quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O Mito de NARCISO

Caravaggio

O termo narcisismo encontra as suas origens na mitologia grega. Narciso era filho da ninfa Liríope e do deus fluvial Cefiso.


Um dia, Narciso viu a sua imagem reflectida na superfície duma fonte e apaixonou-se perdidamente pela beleza que o caracterizava. Esquecido de tudo o que o rodeava, ficou dias e dias contemplando-se a si próprio, até à autodestruição total, pela fome, sede e solidão experimentadas.


Mais tarde, as irmãs procuraram o corpo para realizarem as cerimónias fúnebres, mas em seu lugar, encontraram, junto da fonte, uma delicada flor amarela, cujo centro é rodeado por pétalas brancas parecendo folhas.


Em Psicologia, o mito de Narciso simboliza a vaidade, a auto-admiração e o excesso de fantasia, reprovados pela ética e pelo próprio inconsciente individual. Daí o final de Narciso que o conduz à autodestruição, fazendo lembrar a insatisfação generalizada que caracteriza a sociedade em que vivemos e que, embora mergulhada nos prazeres mundanos, em processo de fuga, dificilmente afasta a solidão e o vazio que invade os corações.

Como contraponto, lembrei-me duma história que li (já não sei onde) e que me marcou pela simplicidade do gesto e pelo simbolismo do acto espontâneo de doação.
Conta-se que uma senhora viajava diariamente de autocarro e, durante o percurso, ia atirando pela janela algo demasiado pequeno aos olhos dos demais. Um senhor que a observou algumas vezes, cheio de curiosidade, resolveu sentar-se ao seu lado e interrogá-la.


- É pela memória do meu filho; são pequenas sementes de flores que lanço à terra. – explicou a senhora.


- Mas aqui só existe mato selvagem!!!


- Não importa se algumas caiem na estrada, outras se perdem entre as pedras. As que caírem nesse mato um dia o modificarão. Eu faço a minha parte.

O senhor silenciou e esqueceu o assunto.


Tempos mais tarde, voltou a fazer o mesmo percurso de autocarro e lembrou-se da senhora com quem conversara e que atirava sementes de flores pela janela. Mas, por mais que olhasse em redor, não conseguiu avistá-la. Perguntou por ela ao motorista e foi informado de que a senhora havia falecido. No decurso da viagem foi reparando que nalgumas partes do que antes era apenas mato e terra abandonada, havia pequenas clareiras de flores coloridas e que embelezavam a paisagem, antigamente monótona e sem interesse.


Nos dias que se seguiram o senhor apanhou o autocarro com um saco de sementes na mão e foi lançando sementes pela janela.

Façamos também cada um de nós a nossa parte.

4 comentários:

  1. its good to know about it? where did you get that information?

    ResponderEliminar
  2. im your favorite reader here!

    ResponderEliminar
  3. Muito direta essa sua mensagem. Só não entende quem realmente não quer. Se cada um fizer sua parte, tudo pode ser mudado sem que uns trabalhem mais e outros menos. Ou nada! Parabéns pelo seu Blog!

    ResponderEliminar