domingo, 20 de abril de 2008

Domingo de Páscoa

Na reunião da noite de 23 para 24 de Março de 2008, domingo de Páscoa, após a leitura de um trecho do Evangelho, manifestou-se uma entidade que emprestava à sua comunicação um tom clerical e solene. Ouvimo-la sem interromper. Tratava-se de um antigo padre católico muito arreigado às exterioridades da sua religião. Recusava-se a aceitar a reencarnação, o conhecimento de vidas anteriores, ao qual opôs cerrado bloqueio. Fuga certamente relacionada com traumas e/ou vivências menos dignas por que passou. Como aliás todos nós, afinal.

No término da reunião, manifestou-se um amigo espiritual que conduziu os trabalhos, do qual, pelo facto de ter vivido à época de Jesus e ser conhecido dos Evangelhos, não indicaremos o nome, embora tal não nos tenha sido solicitado.

Entidade - (...) Vimos convidar-vos ao regresso aos bons costumes, às tradições, à palavra de Jesus, ao respeito por Deus, Nosso Senhor. Deveis cumprir as tradições, meus filhos, deveis comungar, deveis beber o sangue de Cristo, confessar os vossos pecados, afastar-vos do mal, não invocar os mortos, deixai os mortos em paz, eles precisam de sossego. Jesus está entre nós. É a Jesus que devemos dirigir os nossos pensamentos, as nossas palavras de arrependimento.

Não devemos incomodar quem Deus já chamou para si, meus filhos. Esses estão no descanso. Isso é um pecado condenado pela Igreja. Deveis respeitar esta época sagrada, a época da Páscoa. Da morte e da ressurreição de Jesus. Devíeis estar a festejar a ressurreição.

Orai, meus filhos. Orai com fé. E afastai-vos do mal, destas práticas que não são aprovadas por Deus, que são condenáveis aos olhos de Deus. Porque se Deus quisesse que elas existissem, Jesus não teria criado a sua Igreja para que todos os fiéis a pudessem seguir. Lede a bíblia, meus filhos, esse livro sagrado, onde se inscrevem há 2000 anos as palavras de Jesus. Aprendei as orações. Aprendei a comungar. Aprendei a confessar-vos. Para que não volteis a cair nos mesmos erros.

Doutrinador - Obrigado, querido amigo. Quereis dizer o vosso nome?

Entidade - O meu nome pouco importa. Eu vim aqui como servo de Cristo, humildemente dirigir-me a vocês que estão a ir por maus caminhos. São ovelhas tresmalhadas.

Doutrinador - Querido amigo, vós sois padre, não é verdade?

Entidade - Eu sou apenas um servo de Jesus. Claro que eu sou padre e sigo as normas da Igreja, as palavras do Cristo. E venho convocar-vos a segui-las também. A respeitar a sua Igreja, a ir à missa, ouvir as palavras de Jesus. Conhecer o Livro Sagrado, respeitar as normas da Santa Madre Igreja. Conviver com todos os fiéis que a frequentam. Confraternizar.

Doutrinador - Quereis dizer que essa é a melhor forma de alcançarmos o Céu, não é verdade?

Entidade - Assim o disse Jesus. Assim o diz a Igreja.

Doutrinador - E vós estais no Céu, não é verdade?

(pausa)

Entidade - Chamemos-lhe assim... é um Céu onde continuo o meu trabalho, com todos os meus fiéis, sempre, sempre, sem falhar. Temos muitos, muitos, muitos, muitos fiéis nas nossas igrejas e eu trabalho numa delas.

Doutrinador - E eles vieram até aqui convosco?

Entidade - Alguns sim. Alguns que quiseram vir e quiseram acompanhar-me. Eu venho em paz.

Doutrinador - Com certeza. Nós estamos todos aqui em paz. E reunidos em nome de Nosso Mestre, Jesus.

Entidade - Mas em práticas pouco adequadas, em práticas condenáveis pela Igreja. Não deveis chamar ninguém. Isolar-vos. Aqui não é um local adequado para uma missa. Não está aqui nenhum padre. Juntais-vos uns com os outros isolados e tentais falar com os mortos. Ora isso, meus amigos, meus irmãos, não é o mais adequado. Deveis seguir as regras.

Doutrinador - Mas nós não invocámos os ‘mortos’ meu irmão.

Entidade - Invocais os mortos. Porque há quem o diga. Isto são práticas espíritas.

Doutrinador - E quereis dizer que ajudar um irmão em sofrimento está errado?

Entidade - Seguindo as regras não está errado. É esse o meu trabalho. É ajudar. É chamá-los para Deus. É mostrar-lhes a Verdade. Mostrar-lhes que têm que se transformar por dentro. Tudo isso está muito certo. As regras é que não são as adequadas.

Doutrinador - Quereis dizer que fostes padre aqui nesta cidade?

Entidade - Os homens e vocês, espíritas, querem conhecer tudo, querem saber tudo. Querem localizar exactamente tudo. Não fui padre nesta cidade. O mundo é muito maior do que esta cidade. Sou um humílimo servidor de Jesus.

Doutrinador - Com certeza, querido amigo. E ouvimos com atenção as tuas palavras.

Entidade - E espero que elas se repercutam dentro de vós. Que possais ouvir as palavras de Jesus. O chamamento de Deus para a oração na Sua Casa.

Doutrinador - E antes de teres sido padre na última encarnação lembrai-vos...

Entidade - Isso é outra ideia errada. Não há reencarnações. Nós vimos e vivemos uma vida. Vivemos uma vida só, que é muito passageira. E continuamos do lado de lá a trabalhar. Para vocês é do lado de lá. Para nós, é do nosso lado. Continuamos a trabalhar.

Doutrinador - E, com certeza, para vós, Deus é infinitamente justo, não é verdade?

Entidade - Deus é infinitamente justo. Deus é perfeito.

Doutrinador - Como explicais que à nascença haja crianças, umas inteligentes, outras atrasadas...

Entidade - Porque todos somos diferentes. Cada qual traz as suas provas. E o que interessa não é que sejam diferentes. O que interessa é que perante cada prova esse ser humano consiga vencê-la. É isso que lhe dá créditos.

Doutrinador - Mas então porquê, então, uns nascerem na abundância e outros na miséria?

Entidade - Deus assim o destina.

Doutrinador - Então Deus não é justo.

Entidade - Deus é justo porque o trabalho continua. Porque todos temos que nos ajudar uns aos outros. Quem veio na abundância tem que ajudar os pobres.

Doutrinador - Quereis dizer que a vida é só uma. Então experimenta lá a recuar no tempo, querido amigo. Vamos lá a recuar no tempo.

[O doutrinador ora com fé o Pai Nosso e pede a Deus a permissão para que este nosso companheiro possa ver, visualizar existências anteriores]. Vá, querido irmão. Observa.

Entidade - Eu não vejo nada. Isso são as vossas práticas. Vocês querem, a toda a força convencer que a Bíblia está errada. Que Jesus está errado. Que as coisas funcionam à vossa maneira. Mas nada disso é adequado, meus filhos. Tendes de mudar. Vós é que tendes de mudar.

Doutrinador - Observa, querido amigo, a tua existência anterior.

Entidade - Eu não tive existência anterior. Não há existências anteriores.

Doutrinador - Não podes apagar da memória, querido amigo. Observa.

(Pausa...). Na reunião todos continuam em oração.

Entidade - Eu já ouvi falar de práticas em que põem no cérebro das pessoas imagens para que elas pensem que são reais. Eu não vim aqui em luta. Vim aqui em paz convocar-vos ao bem, às boas práticas.

Doutrinador - Observa, querido amigo. Nós também não estamos em luta, mas sim em esclarecimento.

Entidade - Mas estão a pôr-me imagens na minha memória. Não sei o que é isso.

Doutrinador - Observa essas imagens e talvez te reconheças.

Entidade - Vejo uma criança a pastar ovelhas em campos verdejantes. Mas não sei porque é que me estão a fazer ver essa imagem. Nem sei em que é que isso contribui para aquilo que aqui vim fazer. Que foi trazer-vos a palavra de Jesus.

(Pausa...)

Estou com muita dor de cabeça. Não sei o que é que estais fazendo, mas não me estou sentindo bem.

(Pausa longa...)

Isso é uma alegoria, quase... Uma criança a apascentar ovelhas, como eu apascento as minhas ovelhas. Já o resto é uma história muito forçada. (Pausa...)

[Este nosso irmão foi, em seguida, retirado adormecido e conduzido para plano espiritual adequado ao seu estado].

O doutrinador ora em agradecimento a Deus a ajuda recebida por este companheiro.

Após alguns minutos manifesta-se o Espírito orientador dos trabalhos...

“Boa noite, meus amigos.

Que a Paz do Senhor fique connosco.

Trouxemos hoje aqui este nosso irmão como exemplificação das palavras do Evangelho.

Nada é fácil. A natureza e os seus fenómenos sucederão de forma dolorosa, ainda que bela, da semente à flor.

Este amigo está em processo da sua transformação individual, a caminho de mais um degrau no reconhecimento das palavras de Jesus. Para isso, muito tem contribuído toda a sua boa intenção de auxiliar o próximo, ainda que de forma transversa, em fuga constante de si mesmo, pois cada uma das mudanças que temos que proceder em nós mesmos, ainda que muito pequenina nos causa profunda dor

É preciso muitas vivências, muito sofrimento, muitas desilusões, muito desespero, para que possamos convencer-nos de que é preciso mudar.

Daí, que as palavras que nos parecem tão fáceis de entendimento, ainda que muitas delas alegóricas, devido aos tempos em que foram pronunciadas pelo Mestre, não as consigamos cumprir. Conseguimos reproduzi-las, conseguimos situá-las no seu contexto, imaginando situações concretas de aplicação de suas palavras. O que não conseguimos é proceder a essa mudança, coincidente com a nossa compreensão. Isso, quando já compreendemos.

Há por isso muitos lugares, muitas moradas na casa do Pai infinitamente bom e infinitamente justo, guardando um lugar adequado para cada um de nós, permitindo que possamos crescer, quer em entendimento, quer em transformação, difícil, com certeza. Mas Deus não tem pressa e todos chegaremos, cada qual pelo seu caminho, cada qual agindo e reflectindo e escolhendo de acordo com o seu espírito. Mas todos, terminando esse processo, desabrocharemos em lindas cores, abrilhantando os céus, muito distantes da primeira semente tosca, latente de vida, que foi lançada à Terra por Deus.

Que a Paz fique convosco, meus irmãos, e que estas lições vos possam fazer crescer a todos em entendimento, mas, sobretudo, em acções diárias perante vós mesmos e perante vossos semelhantes, pois não há saltos na natureza e a tolerância para com os erros dos outros terá que ser o nosso lema, porfiando por nossa transformação. Essa sim a nossa missão principal: o crescimento em direcção a Deus, palmilhando a estrada do Mestre Jesus.

Ficai em Paz.”

O doutrinador pergunta sobre o destino da entidade espiritual que foi auxiliada esta noite.

“Este nosso companheiro foi conduzido adormecido, pois terá muito que esperar até conseguir mudar de vida, refazendo os seus planos, saindo de suas rotinas. O que mais vicia o Homem é a rotina a que se entrega, pois essa é a melhor fuga que o homem descobriu algum dia.”

O doutrinador pergunta a identidade deste Espírito Amigo orientador dos trabalhos. Após alguns segundos identificou-se parcialmente, sendo, posteriormente, a identidade completa confirmada pela médium, através da qual chegou, psicofonicamente, a comunicação. Pela razão que indicámos no início, não revelaremos o seu nome.

O doutrinador termina, agradecendo a Deus a oportunidade concedida.

Manuel

Núcleo Espírita ‘Amigo Amen’

Santa Maria

2 comentários:

  1. Olá Joana!

    Adoro ler esses relatos de reuniões de auxílio aos desencarnados. Essa de agora foi mesmo uma bela lição. Voltarei aqui para ler novamente com mais calma.

    Beijos! Fica na paz!

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  2. Muito boa noite
    Muito interessante esse relato, gostaria de lhe mostrar meu blog no Brasil
    http://espiritismo-br.blogspot.com/
    Muito simples e não chega perto do seu em conteúdo e qualidade, mas tem o objetivo de auxiliar como possível.

    Grande abraço

    Paz e muita Luz

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