sábado, 31 de janeiro de 2009

O Rio que corre pela Paz

O rio atinge os objectivos porque aprendeu a contornar os obstáculos.
André Luiz


Hoje termina a campanha "Momento de Paz", iniciada pelo blog http://quiosqueazul.blogspot.com/2008/12/momento-de-paz.html.


Deixo-vos um conto maravilhoso sobre o conceito da Paz, palavra tão pequenina em qualquer língua, ocupando lugar bem discreto nos dicionários, e tão difícil de conquistar.



A Paz Perfeita


Havia um rei que ofereceu um grande prémio ao artista que fosse capaz de captar numa pintura a paz perfeita. Foram muitos os artistas que tentaram.


O rei observou e admirou todas as pinturas, mas houve apenas duas de que ele realmente gostou e teve que escolher entre ambas.


A primeira era um lago muito tranquilo...um espelho perfeito onde se reflectiam plácidas montanhas que o rodeavam. Sobre elas encontrava-se um céu muito azul com ténues nuvens brancas. Todos os que olharam para esta pintura pensaram que ela reflectia a paz perfeita.


A segunda pintura também tinha montanhas... mas estas eram escabrosas e estavam despidas de vegetação. Sobre elas havia um céu tempestuoso do qual se precipitava um forte aguaceiro com faíscas e trovões...tudo isto se revelava pouco pacífico. Mas quando o rei observou atentamente reparou que atrás da cascata havia um arbusto que crescia numa fenda na rocha.


Neste arbusto encontrava-se um ninho. Ali, no meio do ruído da violenta camada de água, estava um passarinho placidamente sentado no seu ninho. Paz Perfeita!


Qual pensas que foi a pintura ganhadora?


O rei escolheu a segunda... mas por quê?


O rei explicou: "Paz não significa estar num lugar sem ruídos, sem problemas, sem trabalho árduo ou sem dor. Paz significa que, apesar de se estar no meio de tudo isso, permaneçamos calmos no nosso coração. Este é o verdadeiro significado de Paz."


Autor Desconhecido


sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Momentos de Paz - Frases Célebres

Este post foi elaborado tendo como objectivo a participação na Blogagem Colectiva “Momento de Paz”, iniciativa do blog Quiosque Azul que decorre até 31 de Janeiro.
Clique na imagem abaixo e participe desta iniciativa. Ainda vai a tempo de lutar contra a indiferença. Se um pode muito pouco, todos podem fazer a diferença.
Momento de Paz! Blogagem Coletiva pela Paz Mundial

Não direi mal de ninguém, mas só o que souber de bom acerca de cada pessoa.
Benjamin Franklin


A paz vem de dentro de ti próprio, não a procures à tua volta.
Buda

O mundo não está ameaçado pelas más pessoas, mas sim por aqueles que permitem a maldade.
Albert Einstein


Discordo daquilo que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito de o dizeres.
Voltaire

“Haveis provado que o papel dos indivíduos é importante e que, se cada um de nós fizer a parte que lhe compete, o nosso contributo colectivo será considerável.”

Kofi Annan, Secretário-Geral das Nações Unidas
Manhã de Junho

Talvez, talvez sejam os últimos
dias. Se for assim, são um esplendor.
Apesar dos aviões da Nato despejarem
bombas e bombas no Kosovo, a perfeição
mora neste muro branco
onde o escarlate
da flor da buganvília sobe ao encontro
da luz fresca da manhã de Junho.

A beleza (não há outra palavra
para dizê-lo), desta manhã
é terrível: persiste, domina –
apesar dos aviões, mesmo com
bombas a cair e crianças a morrer.
Eugénio de Andrade

Eugénio de Andrade,Os Sulcos da SedePorto, Fund. Eugénio de Andrade, 2000

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Casos Exemplares - Separação do Espírito e do Corpo Físico III

(continuação)
Entre tantos depoimentos, lembro-me de um que descreve a forma excepcional como desencarnou e despertou na Espiritualidade a amorosa mensageira Scheilla.
  • Durante a Primeira Guerra Mundial, estava a jovem Scheilla num campo de batalha de Hamburgo, na Alemanha, nas suas actividades de enfermeira, quando foi atingida por uma granada. A entrega e espírito de doação com que desempenhava as suas tarefas era tal, que assim que o seu corpo, foi atingido mortalmente, dela se acercou a figura do Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, que assim lhe falou:

- "Irmã Scheilla, não há tempo a perder. Muitos soldados acabam de desencarnar ao fogo da batalha. Estão em dolorosa situação. É necessário atender a todos. Vamos trabalhar!"
  • E Scheilla de imediato obedeceu, agora já na Espiritualidade, a abençoada tarefa de socorrer aos que sofrem, tal como vinha fazendo quando ainda estava encarnada.

  • Allan Kardec esclarece, de forma clara, que a alma quando desencarna passa, de um modo geral, por um estado de perturbação, cujo tempo é variável de indivíduo para indivíduo.
  • Enquanto alguns se desprendem, felizes, do corpo físico, outros se desesperam por terem de abandonar as ilusões a que estavam tão ligados.
  • É um sofrimento que dependerá, naturalmente, da conduta que se tenha enquanto "vivos" e também do conhecimento que se alcançar acerca do significado da Vida e da realidade do Plano Espiritual.
  • Entretanto, não basta ter adquirido um razoável conhecimento da Vida Espiritual para permitir que alcancemos uma desencarnação e um despertar tranquilo do Outro Lado da Vida, tal como não chega ao estudante de medicina obter o diploma para se tornar num médico experiente, mas é essencial que a nossa prática de conduta, nesta breve existência na Terra, nos habilite com créditos para a passagem.

    165. O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?

    R: “Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.”, PARTE 2ª - CAPÍTULO III, DA VOLTA À VIDA ESPIRITUAL, Perturbação Espiritual, pág. 118


Em jeito de conclusão, podemos afirmar que:

Se semearmos o bem, colheremos o bem.

Eduquemo-nos em pensamentos e actos, durante a vida na terra para que consigamos a morte de que nos fala Hernani Santanna :


“A morte (...) é a liberdade !
É o vôo augusto para a luz divina,
sob as bênçãos da paz da eternidade!
É bem começo de uma nova idade,
antemanhã formosa e peregrina,
da nossa vera e grã felicidade.”

SANTANNA, Hernani. “Canção do Alvorecer”. 2ª ed,: FEB, 1983, pg. 46.
  • Deixo esta questão no ar: até que ponto o estudo das leis que regem a Desencarnação nos pode facilitar este momento de transição?

  • Posts anteriores sobre o tema:

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Casos Exemplares - Separação do Espírito e do Corpo Físico III

(continuação)

Também aqueles que durante a época romana tudo enfrentaram, afim de dedicarem a sua vida a Jesus, desafiando os poderes instituídos, viram a sua coragem e fé triunfantes, recompensadas pela recepção gloriosa que lhes foi dispensada ao aportarem ao Mundo espiritual, logo após encontrarem a morte nas garras dos animais selvagens do circo romano.
Disso nos dá conta, o espírito Emmanuel, em relatos emocionantes nos livros “Há dois mil anos” e “50 Anos Depois”, psicografados por Francisco Cândido Xavier.

DESENLACE DE LIVIA NO CIRCO


"Ingressando na arena, Lívia ajoelhara-se defronte do grande e suntuoso pavilhão do Imperador, onde buscou lobrigar o vulto do esposo, pela derradeira vez, a fim de guardar no fundo da alma a dolorosa expressão daquele último quadro, junto da imagem íntima de Jesus Crucificado, que inundava de emoções serenas o seu pobre coração dilacerado no minuto supremo.

Pareceu-lhe divisar, confusamente, na doce claridade do crepúsculo, a figura ereta do senador coroado de rosas, como os triunfadores e, quando seus lábios se entreabriram numa última prece misturada de lágrimas ardentes que lhe borbulhavam dos olhos, viu-se repentinamente envolvida pelas patas selvagens de um monstro.

Não sentira, porém, qualquer comoção violenta e rude, que assinala comumente o minuto obscuro da morte. Figurou-selhe haver experimentado ligeiro choque, sentindo-se agora embalada nuns braços de névoa translúcida, que ela contemplou altamente surpreendida.

Buscou certificar-se da sua posição, dentro do circo, e reconheceu, a seu lado, a nobre figura de Simeão, que lhe sorria divinamente, dando-lhe a silenciosa e doce certeza de haver transposto o limiar da Eternidade." - Há 2000 anos - Emanuel


DESENLACE DE NESTÓRIO E DO FILHO NO CIRCO


"Com o peito crivado de setas que lhe exauriam o coração, e contemplando o cadáver do filho que expirara antes dele, dada a sua fraqueza orgânica, Nestório sentiu que um turbilhão de lembranças indefiníveis lhe afloravam ao pensamento já vacilante, confuso, nas vascas da agonia.

Com os olhos sem brilho pelas ânsias da morte arrebatando-lhe as forças, percebeu a multidão que os apupava, escutando-lhe ainda os alaridos animalescos...

Fitou a tribuna imperial, onde, certo, estariam quantos lhe haviam merecido afeição pura e sincera, mas, dentro de emoções intraduzíveis, viu-se também, nas suas recordações confusas, na tribuna de honra, com a toga de senador, enfeitado de púrpura, coroado de rosas (1) aplaudia, também ele, a matança de cristãos que, sem os postes do suplício nem flechas envenenadas a lhes traspassarem o peito, eram devorados por feras hediondas e insaciáveis...

Desejou andar, mover-se, porém, ao mesmo tempo sentia-se ajoelhado junto de um lago extenso, diante de Jesus Nazareno, cujo olhar doce e profundo lhe penetrava os recônditos do coração... Genuflexo, estendia as mãos para o Mestre Divino, implorando amparo e misericórdia... Lágrimas ardentes queimavam-lhe as faces descarnadas e tristes.


Aos seus olhos moribundos, as turbas furiosas do circo haviam desaparecido. Foi quando um vulto de anjo ou de mulher (2) caminhou para ele, estendendo-lhe as mãos carinhosas e translúcidas... O mensageiro do céu ajoelhara-se junto do corpo ensangüentado e afagou-lhe os cabelos, beijando-o suavemente. O antigo escravo experimentou a carícia daquele ósculo divino e seu espírito cansado e enfraquecido adormeceu de leve, como se fôra uma criança.


Em toda a arena vibraram radiações invisíveis, dos mais elevados planos da espiritualidade... Seres abnegados e resplandecentes estendiam fraternalmente os braços para os companheiros que abandonavam o invólucro perecível, nos testemunhos da fé, pela injúria e pelo sofrimento."


(1) Nestório era a reencarnação do orgulhoso senador Públio Lêntulus Cornélio. (Vide "Há Dois Mil Anos").


(2) Lívia. (Vide "Há Dois Mil Anos") — Notas de Emmanuel.


In “50 ANOS DEPOIS” – Emanuel, psicografia de Francisco Cândido Xavier

(continua)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Casos Exemplares - Separação do Espírito e do Corpo Físico II

(continuação)
Geralmente, o Espírito após o desencarne passa por um período mais ou menos longo de perturbação, como um convalescente que retoma a pouco e pouco a consciência do local onde se encontra ou do que acaba de lhe suceder. Todavia, nem sempre assim acontece com aqueles que se prepararam para o acontecimento, “vivendo bem para bem morrer”. Nos próximos posts apresentaremos alguns casos exemplares:

Adelaide

Encontramos Adelaide em conversação amena com o seu amigo espiritual, Bezerra de Menezes. Desencarnando em circunstâncias excepcionais, pelas qualidades morais de que era detentora, Adelaide apenas se preocupava com o facto de dar muito trabalho no minuto final aos seus benfeitores espirituais.

Ora, Adelaide – considerou o apóstolo da caridade -, morrer é muito mais fácil que nascer. Em ocasiões como esta, a resolução é quase tudo. Ajude a você mesma, libertando a mente dos elos que a imantam a pessoas, acontecimentos, coisas e situações da vida terrena. Não se detenha. Quando for chamada, não olhe para trás.in "Obreiros da Vida Eterna", Cap. XIX – A Serva Fiel - Pág.286

Adelaide, cheia de coragem e optimismo, solicitou aos amigos espirituais que a deixassem experimentar sozinha o desligamento dos laços mais fortes, pelo que, Jerônimo só teve de intervir no último minuto para “desatar o apêndice prateado”.

André Luiz, perplexo pelo facto disto poder acontecer, solicitou esclarecimentos, ao que o instrutor respondeu:

“- A cooperação de nosso plano é indispensável ao ato conclusivo de liberação; todavia, o serviço preliminar do desenlace, no plexo solar e mesmo no coração, pode, em vários casos, ser levado a efeito pelo próprio interessado, quando este haja adquirido, durante a experiência terrestre, o preciso treinamento com a vida espiritual mais elevada…Tudo depende de preparo adequado no campo da realização.” Cap. XIX – A Serva Fiel - Pág. 297

Deste modo, Adelaide ficou completamente livre e consciente, ainda antes do velório. Adiou a partida imediata, afim de acompanhar a inumação do corpo físico, consolando amigos e recebendo consolações.” In “Obreiros da Vida Eterna”, Cap. XIX – A Serva Fiel - pág. 297
(continua)

sábado, 24 de janeiro de 2009

Separação do Espírito e do Corpo Físico - Parte I




A desencarnação é imediata, após a morte? A separação do espírito e do corpo físico processa-se logo após a morte deste?

- A separação do espírito dá-se, geralmente, de forma gradual.

155. Como se opera a separação da alma e do corpo?
R: “Rotos os laços que a retinham, ela se desprende.”

a) - A separação se dá instantaneamente por brusca transição? Haverá alguma linha de demarcação nitidamente traçada entre a vida e a morte?

R: “Não; a alma se desprende gradualmente, não se escapa como um pássaro cativo a que se restitua subitamente a liberdade. Aqueles dois estados se tocam e confundem, de sorte que o Espírito se solta pouco a pouco dos laços que o prendiam. Estes laços se desatam, não se quebram.” in “O Livro dos Espíritos”, PARTE 2ª - CAPÍTULO III - Separação da alma e do corpo, pág. 114

- O trabalho de desligamento do perispírito, por parte dos amigos espirituais, é tanto mais intenso e pormenorizado, quanto maior for o apego do ser desencarnante aos bens (afectivos e/ou materiais) que deixa na terra.

Quanto mais evoluído for o espírito, mais rápido se processa o desligamento. No caso de Dimas, apresentado por André Luiz, aquele, possuidor de algumas conquistas evolutivas e conhecedor da vida espiritual, tendo exercido a mediunidade durante muitos anos, e contando com a ajuda do instrutor Jerônimo, obteve a separação algumas horas após a morte do seu corpo físico, tendo Dimas, em breve tempo, retomado a consciência.

“Duas horas antes de organizar-se o cortejo fúnebre… Jerônimo cortou o liame final, verificando-se que Dimas, desencarnado,, fazia agora o esforço de convalescente ao despertar, estremunhado, findo longo sono. (…) _Venha ver o aparelho que o serviu fielmente durante tantos anos. Contemple-o com gratidão e respeito. Foi seu melhor amigo, companheiro de longa batalha redentora. (dirigiu-se-lhe a genitora, referindo-se ao cadáver). in "Obreiros da Vida Eterna", Cap. XV – Aprendendo Sempre - Págs 226, 229

Fábio

“Reparei que Jerônimo repetia o processo de libertação praticado em Dimas, mas com espantosa facilidade...
Supus que o caso de Dimas se repetiria, ali, minudência por minudência; porém, uma hora depois da desencarnação, Jerônimo cortou o apêndice luminoso.
-Está completamente livre - declarou meu orientador, satisfeito.
(…)

Enquanto prosseguíamos, espaço acima, contemplei, respeitoso, o primeiro anuncio da aurora e, observando Fábio adormecido, tive a impressão de que gloriosos portos do Céu se iluminavam de sol para receber aquele homem, de sublime exemplo cristão, que subia vitorioso, da Terra...” Cap. XV – Aprendendo Sempre – Pág. 229

Cavalcante


Devido às suas concepções religiosas Cavalcante tinha medo de morrer. Imaginava visões terríficas do Inferno e mostrava temor das penas do Purgatório; tudo fazia para impedir a colaboração dos amigos espirituais aos quais não via, mas pressentia a presença.

“O pobre amigo permanecia agarrado ao corpo pela vigorosa vontade de prosseguir jungido à carne. O sistema nervoso central e o abdominal, bem como os sistemas autónomos, acusavam desarmonia crescente.
Reconhecia, entretanto, ali, naquele agonizante que teimava em viver de qualquer modo no corpo físico, o gigantesco poder da mente, que em admirável decreto da vontade, estabelecia todo o domínio possível nos órgãos e centros vitais em decadência franca.” Cap. XVIII - Desprendimento Difícil – págs. 268/9


Eutanásia – um obstáculo ao Desencarne do espírito

Face ao estado deplorável em que se encontrava o doente, o médico terreno decidiu intervir, através da eutanásia, desconhecedor que era de todo o processo que envolve o desligamento do espírito e, de como esse facto atrasa o despertar do desencarnante em condições razoáveis:
“- Não! – exclamava, mentalmente -, não posso morrer! tenho medo! tenho medo!
O clínico, todavia, não se demorou muito, e como o enfermo lutava desesperado, em oposição ao nosso auxílio, não nos foi possível aplicar-lhe golpe extremo.
(…)

A personalidade desencarnante estava presa ao corpo inerte, em plena inconsciência e incapaz de qualquer reacção. (…) sómente nos foi possível a libertação do recém-desencarnado quando já haviam transcorrido vinte horas, após serviço muito laborioso para nós. Ainda assim, Cavalcante não se retirou em condições favoráveis e animadoras. Apático, sonolento, desmemoriado, foi por nós conduzido ao asilo de Fabiana, demonstrando necessitar maiores cuidados.” Cap. XVIII - Desprendimento Difícil – Págs. 280/81

(continua)


quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A Individualidade do Espírito

-Após a morte do corpo físico, o espírito mantém-se vivo, conservando a sua individualidade.


150. A alma, após a morte, conserva a sua individualidade?
“Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?”

a) - Como comprova a alma a sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material?

“Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.” in "O Livro dos Espíritos", CAPÍTULO III - DA VOLTA DO ESPÍRITO, EXTINTA A VIDA CORPÓREA, À VIDA ESPIRITUAL, pág.112


O exemplo da libertação de Dimas, narrado por André Luiz, prova-nos de forma indubitável a sobrevivência do espírito e a conservação da sua individualidade após a morte do corpo físico, ambas as questões pontos doutrinários do espiritismo. Dimas permaneceu vivo e com a mesma aparência que mantinha antes da desencarnação.

“…notei que as forças em exame eram dotadas de movimento plasticizante. A chama mencionada transformou-se em maravilhosa cabeça, em tudo idêntica à do nosso amigo em desencarnação, constituindo-se, após ela, todo o corpo perispiritual de Dimas, membro a membro, traço a traço. E, à medida que o novo organismo ressurgia ao nosso olhar, a luz violeta-dourada, fulgurante no cérebro, empalidecia gradualmente, até desaparecer, de todo, como se representasse o conjunto dos princípios superiores da personalidade, momentâneamente recolhidos a um único ponto, espraiando-se, em seguida, através de todos os escaninhos do organismo perispirítico, assegurando, desse modo, a coesão, dos diferentes átomos, das novas dimensões vibratórias.
Dimas-desencarnado elevou-se alguns palmos acima de Dimas-cadáver, apenas ligado ao corpo através de leve cordão prateado, semelhante a sutil elástico, entre o cérebro de matéria densa, abandonado, e o cérebro de matéria rarefeita do organismo liberto.” In “Obreiros da Vida Eterna, Cap. XIII “Companheiro Libertado”, págs 211/12

Não será esta descrição uma demonstração inequívoca do erro em que caem as teorias materialistas, que defendem a inexistência de algo mais, após a morte do corpo físico e das de teor panteísta, que sustentam que o espírito retorna ao todo universal donde é extraído?

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Momento da “Morte” - O desprendimento

- A Morte do corpo físico implica a libertação do espírito

Ao reencarnar o Espírito liga-se ao corpo, através do perispírito, que a ele se une, molécula a molécula, átomo a átomo e ao desencarnar, inversamente se desprende, também, átomo a átomo, molécula a molécula.

Mas, como se processa esse desprendimento?


Há três grandes fontes de energia que têm de ser desligadas para que se dê a morte do corpo físico: o centro vegetativo, ligado ao ventre, o centro das emoções e desejos, situado no tórax, e, por último, o centro coronário.
  1. Com Dimas

“Jerônimo começou a operar sobre o plexo solar, desatando laços que localizavam forças físicas. Com espanto, notei que certa substância leitosa extravasava do umbigo, pairando em torno. Esticaram-se os membros inferiores, com sintomas de esfriamento…. Com passes concentrados sobre o tórax, relaxou os elos que mantinham a coesão celular no centro emotivo, operando sobre determinado ponto do coração, que passou a funcionar como bomba mecânica, desreguladamente…
Nova cota de substância desprendia-se do corpo, do epigastro à garganta…volveu a intervir no cérebro. Era a última etapa… brilhante chama violeta-dourada desligou-se da região craniana, absorvendo, instantâneamente, a vasta porção de substância leitosa já exteriorizada. Quis fitar a brilhante luz, mas confesso que era difícil fixá-la, com rigor.”
In “Obreiros da Vida Eterna", Cap. XIII “Companheiro Libertado”, págs 210/11
  1. Com Fábio

“Entramos. Três amigos espirituais receberam-nos... apresentou-nos o irmão Silveira, genitor de Fábio na Terra, que desejava colaborar conosco, em favor do filho querido..."
(…)

“Enquanto Silveira amparava o filho, com inexcedível carinho, Jerônimo aplicou ao enfermo passes anestesiantes. Fábio sentiu-se bafejado por deliciosas sensações de repouso. Em seguida, o Assistente deteve-se em complicada operação magnética sobre os órgãos vitais da respiração e observei a ruptura de importante vaso.
(…)
Reparei que Jerônimo repetia o processo de libertação praticado em Dimas…Depois da acção desenvolvida sobre o plexo solar, o coração e o cérebro, desatado o nó vital, Fábio fora completamente afastado do corpo físico.. Por fim, brilhava o cordão fluídico-prateado, com formosa luz. Amparado pelo genitor, o recém-liberto, descansava, sonolento, sem consciência exata da situação.”
In “Obreiros da Vida Eterna", Cap. XVI – Exemplo Cristão – págs 243, 253/54

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Animais domésticos em reuniões mediúnicas

Voltaremos mais tarde ao tema da Desencarnação, apresentando reflexões sobre o momento da "morte", como se processa o desenlace e os auxílios que recebemos da espiritualidade. Agora quero dar-vos a conhecer a experiência dum amigo com os animais, nossos amigos:
"Pede-me a amiga Joana que lhe relate, baseado na minha experiência, o que sucede quando animais de companhia estão presentes em reuniões mediúnicas.
Não é muito comum que tal suceda em reuniões mediúnicas sérias. Mas pode acontecer.
E, baseado na minha experiência (e apenas na minha) vou-lhe contar o que sucedeu em várias ocasiões em que tal aconteceu.

1. Em reuniões de cura mediúnica:

As reuniões realizavam-se então (há vários anos) numa dependência da residência de um companheiro nosso, apenas destinada para esse efeito. Essa dependência não tinha porta que a separasse do resto da habitação e, não raro, em reuniões de cura mediúnica, um ou mais gatos do dono da casa compareciam à reunião, aninhando-se a um canto. Mantinham-se quietos, serenos. Não perturbavam. Dir-se-ia que gostavam de estar lá a ‘receber as boas vibrações’.
Mais do que uma vez uma gatinha (mais atrevida) saltava, no final da reunião, para cima da mesa de cura e lá ficava quieta, deitada por algum tempo. Normalmente os gatos (dois ou três) permaneciam no recinto da reunião mesmo depois dos humanos terem abandonado a sala.
Indagámos uma vez os amigos espirituais sobre o comportamento dos animais. Foi-nos dito que, de facto, eles lá permaneciam para receber as “boas vibrações”. Para eles “nós (os espíritos) somos deuses”, disseram-nos os amigos. Nunca tomámos a iniciativa de afastarmos os gatos pois, por um lado não nos perturbavam, por outro, os espíritos amigos, dirigentes destas reuniões, nunca nos solicitaram que afastássemos os animais. Assim, das vezes que eles compareciam a essas reuniões, deixávamo-los estar no canto por eles preferido.

2. Em reuniões de encaminhamento espiritual de entidades sofredoras ou de desobsessão:

O dono da casa tinha uma cadelinha da raça caniche. Normalmente esta cadelinha ficava no jardim da residência. Sucedeu que, uma vez, sem que o dono soubesse, ficou dentro da mesma.

Entrou no recinto da reunião de encaminhamento espiritual sem que nos déssemos conta. Iniciámos a reunião. Pouco depois a cadela começou a ficar muito inquieta e a rosnar. Só então é que reparámos que o animal lá se encontrava.
Pouco depois a caniche fugiu espavorida do recinto e não mais nos perturbou.
Durante a reunião manifestaram-se entidades muito revoltadas, cheias de ódio e desejos de vingança. Com algum diálogo mas, sobretudo, com muita oração feita com muito amor e desejo sincero de auxílio a esses companheiros desequilibrados, estes acabaram por ser encaminhados pelos amigos da espiritualidade.
No final da reunião manifestou-se o Espírito dirigente da mesma que, após tecer algumas considerações sobre o tipo de auxílio prestado a esses irmãos desencarnados, nos aconselhou a não deixarmos entrar animais no recinto por estes “serem sensíveis” e poderem causar perturbação – que foi o que sucedeu neste caso. Curioso que a estes reuniões de encaminhamento espiritual os gatos raramente estiveram presentes.

3. Perturbação causada por animais mas vinda do exterior

As reuniões mediúnicas deixaram, mais tarde, de ser feitas na dependência da residência desse nosso companheiro e passaram a ser realizadas em pequena casa pré-fabricada que ele mandou instalar no jardim.
Numa noite em que realizávamos uma reunião, a caniche não parava de ladrar junto à casa, perturbando sobremaneira e impedindo mesmo a continuação da reunião, que tivemos que interromper.
Saímos da casa para afastar a cadela para longe. Conseguimos (talvez com a ajuda dos amigos espirituais). Retomámos a reunião e não mais perturbou até ao final.
Manifestou-se psicofonicamente um Espírito em ambiente espiritual sublime perante uma plateia de espíritos desencarnados e espíritos em desprendimento durante o sono.
No final manifestou-se o Espírito dirigente que nos explicou que “havia quem quisesse impedir aquela reunião”, utilizando, para isso os meios ao seu alcance. Neste caso a cadelinha caniche.

Dos relatos atrás, de situações em que participei e que presenciei, concluo que não são apenas os humanos que podem ser influenciados por espíritos desencarnados. Os animais são-no igualmente, mostrando uma certa sensibilidade “mediúnica”.
Mário

sábado, 10 de janeiro de 2009

A Desencarnação III


- O auxílio vem independentemente da religião professada, consoante o merecimento.

- Atraímos sempre os nossos afins e, próximos da morte, podemos contar com a sua presença.

Em Casa de Dimas

Dimas desencarnaria em breve vítima de cirrose hipertrófica. Havia dedicado meio século de existência a exercer as suas faculdades mediúnicas, em prol dos necessitados e o seu quarto, embora modesto, apresentava uma radiosa luminosidade, indicando a presença assídua de espíritos do bem.

Agradavelmente surpreendido, reparei que o doente se apercebeu da nossa presença. Cerrou os olhos do corpo, enxergou-nos com a visão da alma e animou-se, sorrindo...”
O enfraquecimento físico atingira o ápice e Dimas conseguia deixar o aparelho corporal, de certo modo, com extraordinária facilidade.
Vendo-nos, perto do leito, pôs-se em ardente rogativa, pedindo-nos colaboração. Estava exausto, dizia; no entanto, mantinha-se calmo e confiado. (…)
Seguindo-se ao meu auxílio humilde, Jerônimo dirigiu-lhe palavras de encorajamento e prometeu voltar, mais tarde.
Dimas, enlevado, endereçava ao Céu comovedor agradecimento.
Em breves momentos, dois amigos espirituais dele vieram ter ao quarto, saudando-nos atenciosamente.”
in Obreiros da Vida Eterna de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz, Capítulo XI –Amigos Novos-pág. 175

Em Casa de Fábio

Fábio era um homem equilibrado e amante do dever, treinado na meditação e no estudo das questões transcendentes da alma, colaborador activo nas obras do bem, embora não possuísse mediunidade activa empenhava-se na aplicação de passes, em estreita ligação com o mundo espiritual. Encontrava-se em vésperas de desencarnar pela tuberculose de que padecia.

“Vários mentores de nossa colônia têm em alta conta o seu concurso.(…) Em virtude da perseverança no bem que lhe caracterizou as atitudes, sua libertação ser-lhe-á agradável e natural. Soube viver bem, para bem morrer. (…)
Fábio, a rigor, não precisava apoio para a fé que nutria. Revelava-se tranqüilo e confiante e, embora o abatimento, natural em seu estado, ia ensinando, aos seus, inesquecíveis lições de coragem e de valor moral.”
pág.179

Em Casa de Albina

Senhora de avançada idade, Albina sofria do coração e era assistida pelas duas filhas no apartamento do elegante bairro em que vivia. Há muitos anos ligada ao culto presbiteriano, era dedicada na fé que cultivava e possuía grandes admiradores no mundo espiritual pelos trabalhos realizados na defesa do Evangelho.

“Mais uma vez, maravilhou-me a grandeza da fraternidade legítima, imperante na vida superior. Não se buscava o rótulo das criaturas, não se cogitava, em sentido particularista, de seus títulos religiosos ou sociais. Procurava-se o coração fiel a Deus, ministrava-se amparo reconfortador, sem qualquer preocupação exclusivista.”

O Assistente Jerônimo aproximou-se dela, tocou-lhe a fronte com a destra e Albina, de semblante iluminado e feliz ao contacto daquela mão bondosa e acariciante, exclamou para uma das companheiras que a assistiam:
– Eunice, dá-me a Bíblia. Desejo meditar um pouco.”

(…)

“Dispunha-se o Assistente a conversar conosco, evidenciando as formosas qualidades da enferma. quando alguém de nosso plano assomou à porta de entrada. Era dedicada amiga que vinha velar à cabeceira. Cumprimentou-nos, bondosa, com encantadora simplicidade.” págs. 180/181

Junto de Cavalcante


Homem de fé, Cavalcante, como padre da Igreja católica, tinha dedicado toda a sua vida ao serviço do próximo, não olhando a sacrifícios para acudir a quem dele necessitasse. Encontrava-se recolhido numa cama dum hospital gratuito, abandonado pela família que não compreendia o seu desapego às coisas materiais da existência. Todavia, não fora esquecido pela espiritualidade que, como reconhecimento por toda uma vida de dedicação, lhe enviou a equipa de André Luiz. Quando esta o foi visitar encontrou junto do leito um espírito, seu amigo, que o assistia.

“Decorridos alguns segundos, estávamos à frente dum cavalheiro maduro, rosto profusamente enrugado e cabelos brancos, a cuja cabeceira vigiava excelente companheiro espiritual.
Apresentou-nos Jerônimo a esse último. Tratava-se do irmão Bonifácio, que ajudava o doente.”,
pág. 183

Toavia, apesar das excelentes qualidades morais de que era detentor, Cavalcante não se tinha preparado convenientemente para o momento da partida, já que para além de desconhecer todo o processo que envolve a desencarnação, encontrava-se demasiado ligado às preocupações terrenas e familiares que o tinham absorvido até ao momento, manifestando grande intranquilidade.

“É virtuoso católico-romano, espírito abnegado e valoroso nos serviços do bem ao próximo. Veio de nossa colônia, há mais de sessenta anos, e possui grande círculo de amigos pelos seus dotes morais. Sua existência, cheia de belos sacrifícios, fala ao coração. (…)
Notei, todavia, que Cavalcante era absolutamente alheio à nossa influenciação. Nada percebia de nossa presença ali, verificando que ele, apesar das elevadas qualidades morais que lhe exornavam o caráter, não possuía bastante educação religiosa para o intercâmbio desejável. (…)
O pobrezinho não se preparou, convenientemente, para libertar-se do jugo da carne e sofre muito pelos exageros da sensibilidade. E muito embora o abandono a que foi votado, tem o pensamento afetuoso em excessiva ligação com aqueles que ama. Semelhante situação dificulta-nos sobremaneira os esforços.
– Sim – concordou Jerônimo –, entendemos a luta. A deficiência de educação da fé, ainda mesmo nos caracteres mais admiráveis, origina deploráveis desequilíbrios da alma, em circunstâncias como esta. Conservar-nos-emos, porém, a postos, como retribuição ao devotado amigo pelos obséquios inúmeros que dele recebemos.”, págs 183/4

Na Instituição dirigida por Adelaide

Adelaide dirigia há muitos anos uma instituição “espiritista-cristã” que albergava numerosas crianças em nome de Jesus.
Quando a equipa de André Luiz chegou ao local foi recebida por Bezerra de Menezes que assistia Adelaide e que assim se lhes dirigiu:

Felizmente, porém, nossa querida Adelaide não dará trabalho. O ministério mediúnico, o serviço incessante em benefício dos enfermos, o amparo materno aos órfãos nesta casa de paz, aliados aos profundos desgostos e duras pedradas que constituem abençoado ônus das missões do bem, prepararam-lhe a alma para esta hora...
– Adelaide sempre foi leal discípula do Mestre dos Mestres.
Apesar das dificuldades, dos espinhos e aflições, perseverou até ao fim.
A digna senhora, após olhar demoradamente delicados ramos de rosas que lhe ornavam o quarto, entrou em oração. De sua mente equilibrada, emanavam raios brilhantes. Não nos enxergou ao seu lado, exceção do devotado Bezerra de Menezes, a quem se unia por sublimes cadeias do coração.” Pág 185

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A Desencarnação II

Certo parece ser que não há duas desencarnações iguais, já que nesse processo influem alguns factores a ter em conta: o nível de evolução do espírito, o tipo de vida que levou na Terra, o estado de consciência espiritual em que se encontra, mas todos passamos por processos semelhantes e, tal como quando iniciamos uma viagem a paisagem começa a mudar aos nossos olhos, também à medida que o corpo enfraquece os seus sinais vitais, assim conseguimos observar e distinguir outros fenómenos que antes nos escapavam à observação; como se fôssemos detentores de antenas de alta frequência, passamos a captar imagens e sons do Mundo Espiritual que nos espera.
É assim que, muitas vezes, nos admiramos com comentários, para nós inusitados, do doente que se diz a ver chegar um familiar já falecido ou sorri, em meio ao sofrimento, afirmando-se tranquilo e quase feliz pela partida próxima - “Coitadinho, está tão mal que já delira!” - Atribuímos normalmente ao delírio a protecção que nos é enviada pelos céus.

No Livro “Obreiros da Vida Eterna” André Luiz segue numa equipa que tem como missão o auxílio a alguns desencarnados, cujas vidas se pautaram sempre pela prática do bem, merecendo, por isso, um tratamento mais acurado. Questionando o seu assistente sobre se todas as mortes são objecto de tantos cuidados, André Luiz compreende que alguns seres suscitam carinho especial, recebendo ajuda suplementar, mas que ninguém fica sem a assistência adequada por parte da espiritualidade no processo desencarnatório:

Nos múltiplos círculos evolutivos, há trabalhadores para a generalidade, segundo sábios desígnios do Eterno; entretanto, assim como existem cooperadores que se esforçam mais intensamente nas edificações do progresso humano, há missões de ordem particular para atender-lhes as necessidades.”
Capítulo XI –Amigos Novos-Pág. 173

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

A Desencarnação

Está a terminar uma época que simboliza para o Homem o nascimento de Jesus, independentemente da data exacta em que esse acontecimento se deu. Todavia, os sentimentos mobilizados pelo Natal ultrapassam as próprias crenças religiosas e/ou individuais, impulsionando o Ser humano para o seu semelhante, imbuído que se encontra dos ideais de fraternidade, solidariedade, paz e alegria. E o semelhante mais próximo é a própria família, no seio da qual fomos chamados a desenvolver todo o nosso potencial na senda do aperfeiçoamento como indivíduos.

Anelando ansiosamente pelo convívio com os nossos, num clima de bem-estar, saúde e alegria, os corações se entristecem ao recordar os que partiram e, sobretudo, se um dos elementos da família está em vias de “partir”. A Morte, encarada como um fim, como algo irremediável, de despedida e que quebra para sempre os laços fraternos que nos unem, destroça os lares, conduzindo os que assistem à partida dum ente querido, muitas vezes, ao desespero e à revolta insensata contra os desígnios divinos.

Toda essa negatividade acaba por envolver o próprio ser que parte e que desejaríamos auxiliar, mas que a nossa ignorância acerca do processo de desencarnação que decorre, contra a nossa vontade, muitas vezes, mais prejudica, criando obstáculos ao desligamento do espírito e retardando o minuto final, pela ansiedade e nervosismo com que envolvemos o ente querido. Não fossem os amigos espirituais que acorrem e isolam o paciente e muito sofrimento causaríamos sem nos apercebermos.

Decidimos, assim, neste ano que agora começa, tratar em vários posts do tema da desencarnação, já que, pese embora as nossas resistências em reflectir sobre o fenómeno da morte, todos fatalmente lidamos mais cedo ou mais tarde com ela. Se temos de encará-la, melhor será que estejamos preparados, conhecendo o processo e compreendendo-lhe o alcance. Através das nossas reflexões e contando com as descrições de autores espirituais como André Luiz, esperamos que neste ano as nossas concepções se alterem e que o desespero que nos assola, de quando em vez, dê lugar à resignação e ao renovar da esperança no reencontro com os que provisoriamente nos deixam.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A responsabilidade das reuniões de materialização

Uma história verídica

Nunca participei numa reunião de materialização de Espíritos. O que sei resulta da leitura de livros espíritas que abordam o assunto, nomeadamente os clássicos: “No País das Sombras”, de Elisabeth d’Espérance e “Um caso de Desmaterialização”, de Alexandre Aksakoff, em que a médium de materializações era precisamente Elisabeth d’Espérance. Lemos, igualmente, “Materializações Luminosas”, de R. A. Ranieri, e artigos em jornais espíritas (nomeadamente artigos de Carlos Imbassahy filho, no Jornal Espírita, de S. Paulo) mas também escutámos descrições de quem participou em reuniões deste tipo.

É uma destas descrições que passo a relatar. Foi-me feita por um companheiro de lides espíritas há cerca de 20 anos. Seu nome: Portugal Ferreira Marques. Nunca mais nos encontrámos com ele.

Sabíamos, da literatura, que para conseguir materializações era necessária a presença de um(a) médium de materializações e, sobretudo, de muita disciplina e persistência. Conta-nos Imbassahy que o grupo no qual participava só conseguiu alguns efeitos visíveis cerca de um ano após o início das reuniões regulares do grupo para o efeito.

Dado que já possuíamos estes conhecimentos e sabíamos das dificuldades e exigências inerentes às reuniões de materialização, indagámos o companheiro sobre se em alguma reunião tinham ocorrido algum acidente. Ele informou-nos:
“Duas vezes”. E passou a relatar.

“As nossas reuniões decorriam num ambiente completamente escuro. Uma noite, e porque estava muito calor, deixámos a janela da sala um pouco aberta. Estava lua cheia e, pela janela, entrava um pouco da luz do luar que incidia na perna do médium. Terminada a reunião verificámos que o médium não tinha perna. Ela se tinha desmaterializado. Ficámos muito preocupados. Fechámos a janela, ficando agora completamente às escuras. Após mais de uma hora de oração e concentração demos por terminada a reunião. A perna do médium já estava no seu lugar: tinha-se materializado. Mas havia uma diferença. É que antes essa perna tinha uma mancha na pele. Agora, a mancha tinha desaparecido”.

“Em outra vez, após materializações de espíritos, antes de terminarmos completamente a reunião e ainda com espíritos completamente materializados acendeu-se bruscamente a luz. Os espíritos retornaram rapidamente à cabine escurecida. Ouviu-se um crepitar, como se se tratasse de carne colocada em cima de uma chapa quente. Apagámos apressadamente a lâmpada. Concentrámo-nos e orámos. Do lado espiritual a reunião era dirigida pelo Dr. Bezerra e outros espíritos de elevada hierarquia.
Quisemos, posteriormente, saber porque se tinha acendido a luz e o que acontecera aos espíritos que, no momento, estavam materializados. Ficámos sabendo que o primeiro facto se deveu à leviandade com que um jovem casal participou na reunião que, distraindo-se com o namoro, abriu uma brecha pela qual penetraram espíritos malfeitores que accionaram o interruptor fazendo com que a luz se acendesse.
Quanto aos espíritos atingidos foi-nos mais tarde informado que ainda se encontravam em tratamento em hospital da espiritualidade”.

Nunca mais tivemos a oportunidade de ouvirmos relatos de quem participou ao vivo em reuniões de materialização de espíritos. Mas destas descrições nunca mais nos esquecemos, relembrando-nos a transcendência das reuniões mediúnicas sérias que devem ser encaradas por quem nelas participa com a disciplina, o respeito e a solenidade do acto.


03 de Janeiro de 2009
Mário