sexta-feira, 5 de junho de 2009

Tragédias colectivas: por quê?


O trágico acontecimento da queda sobre o Atlântico do avião da Air France, o voo AF 447, que ligava o Rio de Janeiro a Paris, provocando a morte a 228 pessoas, emociona-nos a todos e leva-nos a perguntar intensa e angustiosamente: PORQUÊ?

E outra questão nos aflora a mente: porque é que alguns passageiros, (incluindo um português), à última hora, não puderam embarcar? Apenas um mero acaso fez com que se esquecessem de renovar os passaportes, salvando-os desta morte colectiva?

Para a grande maioria de nós, estas e outras questões não têm solução e o que uns atribuem à sorte, outros falam de “milagres”, desconhecendo os mecanismos da justiça divina, dentro da lei de Causa e Efeito. Para os familiares das vítimas, a dor inesperada é, muitas vezes, acompanhada de revolta, de descrença e de desespero pela perda que consideram injusta.

Só o Espiritismo possui a resposta clara e inequívoca, que nos esclarece e consola os corações aflitos, descerrando o véu do enigma que permite que uns partam e outros sejam poupados. Estes últimos simplesmente foram afastados, porque não eram portadores da dívida cármica que ligava os que entraram no avião e que ali se tinham reunido, afim de resgatarem erros cometidos no passado distante. Para além do mais, não era a sua hora.

Diz Allan Kardec, nos comentários da questão 738 de O Livro dos Espíritos, que “venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo”.

Na mensagem “Desencarnações Colectivas”, Emmanuel esclarece outros motivos para as mortes que se verificam colectivamente.

Diz ele: Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos colectividades na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de encontro marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.
Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de epidemias arrasadoras.
Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração, pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas.
Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidades na conquista de presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos o retorno à Terra para a desencarnação colectiva em dolorosos incêndios, inexplicáveis sem a reencarnação
”, in "Chico Xavier Pede Licença"

Ao reencarnarmos, atraídos por uma força magnética (sintonia vibratória), consequência dos crimes praticados colectivamente, reunimo-nos circunstancialmente e, por meio de situações drásticas, colhemos o mesmo mal que perpetramos contra nossas vítimas indefesas no passado.

Portanto, as faltas colectivamente cometidas pelas pessoas (que retornam à vida física) são expiadas solidariamente, em razão dos vínculos espirituais entre elas existentes. Ainda segundo Emmanuel, “O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona então espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas na dívida do pretérito para os resgates em comum, razão por que, muitas vezes, intitulais – doloroso acaso - às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais.”

Todavia, nem sempre as catástrofes colectivas funcionam como punição, pois a reencarnação é oportunidade preciosa para a evolução do espírito, através do trabalho, do esforço pessoal e do envolvimento do ser no progresso da humanidade, passando por dificuldades diversas que o impulsionam a novas conquistas a cada obstáculo vencido.

Kardec interrogou os espíritos superiores no item Flagelos Destruidores:

740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no
a braços com as mais aflitivas necessidades?

Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.”

Para os familiares das vítimas que sofrem a sua perda, resta-lhes pois, a consolação perante a tragédia, que lhes advém da compreensão da lei divina que nada deixa ao acaso, havendo sempre uma reacção a cada acção por cada um de nós praticada.
A cada um segundo a sua obra” O passado, muitas vezes, determina o presente que, por sua vez, determina o futuro.

E em vez de sentirmos revolta e descrença, lembremo-nos de que as grandes provas marcam geralmente um fim de sofrimento e iniciam uma nova etapa de aperfeiçoamento do Espírito. Para os que partem, aportando mais felizes ao mundo espiritual, com a certeza de mais uma batalha vencida e para os que ficam na Terra, aceitando a provação com compreensão, amor a Deus e fé no futuro, confiando no reencontro com aqueles que amamos e que no AGORA dolorosamente nos deixam.

12 comentários:

  1. olá Joana

    De facto estes acontecimentos deixa-nos a pensar e a reflectir sobre a vida.

    Gostei do seu artigo e do seu blog no geral, muito bom, parabéns

    Um Abraço

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  2. As pessoas que têm fé conseguem suportar a dor com menos sofrimento, pois Deus sabe o que faz e não temos capacidade para contestar suas ações.
    Seu artigo ficou muito bom.

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  3. É sempre com tristeza que ouço noticias desta natureza. Mas só Deus sabe a História toda, do principio ao fim.
    E sinto um certo receio perante todas estas forças, que não comseguimos controlar. Controlamos a nossa mente agora, e tentamos agir bem (colhes o que semeias). Mas não sabemos o que fizemos em vidas passadas, e às vezes vivemos experiencias terriveis, e nem sabemos a causa.
    Joana, ainda bem que escrevestes sobre este assunto.
    Bj

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  4. Olá Joana,

    Toda vez que acontecem tragédias deste tipo aparecem pessoas que escapam por um ou outro motivo, as vezes até sem uma boa explicação. Não sou espírita mas me interesso pelo assunto. Seu artigo é muito explanador. Parabéns pelo artigo e pelo blog.

    Abraços

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  5. Um segundo (aquele quase por um "triz") determina a vida e morte das pessoas, semque nós, os encarnados possamos nada fazer a não ser confiar que a providência divina não comete enganos (ou como diz o ditado popular: só o peru morre na vespera).
    Devenos somente orar para que os familiares superem a dor.
    humberto

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  6. Gostei muito de ler o teu artigo. Comecei há algum tempo a interessar-me pelo espiritismo, e por isso, tive desta tragédia visão diferente.
    Cumprimos o nosso trajecto de vida e regressamos ao mundo dos espíritos para encarnarmos as vezes que forem necessárias.
    Sobre esta matéria tenho ainda muitas dúvidas, para as quais ainda não encontrei resposta, mas estou a começar.

    Abraços
    Emilia

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  7. A mais misterios entre o céu e a terra do que pode supor nossa vã filosofia.

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  8. Joana, sou espiritualizada. Vamos lá: acidentes aéreos nos tocam por serem coletivos sim, mas lá no alto não existe a possibilidade de pé no freio, virada para a esquerda e parar no acostamento, sair voando pela janela, cair no chão e se salvar. Quando um ou outro se salva realmente é um milagre. Veja em 1973 quando um comandante da Varig pousou sobre o campo de cebolas nos arredores de Paris, o avião em chamas, fez isso para não deixar mais pessoas morrerem, somente os que estavam a bordo. O herói, mesmo assim, se salvou e mais 11 pessoas das mais de 100. Incrível, não é?! Seis anos depois, seu voo desapareceu no mar e nunca mais nem avião nem ele foram encontrados.

    E... tragédias de menor proporção acontecem diariamente nas ruas, avenidas e estradas, com certeza, num dia apenas, devem levar muitas vidas.

    Precisamos, então, agradecer nossas vidas, pequenos e grandes milagres, e semearmos a paz.

    Bjs

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  9. A todos vocês, meus amigos:

    Filipe: Só partimos quando chegou a nossa hora, determinada pelos desígnios divinos.

    Emília, você vive numa zona privilegiada! No Porto existe pelo menos um centro espírita, muito bem orientado e frequentado com pessoas muito interessantes e que te poderão ensinar muito. Aproveite e faça uma visita.

    Quanto a encontrar respostas, comece por ler "O Livro dos Espíritos".Para mim foi uma autêntica revelação, pois ele é todo construído com questões de Kardec e respostas dos Espíritos Superiores.

    Tem razão, Ivandro. E eu acrescentaria: e do que pode supor a arrogante Ciência positivista que, finalmente, começa a entrar em declínio.

    Concordo consigo, amiga Sissym:

    A vida é mesmo um milagre que temos de agradecer diariamente, pois não sabemos quando chegou a nossa hora de partir. Bom mesmo será que tenhamos a consciência tranquila pelo dever cumprido em todos os dias da nossa vida.

    Um abraço a todos e voltem sempre com as vossas preciosas reflexões que eu muito prezo.

    Joana

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  10. Olá amiga Joana parabéns pelo tema escolhido, excelente abordagem e ótimo texto, uma parada para reflexão, precioso, honrado e feliz por visitar este importante, belo e original espaço... Registro a minha imensa satisfação ao passar aqui, valeu! Quero compartilhar com você o poema abaixo de William Shakespeare
    ”Perguntei a um sábio,
    a diferença que havia
    entre amor e amizade,
    ele me disse essa verdade...
    O Amor é mais sensível,
    a Amizade mais segura.
    O Amor nos dá asas,
    a Amizade o chão.
    No Amor há mais carinho,
    na Amizade compreensão.
    O Amor é plantado
    e com carinho cultivado,
    a Amizade vem faceira,
    e com troca de alegria e tristeza,
    torna-se uma grande e querida
    companheira.
    Mas quando o Amor é sincero
    ele vem com um grande amigo,
    e quando a Amizade é concreta,
    ela é cheia de amor e carinho.
    Quando se tem um amigo
    ou uma grande paixão,
    ambos sentimentos coexistem
    dentro do seu coração.”
    Votos de um final de semana divertido e repleto de alegria. Muita prosperidade e bênçãos. Paz, luz, saúde e proteção. Felicidades, um fraterno e caloroso abraço. Fique com Deus.
    Valdemir Reis

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  11. Olá Joana,

    Gostei demais do teu texto. Hoje coloquei no meu blog um post sobre esse assunto e deixei uma referência para o teu blog, que merece ser lido.

    Abraços e excelente semana! :)

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  12. Maravilhosa a matéria, gostaria não perder o ctt, achei interessante e gostaria ter mais tempo p/ ler e passar pra vocês a experência qu tive, por isso não deixe de me seguir, um forte abraço!!!!!!!!!

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