sexta-feira, 16 de março de 2007

A mediunidade


Médium é todo aquele que se constitui, pelas suas características orgânicas, como intermediário entre o espírito comunicante e o ser humano, captando as suas ideias, as suas influências, deixando-se guiar por pensamentos ou actos coincidentes com o seu carácter, seus vícios ou virtudes.
Pela lei da simpatia (afinidade) se estabelece a sintonia. Tal como o Homem se afasta ou aproxima na Terra de grupos que lhe são mais ou menos afins, provocando-lhe a simpatia ou a repulsa, assim acontece, quer no Mundo dos Espíritos (que se unem em famílias), quer nas suas manifestações aos encarnados, através do médium que melhor lhe serve os propósitos para o Bem ou para o Mal.
Se o espírito é leviano ou orgulhoso ou pretende tirar algum proveito pessoal da sua intervenção, procurará um médium compatível com seus desejos, procurando influenciá-lo, pelo elogio, pela cobiça de bens materiais, não tendo qualquer pejo em assinar por baixo com nomes sonantes que causem impacto na sociedade, para melhor exercer seu poder e difundir suas ideias, impedindo ou retardando o progresso da Humanidade.
Desde os tempos mais remotos esse intercâmbio se fez. Grandes benfeitores, inspiraram cientistas, filósofos, na resolução das grandes questões colocadas e cujo tempo para a sua descoberta era chegado. Músicos, pintores, escultores e escritores revolucionaram a Arte, recriando na Terra, um reflexo da Beleza que recolheram no Mundo Maior da Espiritualidade, através dos sonhos e visões espirituais, reproduzindo-as para maior conforto e alegria de todos.
Ninguém poderá afirmar, pois, que não é médium. Quem não teve já intuições que se revelaram verdadeiras, sonhos premonitórios? São as influências exercidas pelos espíritos, nossos anjos guardiães, que se acercam de nós para nos avisar de algum perigo ou nos afastar de obstáculos indesejáveis.
Quem se pode gabar de nunca ter sido assaltado por pensamentos de raiva, de vingança, de humilhação do outro? Se a nossa consciência repele tais pensamentos, provavelmente, eles nos são instigados, por espíritos que carecem de aperfeiçoamento moral, causadores de tantos males sociais e que circundam o planeta no estádio de imperfeição e ignorância em que este ainda se encontra.
Cabe-nos a nós, pelo nosso livre arbítrio, aceitar ou repudiar essas sugestões.

E é aqui que o Espiritismo desempenha o grande papel de reformador dos valores do Cristianismo, pelos quais se deve reger uma civilização mais justa e mais fraterna.
Espírita é, assim, aquele que conhece a Doutrina Espírita, que estuda e se inspira nas obras compiladas por Allan Kardec e que tenta burilar o seu carácter, com aplicações concretas no seu dia a dia, dos conselhos dos bons espíritos: Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”(O Evangelho Segundo o Espiritismo, Espírito de Verdade, Paris, 1860, citado, igualmente, em O Livro dos Médiuns).
Há pessoas que detêm um talento especial (mediunidade ostensiva) para entrarem em contacto com os espíritos, tal como possuímos, todos nós, talentos especiais para a música, para a medicina, para a escrita…
Sendo espírita, o médium distingue-se de todos os outros, não por ser superior, mas pela grande responsabilidade que lhe cabe no desempenho da missão que lhe foi atribuída, pois detém o conhecimento e o auxílio dos Benfeitores espirituais: “a quem muito é dado, muito será pedido”.
Temos assim, que a mediunidade é independente das crenças do médium, do seu carácter, da sua cultura… e, se lhe foi concedida, foi para seu benefício moral e um mais rápido progresso no rumo da felicidade, pois ao aplicá-la no auxílio ao próximo, mais beneficia a si mesmo.

“-Se é uma missão, porque não se apresenta como privilégio dos homens de bem, sendo dada a pessoas que não merecem nenhuma consideração e que podem abusar dela?”

“-Precisamente porque essas pessoas necessitam dela para se aperfeiçoarem, e para que tenham a possibilidade de receber bons ensinamentos. Se não a aproveitarem, sofrerão as consequências. Jesus não falava de preferência aos pecadores, dizendo que é preciso dar aos que não têm?”
(Livro dos Médiuns, Capítulo XVII, questão 14).

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