terça-feira, 29 de julho de 2008

Jornal de Espiritismo on-line

  • Há muito Kardec visualizou o poder da informação e sonhou com a expansão da Doutrina Espírita, levando os seus postulados aos quatro cantos do mundo. A ADEP está a concretizar esse sonho de Kardec, colocando agora on-line o Jornal de Espiritismo. Vamos ajudar?
  • "Uma publicidade em larga escala feita nos jornais de maior circulação levaria ao mundo inteiro, até às localidades mais distantes, o conhecimento das ideias espíritas despertando o desejo de aprofundá-las e, multiplicando-lhes os adeptos, imporia silêncio aos detractores, que logo teriam de ceder, diante do ascendente da opinião geral." Allan Kardec, Projecto 1868
  • "Temos o prazer de informar que a ADEP lançou recentemente o Jornal de Espiritismo versão on-line, estando já disponível a edição deste bimestre. É um órgão informativo já com 5 anos, no entanto surgiu a necessidade de o divulgar também pela Internet. Se desejar poderá efectuar uma subscrição desta versão, beneficiando de todas as vantagens inerentes deste canal:

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

O Orgulho

Um dia, no decurso dum trabalho que vinha sendo desenvolvido pela espiritualidade e que durou alguns meses, recebemos em reunião um espírito que, embora sofrendo muito, recusava qualquer ajuda, pois isso seria um sinal de fraqueza da sua parte, atitude inconcebível para ele, durante o tempo que viveu na terra. Em nada acreditava e foi o NADA que encontrou no mundo espiritual. Mas, ao contrário das suas convicções terrenas, o seu ser não se anulou, passando a sentir dentro de si mesmo uma incompreensível angústia.

Nada via ao seu redor, mas ouvia perfeitamente as vozes que o perseguiam e atormentavam, sem ter qualquer percepção do que lhe acontecia ou de onde se encontrava: “Só me incomodam algumas vozes que oiço aqui no escuro a chamarem-me nomes e que não param. Uma série de idiotas! Nem os vejo…”
Lembrei-me de uma frase de Jesus: “Há muitas moradas na casa de meu Pai” e de que a cada um será dado segundo houver pedido e senti uma enorme compaixão por este amigo que, porque tudo recusava, não conseguia alargar a sua visão espiritual, observando a preciosa ajuda que lhe estava a ser prestada pelos apóstolos da caridade que o traziam à reunião ”senti-me puxado”.
Só via escuro, “porque não existe mais nada”. Revela nesta frase a consciência da sua morte física e, mais à frente, quando acrescenta “A gente arranja sempre inimigos quando manda…não mando agora porque não posso…”.

E mais tristeza sentimos, ao perceber que este amigo não mostrava qualquer arrependimento pela forma como agira durante a sua viagem terrena, pois esse factor condicionaria o tempo do seu amargo sofrimento, até que o orgulho e a revolta pela condição em que se encontrava, o abandonassem de vez: “ Eu quero-me ir embora, porque não estou nada, nada, nada arrependido daquilo que fiz e não sei como vim aqui parar, nem estou interessado nas vossas palavras. Eu fiz aquilo que tinha a fazer." (refere-se aqui, à severidade com que tratava quem para ele trabalhava).

Tivesse este espírito a humildade suficiente para reconhecer que se enganara e de que um poder maior comanda todo o universo e a sua condição espiritual poderia ser outra bem diferente. Razão têm aqueles que nos alertam de que o Orgulho é a maior causa de queda do Homem!
386…— Qual é bem a origem da imperfeição das leis humanas?
R: «O egoísmo e o orgulho…” O Livro dos Espíritos”

«Dizendo que o reino dos céus é dos simples, quis Jesus significar que a ninguém é
concedida entrada nesse reino, sem a simplicidade de coração e humildade de espírito; que o ignorante possuidor dessas qualidades será preferido ao sábio que mais crê em si do que em Deus. Em todas as circunstâncias, Jesus põe a humildade na categoria das virtudes que aproximam de Deus e o orgulho entre os vícios que dele afastam a criatura…p.134 "O Evangelho Segundo o Espiritismo"

Não podemos convencer ninguém de que a vida continua, mas são pouco sábias as vidas vividas apenas centradas na conquista dos bens materiais, já que estes constituem o único valor a adquirir e a sua perda uma grande aflição, tornando-se qualquer contrariedade num mal maior que conduz muitos ao desespero continuado sem enxergarem saída para a vaidade e o orgulho feridos, transformando a sua curta existência num tormento para si próprios e para os que lhe são próximos.
E o pior e, mais digno de lástima, é que esse sofrimento se prolonga para além desta breve passagem que é a vida de cada um de nós.
Deixamos para reflexão as palavras do amigo condutor da reunião:
Comunicação: (dirigindo-se ao doutrinador)
"Obrigada, meu irmão por essas palavras, cujas vibrações atingiram, podeis ter a certeza, o coração deste nosso amigo que, por caridade, não lhe pronunciaremos o nome, assaz conhecido neste mundo terreno. Será conduzido mais vezes a esta bendita casa, onde receberá o auxílio que for capaz de receber. Foi hoje trazido aqui um amigo ainda muito endividado e muito mas muito orgulhoso de actos menos correctos praticados. Reparai como recusa a Deus, como não ousa que pronunciem o nome de Jesus na sua frente. Muito ainda terá de percorrer este nosso amigo até que o arrependimento atinja sua alma através do sofrimento, sofrimento esse que ele também recusa. Não que não o sinta, que sofre terrivelmente sem o descanso, sem o benefício de qualquer pausa, ou de qualquer alívio, mas apenas porque seria rebaixar-se reconhecer que sofre.
Obrigado, mais uma vez, pelas vossas preces. Não esqueçais este amigo, orai por ele. Quando a Luz e o Amor divinos o tocarem, essas preces ser-lhe-ão de imenso auxílio e lembrai-vos todos que é o ORGULHO o defeito que a todos nós nos faz cair, que nos impede, oh quantas vezes, de avançar mais rapidamente em direcção da Luz. Todos temos motivos de vaidade, todos temos amor-próprio que, quando levado ao exagero, rapidamente nos perde. É a HUMILDADE a qualidade mais apreciada, pois é essa a atitude que podemos ter perante o Criador exercida no bem ao próximo.
Que a Paz do Senhor reine neste recinto e abençoe todos os que aqui se encontram em auxílio dos mais carenciados."
9 /04 /05
Manuel
Grupo "Amigo Amén"
Santa Maria

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Lei da Evolução




O Devoto Desiludido



O fato parece anedota, mas um amigo nos contou a pequena história que passamos para a frente, assegurando que o relato se baseia na mais viva realidade.
Hemetério Rezende era um tipo de crente esquisito, fixado à idéia de pa­raíso. Admitia piamente que a prece dispensava as boas obras e que a oração "ainda era o melhor meio de se forrar a qualquer esforço.
"Descansar, descansar! ... " Na cabeça dele, isso era um refrão mental incessante. O cumprimento de mínimo dever lhe surgia à vista por atividade sacrificial e, nas poucas obrigações que exercia, acusava-se por penitente desventurado, a lamentar-se por bagatelas. Por isso mesmo, fantasiava o "doce fazer nada" para depois da morte do corpo físico. O reino celeste, a seu ver, constituir-se-ia de espetáculos fascinantes de permeio com manjares deliciosos ... Fontes de leite e mel, frutos e flores, a se reve­larem por milagres constantes, enxameariam aqui e ali, no édem dos justos ...
Nessa expectativa, Rezende largou o corpo em idade provecta, a pre­libar prazeres e mais prazeres. Com efeito, espírito desencarnado, logo após o grande transe foi atraí­do, de imediato, para urna colônia de criaturas desocupadas e goza­doras que lhe eram afins, e ai en­controu o padrão de vida com que sonhara: preguiça louvaminheira a coroar-se de festas sem sentido e a empanturrar-se de pratos feitos. Nada a construir, ninguém a auxi­liar ...
As semanas se sobrepunham às semanas, quando, Rezende, que se supunha no Céu, passou a sentir­-se castigado por terrível desencan­to. Suspirava por renovar-se e con­cluía que para isso lhe seria indis­pensável trabalhar ...
Tornado de tédio e desilusão não achava em si mesmo senão o an­seio de mudança.
À face disso, esperou e esperou e, quando se viu à frente de, um dos comandantes do estranho burgo es­piritual, arriscou, súplice:
- Meu amigo, meu amigo! ... Quero agir, fazer algo, melhorar­-me, esquecer-me!... Peço trans­formação, transformação! ...
- Para onde deseja ir? - indagou o interpelado um tanto sarcástico. - Aspiro a servir em favor de al­guém. .. Nada encontro aqui para ser útil ... Por piedade, deixe-me seguir para o inferno, onde espero movimentar-me e ser diferente ...
Foi então que o enigmático chefe sorriu e falou, claro:
- Hemetério, você pede para des­cer ao inferno, mas escute, meu caro!. .. Sem responsabilidade, sem disciplina, sem trabalho, sem qualquer necessidade de praticar a abnegação, como vive agora, on­de pensa você que já está?



Irmão X
In “Estante da Vida” (psicografia de Francisco Cândido Xavier)

quarta-feira, 16 de julho de 2008

A escolha da prova

Esta comunicação confirma dois aspectos que desenvolvemos no post anterior. Por um lado, o espírito tem alguma liberdade na escolha da prova reencarnatória, sendo chamado a participar no trabalho preparatório de toda uma equipa que se envolve na concepção de mais uma etapa evolutiva do ser.

Por outro, para que a nova reencarnação tenha sucesso na aquisição de valores expressivos em benefício do espirito, no seu regresso ao mundo espiritual, constituindo-lhe um acréscimo de alegria pelo aprendizado conseguido, necessário se torna que ele detenha desde logo um repositório de aquisições bem firmado que lhe permita reafirmar as suas boas intenções, manifestadas na espiritualidade, mas depressa esquecidas, perante mais um desafio terreno, exposto que se encontra, desde o nascimento, a tentações muito difíceis de resistir.

Quanto maiores forem os privilégios duma reencarnação concretizada num mundo de conforto e prazeres, maiores serão os desafios que o espírito terá de enfrentar. Poucos o conseguem, pois fácil se torna deixarmo-nos seduzir pela aparência duma vida livre de escolhos, onde crescem o egoísmo, o orgulho da raça, do nome de família e da fortuna, características do estádio em que ainda se encontra a nossa morada terrena.

Àqueles que lhe resistem, chamamos-lhes "santos", já que pelos obstáculos que têm de ultrapassar, se constituem como espíritos de excepção. Daí que seja de fundamental importância, o cuidado com que são preparadas as reencarnações de cada um de nós, de acordo com as nossas reais capacidades e aquisições, no momento actual em que a maioria de nós se encontra, devendo com humildade, seguir as orientações que, no mundo dos espíritos nunca nos faltam, para que um progresso, ainda que lento na aparência, se possa efectivamente concretizar.


Após a leitura duma lição do Capítulo: "Sede Perfeitos", manifestou-se um espírito, bastante triste pela opção tomada, antes da sua última reencarnação:


Fui autorizado a comunicar-me, através da médium, para vos deixar um pequeno apontamento da minha própria história para que sirva de alerta a muitos de nós. Agradeço a quem mo permitiu e peço também autorização a vós outros para que oiçam com atenção as minhas simples palavras.


Fui eu, João de A. e M., pertencente a uma das mais célebres famílias terrenas, tendo escolhido, ainda minado de orgulho e ansioso por usufruir todos os privilégios da Terra, indiferente a alguns conselhos que os meus guias, os meus mestres me inspiravam, tentando demover-me da mais perigosa das provas terrenas –a riqueza – insensível a todos os avisos, porque as minhas forças e os meus muitos defeitos me iriam, provavelmente, fazer cair, insisti até conseguir a reencarnação desejada.


E, assim, num belo dia, nasci no seio dessa família que tudo me prodigalizou: amor, atenção dos muitos criados que colocaram ao meu serviço, mas também dinheiro, muito dinheiro, com o qual convivi desde tenra idade.


Não me prepararam, meus pais terrenos, para o perigo do mau uso que se pode fazer, não me ensinando a gerir as minhas economias que me caíam nas mãos sem que eu fizesse o mínimo esforço para as obter. Podeis imaginar os perigos que enfrentei e a que mal soube resistir, pois cheio de contentamento, gastava egoisticamente tudo em mim e quanto mais tinha mais desejava e mais gastava.


Percorri toda essa existência terrena, gozando os prazeres da vida, todos aqueles que o dinheiro me podia proporcionar, não me furtando a nada, não prescindindo de qualquer um deles, sempre rodeado de muitos amigos (julgava eu), porque, quando muito temos, muito atraímos a nós, excepto, o melhor que nos podem dar – a amizade desinteressada, a mão amiga que nos apoia quando necessitamos e até aquela que nos contraria quando erramos – nem aí fui auxiliado, pois apenas pretendiam de mim aquilo que o meu dinheiro lhes podia proporcionar. Não que os acuse – que fique bem claro – porque o único responsável da minha queda fui eu com o meu egoísmo, com o meu desinteresse pelos pobres, por aqueles que sofriam, por aqueles que nada tinham e que se contentariam com uma simples moeda que eu gastava num abrir e fechar de olhos.


Em nada pensei que fosse exterior a mim, mas também nada ganhei, pois cheguei ao final da minha existência, fútil e vazia, tão fútil e vazio como ela própria; de alma seca, de sentimentos quase despida essa alma e ainda revoltada, porque a minha juventude tinha partido e, com ela, esses mesmos prazeres que tanto me deliciavam e que tanto me iludiram, proporcionando-me essa mesma queda.


Cheguei ao Mundo Espiritual ainda mais vazio e quando abri os olhos e me encarei, chorei, oh se chorei! Chorei pelo tempo que perdi, pelo egoísmo que não combati, por um Mundo que eu almejava e que estava ainda mais distante do que quando eu reencarnei.


Como me arrependi de ter falhado os meus propósitos, porque podeis crer, o meu propósito era sincero e era firme.

Só não era suportado em qualidades verdadeiramente adquiridas e que me fariam realmente progredir na Terra, onde a memória se escapa e onde as culpas cravadas na nossa alma são como que esbatidas, permanecendo apenas no inconsciente que, às vezes, brota e nos diz – quando queremos ouvi-lo – que estamos errados e que devemos mudar de direcção. Quase nunca ouvimos essa consciência, porque são os prazeres mundanos que a atrofiam, que a mandam calar para podermos seguir em frente gozando-os plenamente.


Agora estudo afincadamente, trabalho - sempre que me autorizam - naquilo que sei fazer, que é ainda muito pouco.


Tenho vindo a estas reuniões para ouvir as benditas lições que aqui são transmitidas a muitos como eu e medito como a minha vida provavelmente teria sido outra, se no meu lar rico e cheio de luxos eu tivesse alguns momentos semelhantes a estes, cultivados por aqueles que tinham a obrigação de me educar (e continuem a não ver qualquer crítica nestas minhas palavras); apenas tristeza por uma oportunidade perdida.


Que Deus me possa orientar os passos daqui por diante para que possa futuramente ganhar com merecimento uma nova oportunidade de regressar para provar que posso e devo mudar.


Registai bem esta minha história que não tem maior interesse senão de servir como exemplo para todos aqueles que se desviam do caminho recto, inebriados pelos prazeres terrenos.


Dizei a cada um deles, sempre que tiverem oportunidade, que meditem na lição de Jesus. Ensinai-lhes o que lhes acontece quando desrespeitam a Lei e quando aportam aqui a este lado: não são acusados, mas choram tristemente de arrependimento, porque maltrataram as Leis Divinas e a si mesmos.


– Obrigado querido amigo.
- Nada mereço para que me agradeçam.


–Ao ouvir as tuas palavras, amigo, “montes” de pensamentos desencontrados nos assomam à nossa mente e nós que conhecemos a doutrina espírita e temos a obrigação de conhecer as finalidades da existência terrena, quantas vezes nos perguntamos: “Será que estou a falhar? Será que estou a ir por mau caminho?”
E existe um ditado que todos nós bem conhecemos: Nunca digas desta água não beberei. Eu próprio me pergunto a mim, se tivesse nascido rico da riqueza terrena, será que eu teria até agora passado até agora uma prova tão perigosa?


- Quase nunca se consegue…Alguns espíritos superiores resistem e distribuem essa riqueza que herdaram por todos aqueles que se lhe aproximam sem olhar, sem pensar sequer o que poderiam fazer com esse mesmo dinheiro que é seu. Mas são poucos aqueles que o conseguem.

Aprendi à minha custa que só devemos pedir esta prova quando já tivermos muita experiência e muito amor ao próximo e a Jesus.


– É verdade meu amigo. Quantos de nós não dizemos: Ai, se eu fosse rico! Eu faria a caridade…aliás o Evangelho remete-nos para um desejo secreto de satisfazermos a nós próprios e só depois os outros. Confesso que eu tenho medo e por isso, comungamos contigo os nossos sinceros sentimentos de que possas triunfar no Mundo Espiritual, porque Deus é o Pai infinitamente bom e justo. Rogamos-Lhe por ti nesta modesta reunião que tantas lições nos traz do Evangelho e lições vivas como as tuas.


- Orai sim, orai por mim que tanto preciso, pois irei, conduzido pelos meus Mestres, desta vez avisadamente e com a sua ajuda, reencarnar numa existência miserável, necessitando de tudo, mas recebendo algo precioso e que me sustentará nas provas que terei de enfrentar: o Amor duns pais amantíssimos de muitas vidas, que tudo farão para me evitar a fome e o frio – mitigando-o, pois não o poderão fazer totalmente.
Aí aprenderei com a dor da indiferença dos ricos a ser mais humilde e a apreciar verdadeiramente o valor do dinheiro.
Para tentar então, posteriormente, e novamente a mesma reencarnação que ora falhei, pois quando falhamos não devemos desistir.


Devemos aprender, porfiar que um dia conseguiremos sair vitoriosos daquilo em que fracassámos.
Orai, pois por mim. Orai por mim.


Manuel

Núcleo Espírita ‘Amigo Amen’

Santa Maria




segunda-feira, 14 de julho de 2008

Destino ou Fatalidade


Ouvimos muitas vezes dizer, (mesmo entre alguns daqueles que integram ou simpatizam com a Doutrina Espírita) que temos de nos resignar e aceitar a vontade de Deus, pois certos acontecimentos já estavam programados antecipadamente, antes da reencarnação.
Nada acontece por acaso, tudo tem uma razão de ser. Nada a fazer, portanto. Seguindo este raciocínio, encontramos subjacente a esta tese, o pensamento de que a vida se concretiza num dado cenário, em que nós, actores, nos limitamos a representar o papel que nos foi atribuído, cumprindo à risca o nosso destino. Será?

Como aprendizes que somos todos, devemos emitir opinião, mas sempre baseada na reflexão cuidada e apoiada em bases sólidas, no estudo das obras da Codificação. Ainda que a nossa intenção seja a melhor: a de consolar e, sobretudo, por essa mesma razão, já que só a compreensão das razões da existência humana nos pode trazer a real e duradoura aceitação das provas com as quais somos confrontados nas várias etapas da vida.

Sabemos que o espírito, quando atinge determinado estágio evolutivo, está autorizado a proceder a certas escolhas do tipo de caminho que irá percorrer ao longo da reencarnação que se aproxima. Dentro dos planos estabelecidos por conselheiros espirituais, por compreensão das falhas que ainda carrega, após acurado estudo no mundo espiritual e reafirmação da sua vontade em se ultrapassar, esse espírito tem alguma liberdade de decisão.
Kardec, na questão 258 de “O Livro dos Espíritos” afirma que o espírito reencarnante tem a possibilidade de escolher “o género de prova que deseja sofrer”. pág. 161 (trad. de José Herculano Pires)

Todavia, quantas vezes, não fracassamos nas nossas melhores intenções de mudança de comportamentos, no decorrer da vida terrena?!
Que dizer então, quanto às decisões tomadas ainda no mundo espiritual, em que a nossa consciência se encontra desperta e a alma sofre as agruras do arrependimento pelo tempo perdido e as oportunidades desperdiçadas?!
Podemos imaginar que tudo prometemos e que, na pressa de reafirmar a nossa mudança interior, possamos até desejar passar pelas provas mais difíceis para assim alcançarmos rapidamente a felicidade tão almejada.
Daí que cada reencarnação seja sempre objecto de uma cuidadosa planificação, de acordo com as nossas reais capacidades de as vencermos, ao mergulhar na carne, com o esquecimento natural das nossas intenções e promessas. Pois o espírito detém sempre o livre-arbítrio e é responsável por cada um dos actos que decide praticar, face ao tipo de obstáculo que cada vida terrena lhe apresenta.

Que sentido fará pensar que alguém que assassina outrem já vinha “programado” para matar e que a espiritualidade apenas se limitou a aproveitar a sua má índole, afim de que outro possa passar por essa prova: ser assassinado?!

Pode o espírito ser colocado num determinado ambiente, propício ao crime, mas cabe-lhe a ele a responsabilidade de decidir entre o Bem ou o Mal.
Quantos indivíduos, nascidos em famílias desestruturadas, ausentes de valores educativos que lhes segurem os instintos, vivenciando maus-tratos e carentes de afecto e protecção, não saiem vitoriosos, lançando-se noutros trilhos distantes do berço em que lhes foi dado viver? E outros tantos, beneficiados pelo amor e pela fortuna, não caem nos enredos do vício e da ingratidão, tornando-se nos carrascos daqueles a quem tudo devem?!
Onde encontramos, nos casos que observamos diariamente, exemplos da fatalidade e do destino a que tantos se referem? Se pode existir alguma verdade no facto de necessitarmos de passar por algum género de prova, não devemos ver isso como algo inevitável e onde nada nos é permitido fazer para alterar a situação.

258-a - “Se um perigo vos ameaça, não fostes vós que o criastes, mas Deus; tivestes, porém, a vontade de vos expordes a ele, porque o considerastes um meio de adiantamento; e Deus o permitiu.” pág. 161 (trad. de José Herculano Pires)

Na questão 861, podemos ler que “não há ninguém predestinado ao crime e que todo o crime, como todo e qualquer acto, é sempre resultado da vontade e do livre arbítrio.” pág. 340, O Livro dos Espíritos (trad. de José Herculano Pires)

Também há os que defendem a tese da “Pena de Talião” mais conducente com o Antigo Testamento: se alguém sofre uma violação, é porque numa vida anterior foi objecto desse mesmo escândalo.
Jesus não veio ensinar o Perdão, afirmando que “o Amor cobre uma multidão de pecados”?
Caso o homem se dedique ao próximo, contribuindo para o progresso da sua colectividade, tornando-se útil à sociedade, precisará ainda passar por determinada prova (mesmo que esta tenha sido anteriormente planeada na erraticidade), conquistando fatalmente pelo sofrimento, o que já provou ter adquirido, através do amor ao seu semelhante?


Há, de facto, acontecimentos que nos ultrapassam e que, provavelmente, nos estavam “destinados”, tendo sido anteriormente escolhidos pelos espíritos que necessitavam desse tipo de prova para a sua própria evolução. Pensamos, por exemplo, nas tragédias colectivas, ocorridas ao longo dos tempos.
Diz-nos Kardec:
- “De resto, confundis sempre duas coisas bem distintas: os acontecimentos materiais da vida e os actos da vida moral. Se, algumas vezes, há fatalidade, é nos acontecimentos materiais cuja causa está fora de vós, e que são independentes da vossa vontade. Quanto aos actos da vida moral, eles emanam sempre do próprio homem, que tem sempre, por conseguinte, a liberdade de escolha; para esses actos, pois, jamais há fatalidade.” pág. 340, O Livro dos Espíritos (trad. de José Herculano Pires)

Todavia, nem sempre podemos separar totalmente essas duas situações (de origem material e de origem moral), pois são cada vez mais frequentes os desastres que ocorrem no planeta, trazendo o sofrimento a milhares de seres que ficam na miséria mais extrema ou que desencarnam compulsivamente.
Ainda aqui, vemos nitidamente a mão do Homem, responsável não só pela sua evolução, como pelas escolhas que faz na preservação da vida na terra e na melhoria das condições humanas.
Na questão 573 , Kardec interroga a espiritualidade:

-“Em que consiste a missão dos espíritos encarnados?”

- “Instruir os homens, ajudá-los a avançar, melhorar as suas instituições por meios directos e materiais. Mas as missões são mais ou menos gerais e importantes. Aquele que cultiva a terra cumpre uma missão, como aquele que governa ou aquele que instrui. (…)” pág. 248

Esta a prova irrefutável de que não existe fatalidade ou destino a que não se pode fugir, pois a Doutrina Espírita é clara neste ponto, incentivando-nos os Espíritos Superiores, através de Kardec, ao progresso individual e colectivo, responsabilizando-se cada um de nós, dentro das nossas possibilidades, pela parte que nos cabe na procura do bem comum e do nosso percurso evolutivo.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Responsabilidade dos Educadores




Na noite de 22 para 23 de Junho de 2008, durante a reunião semanal, todos os componentes do grupo sentiram imenso mal-estar. O companheiro encarregado da leitura de um trecho de ‘O Evangelho Segundo o Espiritismo’ quase não o conseguia fazer, tal o envolvimento mental a que estava sujeito. Após a reunião, manifestou-se o Amigo Amen que, após uma lição que, em nossa opinião, constitui um verdadeiro roteiro quanto à educação a dar às nossas crianças, no final, nos esclareceu sobre o que se havia passado.
Procurámos também e, pela primeira vez, indagar sobre a identidade deste nosso companheiro que já se manifesta entre nós há mais de 15 anos...

Amigo Amen - “(...) a estrada ainda por cumprir que o Mestre nos deixou. Estrada estreita que todos teremos que percorrer. Uns, mais depressa, outros tropeçando nos obstáculos do caminho. Muitos recuando, metendo por atalhos que apenas conduzem ao egoísmo, às lutas individualistas, à ambição e à perda, nas demais vezes.

Amar ao próximo, meus filhos, começa na infância, quando os pais, grandes educadores desse pequeno ser que desperta para a vida, orientam e ensinam, através do exemplo, a respeitar as diferenças, a aceitar, ou não, como resposta aos seus caprichos, às suas birras infantis, quando lhe ensinam a ordem, a disciplina na sua vida diária, quando lhe ensinam a orientar-se nas relações sociais com as outras crianças, apoiando os mais fracos, a ninguém colocando de lado, cultivando a paz e o entendimento, em vez das guerras que conduzem a criança à competição, à luta desenfreada para ser o melhor de entre todos os demais.

Esses educadores, criando um ambiente de paz, de harmonia e de respeito entre todos os membros da família, conduzirão essa criança, que um dia será comandante, muitas vezes nas sábias tarefas da sua vida, como adulto, até de povos e nações, transportando os valores morais, as ideias, as posições de guerra ou de paz que defende, adquiridas na infância num ambiente de conflitos, ou de harmonia cultivada em cada lar.

Esse o primeiro pilar da sociedade, onde os caracteres se formam, onde se corrigem erros anteriores, onde se aplaudem as aquisições positivas que o espírito consigo transporta.

Amar ao próximo, meus filhos, é amar as crianças, sabendo que só alteramos a sociedade com os homens que formamos a cada dia para nela viverem e para a defenderem, na procura da paz em detrimento das guerras. Lembrai-vos de Jesus, meus filhos, quando disse, reprimindo os seus discípulos que queriam afastar as crianças e Ele lhes respondeu: ‘deixai vir a mim as criancinhas’.”

Doutrinador - Obrigado, querido amigo. Sois o Amigo Amen, não é verdade?
Amigo Amen - Certamente, meus filhos.

Doutrinador - Foram aqui realizados hoje trabalhos, não é verdade?
Amigo Amen - Muitos amigos desesperados porque todos eles falharam nas suas missões e não tiveram como exemplo maior pais atentos e conscientes da maior tarefa de todas: a de os educar e orientar para se tornarem homens felizes e amantes do próximo.

Doutrinador - Dizemos isto porque sentimos fisicamente presenças que nos causaram um certo mal-estar.
Amigo Amen - Já vos dissemos que estiveram presentes amigos em grande desespero e desorientação.

Doutrinador - E eles, foram encaminhados, não é verdade, amigo Amen?
Amigo Amen - Cada um dentro das suas possibilidades e do seu estado de despertamento, pois Deus a todos socorre.


Doutrinador - Quereis dizer que os pais desses nossos companheiros foram em grande medida responsáveis...
Amigo Amen - O espírito é o responsável, em primeiro lugar. Mas a grande missão na Terra é a missão de educador. Numa sociedade em que o materialismo impera, em que as necessidades imediatistas se sobrepõem às atenções a dispensar a uma criança, abandonando-a em vez de a corrigir, adulando-a com objectos materiais para compensarem a ausência de afecto, é importantíssimo que cada ser se consciencialize da grande tarefa que cabe realizar em prol do social.

Doutrinador - Mas hoje em dia, amigo Amen, as famílias de um modo geral, em particular nas grandes cidades, têm dificuldades em termos de tempo para dispensar aos seus filhos.
Amigo Amen - Porque o dinheiro é o mais importante e o desejo desenfreado do Ter impera sobre o desejo intenso de Ser.


Doutrinador - Certo, amigo Amen. Mas existem famílias que têm dificuldades em ter e têm que trabalhar de manhã à noite para sustentar a família. E essas pessoas, estamos a lembrar-nos de pessoas das grandes cidades, em particular, esforçam-se imenso e acabam por deixar para segundo plano a educação dos filhos.
Amigo Amen - É a própria sociedade, meu filho, a própria sociedade que se desestrutura em função do dinheiro, esquecendo a verdadeira missão que é vir à Terra refazer a caminhada, tendo como destino a evolução espiritual do Homem.


Doutrinador - Há tanta coisa a ser mudada, amigo Amen. Tanta coisa. Esta sociedade está má. Esta sociedade não é humana nesse aspecto.
Amigo Amen - Cultivemos a esperança, o optimismo, pois no meio do caos a luz sempre nasce. Se às vezes e de início bruxuleante, com o tempo ela abrilhantará todas as coisas que ilumina e ninguém mais poderá deixar de a ver. Que cada um cumpra a sua parte o melhor que sabe e confiemos em Deus e no nosso futuro espiritual, na caminhada individual e na responsabilidade que a cada um pertence, intransferível, compensadora, tantas vezes, após os sacrifícios e a abnegação. Amemos ao próximo, meus filhos, tolerando, orientando, perdoando e confiando em Deus.


Doutrinador - Certamente, amigo Amen.
Amigo Amen - Que a paz fique convosco meus amigos, meus filhos.


Doutrinador - Obrigado, amigo Amen. Um dia e já lá vão tantos o nosso amigo Amen há-de dizer algo sobre a sua própria identidade. Não é que tenhamos curiosidade doentia. Mas já lá vai uma década e meia. Bem, o Divaldo, se calhar levou outro tanto tempo...
Amigo Amen - No mundo espiritual uma década é apenas um segundo meus filhos.


Doutrinador - Mas nós vivemos no mundo físico, amigo Amen, e somos pessoas com uma certa curiosidade... Mas um dia talvez o Amigo Amen nos diga algo sobre a identidade...
Amigo Amen - Pois se Amen é o mais belo nome que eu conheço... (sempre com um fino sentido de humor, que desarma e faz sorrir!)


Doutrinador - Obrigado, querido amigo.
Amigo Amen - Agradeçamos a Deus a sua infinita misericórdia.


Doutrinador - Obrigado. Agradeçamos ao Pai.
[O doutrinador agradece a Deus com uma oração de encerramento da reunião]