA da sementeira.


Que a PAZ fique convosco meus irmãos e que todos possamos dedicar uns minutos orando por todos, mas orando pela paz no planeta, pelo equilíbrio, pela harmonia que virá certamente, que sempre vem, após o desequilíbrio e a instabilidade."

O doutrinador agradece e preocupa-se com os fanatismos, os ódios, com o futuro...


Resposta do Espírito: "Pobres irmãos!...Não cultivemos esses pensamentos…devemos apiedar-nos deles. Nada mais nos pode enredar.


Estão a chegar aos milhares de todos os pontos do planeta. Estão a vir ao de cima as forças mais enérgicas deste planeta para que possam ser expulsas e para que o planeta se eleve. Daí que elas brotem como um vulcão que tem de entrar em erupção para que a paisagem à sua volta se altere. Doutra forma dificilmente isso acontecerá.


Devemos cultivar pensamentos optimistas, orando por esse equilíbrio que chegará, que se restabelecerá, mas cuja paisagem não será a mesma. Será certamente melhor, mais aproximada da que todos ambicionamos."


Todos saímos a meditar no teor das lições, das comunicações espirituais e no tipo de trabalhos que nos têm sido propostos nos últimos tempos...


Manuel

Grupo "Amigo Amén"

Santa Maria


sábado, 16 de agosto de 2008

A mediunidade ao serviço



Viviam-se tempos bastante conturbados no ano de 2006, com a Guerra do Iraque no seu apogeu, com uma grande quantidade diária de mortos (estima-se que nestes cinco anos tenham morrido um milhão de pessoas desde o início do conflito, há 5 anos, embora se fale em 100 mil mortos confirmados) e que ainda continua a dizimar centenas de pessoas.

A azáfama era grande no mundo espiritual, por parte dos voluntários que acorriam em auxílio dos milhares de desencarnados que aportavam ao outro lado da vida, ainda sem perceber o que lhes tinha acontecido e enlouquecidos de dor e de ódio, pelas lutas sangrentas desencadeadas.
Nos centros espíritas solicitava-se há muito ajuda no trabalho e socorro aos aflitos, através da oração pela paz e do oferecimento para as manifestações possíveis daqueles que se encontravam em condições de ser auxiliados dessa forma. Muitos eram os sofredores que chegavam às reuniões, tresloucados e cujo benefício recebido passava “apenas” por breves segundos de incorporação no médium, devido aos fluidos pesados que transportavam.

Os orientadores espirituais incentivavam todos os participantes à melhoria dos pensamentos que cultivavam e alertavam para a necessária mudança vibratória do planeta, que a cada um responsabilizava.

Como muitos sabem, a aproximação do desencarnado ao médium inicia-se, por vezes, horas antes da reunião começar para facilitar a afinidade fluídica entre ambos e viabilizar, desse modo, o auxílio pretendido na hora programada.
Assim, na tarde do dia 15 de Fevereiro, um dos elementos do grupo foi invadido por um grande mal-estar, a ponto de alguns elementos se terem reunido de emergência para realizar uma reunião, pelas 18,30 da tarde.
O que sucedera é que a dado momento duma conversação descontraída, a médium sentiu um impulso repentino de atirar a cabeça para trás, revirando os olhos, (o que controlou), sentiu perda total de forças para mexer os membros do corpo, (apesar de consciente) sentia que não dominava o corpo e a fala, verificando-se que, apesar do esforço, estava afónica e sem reacção, quase apática e desequilibrava-se facilmente.
A pouco e pouco, os movimentos foram-se recobrando, mas a rouquidão permaneceu até à 2ª oração da noite, em que, já terminados os trabalhos, se apresentou completamente límpida, deixando todos surpreendidos, por se julgar tratar dum sintoma físico.

Do Evangelho, aberto “ao acaso”, lemos a “Parábola da Figueira Seca”.

A lição incluída no CAPÍTULO XIX - A FÉ TRANSPORTA MONTANHAS – trata do poder que possui aquele que CONFIA e da função do médium que é colocar-se ao serviço, assumindo, porque compreende, o dever de auxílio ao próximo, sem pensar em si próprio e nos sacrifícios que envolvem essa responsabilidade acrescida.

A mensagem psicografada chegou no final da reunião dessa tarde, abordando precisamente o tema:


"Médiuns, divinos interpretes do Senhor quanto deveis à vida, quantas promessas haveis feito, quantos desejos de evolução essas mesmas promessas vos moveram, movem e moverão por todos os tempos que ainda vos falta cumprir na Terra.

Cultivai, meus amigos, cultivai vosso terreno fértil de dores e dores e padecimentos. Tantas provas expiadas, tanto trabalho em lavrar vosso espírito arando vossa alma, torturando-a e preparando-a assim para a sementeira futura.
Chegou a hora, meus amigos de lançar sementes duradoiras, persistentes fortificadas no sofrimento, nas muitas provas já ultrapassadas.

Não desperdiceis essa hora, a Terra está pronta, evitai as conversas fúteis, o tempo gasto em inutilidades, na satisfação dos desejos mundanos. Cultivai vosso terreno, pois ele se impregnou durante séculos da Fé no Criador, da Esperança na Vida Eterna e da Caridade com todos os sofredores vossos irmãos e da respectiva Caridade para com todos que é a expressão máxima do AMOR MAIOR. "
Irmão X

Mensagem psicografada: 15/02/06, 18h30min
O mais interessante é que na reunião semanal, marcada para essa mesma noite, saiu exactamente a mesma lição, sem que o dirigente dos trabalhos tivesse conhecimento do ocorrido durante a tarde. Também isso não faria qualquer diferença, pois esperamos SEMPRE que o orientador espiritual dos trabalhos seleccione o tema a tratar, conduzindo a abertura do “Evangelho Segundo o Espiritismo”.
Manuel
Grupo "Amigo Amen"
Santa Maria

No post seguinte colocaremos a mensagem recebida, após o comentário da mesma parábola.

domingo, 10 de agosto de 2008

O carrinho de amendoins salvador



4ª história



Há cerca de 30 anos aqui em Portugal era difícil adquirirmos literatura espírita. Eu mandava vir livros, jornais e revistas do Brasil, pois tinha meios de fazer o pagamento através de amigos que tinham familiares seus no Rio. Assim, recebi muitas centenas de livros pelo correio. O mesmo em relação às revistas e jornais. Hoje a coisa é completamente diferente. Basta irmos aos sítios adequados da Internet e fazermos o “download” do que pretendemos.


De entre as muitas histórias que lemos nesses jornais e revistas, lembramo-nos agora de uma que vem na linha das histórias que tenho vindo a contar:

Um grupo de companheiros de ideal frequentava regularmente um Centro Espírita brasileiro no qual trabalhavam. Perto da porta do Centro encontrava-se um senhor, humildemente vestido, que transportava um carrinho com amendoins, pipocas e guloseimas. Era o seu modo de vida, o seu ganha-pão. A sua pobreza e a sua humildade não lhe retiravam a alegria e o bom humor que sempre o caracterizavam.

Muitas foram as vezes que o convidaram a entrar no Centro. Invariavelmente ele sorria e respondia: “um dia...”.

Os trabalhadores do Centro acabaram por se habituar à sua presença e desistiram de o convidar para entrar.

O tempo foi passando e ele, já com certa idade, desencarnou.

Passados tempos manifestou-se no Centro um espírito com alegria e boa disposição. Um espírito que Kardec incluiria na categoria dos «espíritos felizes» (ver ‘O Céu e o Inferno’).

O dirigente da reunião mediúnica perguntou-lhe o nome e ele identificou-se como sendo aquele senhor do carrinho de amendoins.

E perguntou-lhe, seguidamente, qual o segredo para se conseguir ser tão feliz como ele no mundo espiritual. Ele respondeu: “Comprem um carrinho e vendam amendoins”.

Pelo humor demonstrado estes nossos companheiros concluíram que se tratava realmente do senhor que vendia amendoins.

Moral da história:

1 - Cada um de nós traz o seu programa. Este nosso amigo trazia, eventualmente, como programa a aquisição de humildade e resignação e cumpriu-o. O conselho que ele deu foi um conselho sábio: “comprem um carrinho e vendam amendoins”, ou seja, sejam humildes e resignados perante as adversidades que vos estão destinadas.

2 – Conhecer a doutrina Espírita e frequentar e trabalhar num Centro Espírita, por si só, não salvam ninguém. Conferem, isso sim, responsabilidade acrescida.
Mário

sábado, 9 de agosto de 2008

histórias verídicas II

3ª história – O "Santo" Padre Cruz

Passou-se há cerca de 7 anos

O caso ocorreu durante uma reunião mediúnica familiar em que participou o nosso amigo M.

Do grupo mediúnico faziam parte alguns outros companheiros dedicados, desejosos de concorrerem com o seu auxílio a entidades espirituais em sofrimento.

Nesta reunião foram encaminhadas algumas entidades e no final manifestou-se um amigo espiritual participante nos trabalhos.

Depois da intervenção deste amigo, M. entrou em diálogo:

M – Como te chamas amigo?

Espírito –O meu nome é Cruz.

M – Sois o Santo Padre Cruz?

Espírito – Se sou santo ou não, não sei. O meu nome é Cruz.

Aí M. presumiu de imediato quem era: tratava-se do amigo Cruz, desencarnado alguns anos antes e que facilmente se distinguia por uma característica que nunca o abandonou: o humor.


Moral da história:

Por mais que queiramos não é de um momento para o outro que nos conseguimos desligar das influências que nos cercaram (e cercam) desde a infância.
Somos herdeiros da tradição judaico-cristã e a maioria de nós sofreu e sofre a influência católica.
O espírita que incorporou em si a doutrina é um livre pensador para o qual não existem ideias pré-concebidas, dogmas ou outras amarras a tolherem-lhe o pensamento. Por isso ele não é, nem poderá ser fundamentalista e intolerante em relação às ideias e crenças dos outros.
Alicerçado na doutrina espírita, que é uma doutrina que, na sua essência, é aberta e libertadora, ele está, por isso mesmo, aberto ao progresso a que, afinal de contas, todos estamos “condenados”.
Mário

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

histórias verídicas

Diz-me a amiga Joana (e com razão) que parece que me demiti de colaborar no blog. “Com o que sabe, podia escrever um livro, diz ela”. Nestes assuntos por muito que se saiba, pouco se sabe e, quando pensamos que sabemos, somos muitas vezes apanhados de surpresa...
Mas uma vez que aquilo que sabemos, as experiências que adquirimos, temos a obrigação moral de transmitir aos outros, aqui vão algumas histórias verídicas que conhecemos quer por vivência pessoal, quer por quer nos foram contadas por pessoas idóneas.
Aqui vão algumas. Os títulos são nossos.


1ª história – Problema de caspa?

Passou-se no início dos anos 80 e foi-nos relatada pelo Sr. G., um amigo algarvio, de Faro, já desencarnado.

Saía ele, com outro companheiro de lides espíritas, de um café em Portimão chamado ‘Casa Inglesa’ quando teve que parar e esperar pelo seu amigo porque ele se encontrava todo atarefado a sacudir de cima de si, com as mãos, algo que lhe não era visível aos olhos. Em plena rua esfregava a cabeça, depois os ombros, a seguir o tórax, os braços e as pernas. Seguidamente sacudia energicamente as mãos. Parecia muito aflito.

- O que tens? – perguntou o Sr. G.
- Então não sabes? Não viste? Não reparaste?
- Mas em quê? – voltou a perguntar o Sr. G.
- O café.
- Mas o que é que tinha o café? Até não estava mau.
- Não me refiro ao café que bebemos mas ao local onde estivemos.
- Sim. Mas o que tinha?
- Estava cheio de gente e de fumo.
- E depois?
- E depois acabamos por captar entidades viciosas.
- Sim?!...
- Sim. E o que eu fiz logo foi dar um auto-passe.
- ???
- Para afastar as entidades!
- Ah! – disse o Sr. G. cheio de admiração – Pensava que estavas tendo um ataque de caspa.

Moral da história – estudemos a doutrina espírita para não cairmos na superstição, no dogmatismo, no fanatismo e em situações ridículas.


2ª história – Afinal não era um electrodoméstico.

Esta passa-se em 1985 ou 1986.
Conhecemos muita gente que vai assistir a palestras de espíritas com nomes sonantes, principalmente se vierem do Brasil – Pátria do Evangelho, no dizer de Humberto de Campos. Não vemos nada de mal nisso, antes pelo contrário. Principalmente se essas mesmas palestras contribuírem de facto para o aumento de conhecimentos e melhoria pessoal. Contudo, se o palestrante for desconhecido e português há quem não vá porque não vê interesse de maior.

E depois há uma certa tendência para se endeusar os oradores mais mediatizados que são muitas vezes colocados numa espécie de pedestal. A culpa não é deles. O problema reside em quem os endeusa porque demonstra que pouco conhece da doutrina espírita.

Todos nós, conhecidos do grande público ou não, temos as nossas tarefas, as missões que nos são mais adequadas e... os nossos defeitos (grandes e pequenos). Todos nós nos encontramos em determinado grau evolutivo e podemos ter a certeza de que a distância que nos separa uns dos outros não é tão grande assim. Sejamos doutrinadores, médiuns, participantes em reuniões mediúnicas ou nada disto.

Serve esta introdução para dizer que o amigo M., ainda novato no movimento espírita e, sobretudo, no conhecimento da doutrina espírita, entusiasmado com a vinda de Ariston Santana Teles a Portugal e com a conferência que ele ia dar em determinado Centro Espírita, dirigiu-se ao companheiro B.C. dizendo-lhe:

- Sabes quem vem aí?
- Quem? – perguntou o B.C.
- O Ariston!
- Ariston? Hum... Esse nome não me é estranho... Ouve lá: isso não é uma marca de electrodomésticos?!
- ?!?!?!...

Moral da história: não endeusemos ninguém. Estudemos a Doutrina na fonte que é a Codificação. Os companheiros divulgadores da Doutrina quer pela oratória, quer pela escrita, quer pela actividade mediúnica de cura ou outra, são espíritos em evolução como nós. Não lhes perturbemos a caminhada e tratemo-los como devemos tratar cada companheiro que está todos os dias ao nosso lado: com respeito e atenção.


Por hoje me despeço da amiga Joana e dos seus leitores. Prometo que para a próxima contarei histórias bem mais sérias do que estas.

7/08/2008
Mário

terça-feira, 5 de agosto de 2008

O Cura D'Ars


Numa das viagens que realizei a França em família, passei pela pequena vila de Ars Sur Formands e entrámos na basílica para conhecê-la.
Admirávamos a sua beleza, passeando-nos lentamente, quando dei por falta do meu marido. Ao olhar em redor, vi-o junto a uma imagem, de cabeça baixa e, ao aproximar-me, reparei que se encontrava emocionado. Um pouco admirada, pois o culto das imagens não faz parte dos nossos costumes, deixei-o sozinho, não sem antes sentir que daquele pequeno nicho emanava uma energia que arrepiava pela calma e pela paz que transmitia.
Só um pouco mais tarde fiquei a saber que se tratava da imagem do Cura D’Ars, canonizado pela Igreja e que nos deixou uma mensagem belíssima no “Evangelho Segundo o Espiritismo”. Curioso é que o meu marido só o soube, ao sair do estado de emoção em que se encontrava (como sensitivo que é), quando leu a inscrição, junto da imagem.
Mais uma vez reflectimos que não é o facto de se servir uma causa específica, pertencer a uma religião ou outra que faz o Homem, mas as suas qualidades morais de amor e dedicação ao semelhante, seguindo o exemplo do Cristo.
Porque vos falo nisto? Porque me lembrei que o Cura D’Ars desencarnou no dia 4 de Agosto de 1859 e, como esse acontecimento que vivi há uns anos, me marcou fortemente, não podia deixar de o recordar.



João Maria Vianney, nasceu numa família numerosa (Foi o quarto filho em 7), em 8 de maio de 1786 em Dardilly, cerca de Lyon.
Trabalhava no campo e começou a frequentar a escola já na adolescência.
À medida que crescia, aumentava nele o desejo de se tornar sacerdote. Todavia, precisava de aprender latim, já que naquela época todos os estudos para o sacerdócio eram realizados naquela língua, tal como as celebrações.
Foi considerado homem rude e ignorante pelos superiores que nem o queriam ordenar.
Foi enviado para uma paróquia distante, com poucos fiéis e poucas responsabilidades: em Ars. Uma inscrição num pequeno monumento conta a história de um encontro que teve com um menino, habitante da aldeia, quando lhe solicitou informações sobre o caminho a seguir: "Tu me mostraste o caminho de Ars: eu te mostrarei o caminho do céu."
E, de facto, este sacerdote que tardia e dificilmente aprendera a ler e escrever, mas que transportava Deus e o próximo no seu coração, transformou a sua pequena e apagada paróquia num local de romaria, onde se deslocavam milhares de pessoas, incluindo outros seus superiores, para se confessarem e lhe ouvirem os conselhos.Vivia modestamente, apenas dormindo pouquíssimas horas e alimentando-se o suficiente dos pratos que ele mesmo confeccionava: batatas, pão escuro, água e pouco mais.
Se lhe entregavam algo mais substancial, ele distribuía pelos seus pobres paroquianos, a quem tanto amava e com quem sempre se preocupou, solicitando dinheiro à sua família e a todos os que o podiam auxiliar, convencendo-os pela sua abnegação e pelo seu exemplo.
Vivendo em extrema pobreza e dormindo pouco, afim de atender a todos os que o procuravam, sem nunca deixar de trabalhar e de se dedicar à dor alheia, vivendo-a e sentindo-a como se fosse a sua própria, a sua saúde foi-se deteriorando.
Conta-se que dias antes de desencarnar, foi encontrado a chorar. Ao perguntarem-lhe o motivo porque chorava, o velho cura respondeu: "Choro pensando na grande bondade de Nosso Senhor em vir visitar-nos nos últimos momentos."
O Cura D’Ars deixou-nos o testemunho da sua fé no poder e na sabedoria divinas, da sua compreensão sobre a necessidade das provações vividas na terra e do seu alcance maior para o progresso do espírito, quando aceites com confiança e resignação, na mensagem que aqui deixo para reflexão de todos:

Bem-aventurados os que têm fechados os olhos (1)

20. Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá sido para que eu imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! que sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e espere. Não sei fazer milagres, eu, sem que Deus o queira. Todas as curas que tenho podido obter e que vos foram assinaladas não as atribuais senão àquele que é o Pai de todos nós. Nas vossas aflições, volvei sempre para o céu o olhar e dizei do fundo do coração: "Meu Pai, cura-me, mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que a minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste." Após essa prece, meus amigos, que o bom Deus ouvirá sempre, dadas vos serão a força e a coragem e, quiçá, também a cura que apenas timidamente pedistes, em recompensa da vossa abnegação.
Contudo, uma vez que aqui me acho, numa assembléia onde principalmente se trata de estudos, dir-vos-ei que os que são privados da vista deveriam considerar-se os bemaventurados da expiação. Lembrai-vos de que o Cristo disse convir que arrancásseis o vosso olho se fosse mau, e que mais valeria lançá-lo ao fogo, do que deixar se tornasse causa da vossa condenação. Ah! quantos há no mundo que um dia, nas trevas, maldirão o terem visto a luz! Oh! sim, como são felizes os que, por expiação, vêm a ser atingidos na vista! Os olhos não lhes serão causa de escândalo e de queda; podem viver inteiramente da vida das almas; podem ver mais do que vós que tendes límpida a visão!... Quando Deus me permite descerrar as pálpebras a algum desses pobres sofredores e lhes restituir a luz, digo a mim mesmo: Alma querida, por que não conheces todas as delicias do Espírito que vive de contemplação e de amor? Não pedirias, então, que se te concedesse ver imagens menos puras e menos suaves, do que as que te é dado entrever na tua cegueira!
Oh! bem-aventurado o cego que quer viver com Deus. Mais ditoso do que vós que aqui estais, ele sente a felicidade, toca-a, vê as almas e pode alçar-se com elas às esferas espirituais que nem mesmo os predestinados da Terra logram divisar. Abertos, os olhos estão sempre prontos a causar a falência da alma; fechados, estão prontos sempre, ao contrário, a fazê-la subir para Deus. Crede-me, bons e caros amigos, a cegueira dos olhos é, muitas vezes, a verdadeira luz do coração, ao passo que a vista é, com freqüência, o anjo tenebroso que conduz à morte.
Agora, algumas palavras dirigidas a ti, minha pobre sofredora. Espera e tem ânimo!
Se eu te dissesse: Minha filha, teus olhos vão abrir-se, quão jubilosa te sentirias! Mas, quem sabe se esse júbilo não ocasionaria a tua perda! Confia no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza. Farei tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer.
Antes que me vá, recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha bênção.

Vianney, cura d'Ars. (Paris, 1863.)

______
(1) Esta comunicação foi dada com relação a uma pessoa cega, a cujo favor se evocara o Espírito de J. B.Vianney, cura d’Ars.

O Evangelho Segundo o Espiritismo” CAPÍTULO VIII - OS QUE TÊM PURO O CORAÇÃO, págs 157/58, Tradução de GUILLON RIBEIRO

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

“Stress: Retrato de um assassino”

Este foi o título dum programa, passado no dia 31 de Julho na RTP2, na série Documentários, do «NATIONAL GEOGRAPHIC: STRESS: PORTRAIT OF A KILLER ».

As mais modernas descobertas científicas apontam o “stress” como um dos factores que contribuem para o aparecimento de doenças, mas afirmam, simultaneamente, que o maior risco se encontra, sobretudo, na forma como o nosso organismo reage ao “stress” e não nas causas que o provocam.
O Documentário mostrava como as relações sociais saudáveis e encontros afectivos de partilha de sentimentos, constituíam meios do homem eliminar os factores de “stress” da sua vida.

A parte mais interessante aconteceu quando um investigador que dedicou trinta anos da s
ua vida, a estudar um grupo de babuínos, relatou a sua experiência.
Um dia, aconteceu uma catástrofe na comunidade: os babuínos encontraram restos de comida, deixada por alguns turistas na região; só que a carne ingerida estava contaminada com tuberculose.
Muitos dos babuínos morreram, ficando a comunidade reduzida a metade.
Para admiração do investigador, a experiência que julgava parcialmente perdida tomou, após vinte anos, novos contornos de observação, permitindo retirar outras conclusões, assaz espantosas.

Os babuínos machos, extremamente agressivos e que passavam o tempo em guerras, tendo um sistema imunitário mais frágil devido ao stress constante em que viviam, procurando dominar, quer os potenciais rivais, quer as fêmeas que agrediam, tinham morrido todos.

Aqueles que passavam mais tempo a catar-se uns aos outros e a prestar outros serviços na comunidade tinham-se salvo. A maior parte dos sobreviventes eram fêmeas e, vinte anos passados, as relações na comunidade tinham sido alteradas significativamente: as fêmeas já não eram agredidas constantemente, existia mais respeito entre os elementos do grupo, maior entre-ajuda e maior serenidade.

Para os que gostam de se rever na Teoria Evolucionista, a selecção pelo acaso, diríamos que a espécie dos babuínos possui nas suas células a inteligência suficiente para fazer, por si mesmas, a melhor opção, fugindo do stress que encurta a vida e escolhendo a partilha e a paz.

Os que visualizam um poder superior comandando e organizando a vida na terra, confirmam, mais uma vez, que esse poder existe nas maravilhas que a natureza nos oferece a cada segundo e as suas reflexões levam-no a concluir que fatalmente os seres que habitam este planeta caminham numa só direcção: a do aperfeiçoamento das espécies, nas suas múltiplas facetas, incluindo, a convivência em harmonia e paz!!!

Vejamos o que nos diz “O Livro dos Espíritos”, sobre a meta traçada para a terra:
“…devemos fazer tudo para chegar à perfeição, e o Homem, individualmente, é um instrumento de que DEUS Se serve para atingir Seus Fins.»
Sendo a perfeição o fim a que tende a Natureza, é colaborar em seus planos favorecer essa perfeição.”
CAPÍTULO IV. III. LEI DE REPRODUÇÃO. Pág. 122 Trad. de Canuto Abreu

Meditando sobre os benefícios que trouxe para aquela comunidade de babuínos, a aparente tragédia, acontecida há vinte anos, procurámos obter esclarecimentos no CAPÍTULO VI.V. LEI DE DESTRUIÇÃO:


357 —…— A causa primária da Destruição é uma Lei Natural?
«Sim, é preciso que tudo se destrua para renascer e regenerar-se.»
O fundamento da Destruição é assim uma Lei Natural cujo objectivo é o renovamento e o aprimoramento dos seres vivos da Criação.

“Se pudéramos elevar-nos pelo pensamento a ver bem do alto a Humanidade e abarcá-la por inteiro, tais flagelos tão terríveis não nos pareceriam mais senão tempestades passageiras no destino do Mundo. pág. 129

359 — A necessidade dessa destruição existirá sempre, na Terra, entre os homens?
«Não; ela cessará com um estado físico e moral mais apurado.»
págs 126/27

Como um olhar atento aos elementos da Natureza e às suas alterações, nos podem renovar a esperança no porvir.

Que belo é o Futuro reservado à Humanidade!