Ora, a mediunidade não se aprende. Ou se tem ou não se tem a faculdade necessária ao contacto com o Mundo Espiritual. Algo comparável a querermos ouvir um determinado canal de rádio, mas não possuirmos a antena adequada ou mesmo o referido instrumento – um rádio.
A mediunidade é uma faculdade orgânica, uma predisposição trazida da Espiritualidade, acompanhando-nos desde o nascimento, incluída num dado programa de tarefas na Terra, ou que nos caracteriza como seres em processo evolutivo. Possuímos faculdades mediúnicas, tal como outros sentidos. VISÃO, AUDIÇÃO…nuns indivíduos mais apurados do que noutros.
A mediunidade não foi inventada pelos espíritas nem é um termo cujo uso lhes seja exclusivo. Ser médium não significa de modo nenhum ser espírita, pois qualquer um pode possuir a faculdade de comunicar com o mundo invisível, independentemente do sexo, classe social ou crença professada.
A mediunidade faz parte do Homem desde os tempos mais remotos. Todas as civilizações a referem de modo natural nos seus livros sagrados ou míticos.
Vemos Ulisses falar com a sua mãe já falecida na Odisseia, de Homero, trazendo-lhe notícias de casa e encontramo-la retratada na Eneida de Virgílio. A relação entre o visível e o invisível é apresentada no Livro dos Mortos dos egípcios, no Popol Vuh dos Maias, nos Vedas e no Bhagavad Gita da Índia e na Bíblia.
Embora não se possa dividir e classificar facilmente os tipos de mediunidade, pois ela apresenta-se em múltiplas facetas e quase individualizada nos seus caracteres e manifestações, a grande distinção faz-se entre médiuns audientes, videntes e psicógrafos (escrita), e psipictógrafos (pintura).
Faremos aqui, ainda outra distinção, apenas a título didáctico, pois como referimos a mediunidade transporta consigo inúmeras combinações e variações.
Mediunidade de expiação - A mediunidade não é uma doença, embora possa surgir ligada a alguns distúrbios físicos ou mentais.
Existem algumas experiências muito interessantes com doentes em tratamento psiquiátrico convencional, acompanhado de passes, água fluidificada e orações que internados em clínicas espíritas bem dirigidas, obtêm resultados muito satisfatórios.
Há inúmeros casos em que a mediunidade tem carácter de reajuste, isto é, o seu portador sofre, subordinado às Leis de Causa e Efeito, o resultado de actuações desajustadas em vidas anteriores, manifestando-se no presente sob a forma de graves desequilíbrios psicofísicos, não isentos de uma componente persecutória de antigos inimigos do Mundo Espiritual.
Os sintomas são passíveis de cura mediante a terapêutica espírita aliada aos tratamentos médicos terrenos.
Mediunidade de prova - A mediunidade pode ter também um carácter provacional, ou seja, o Espírito já detentor de maior conhecimento e de experiências acumuladas em vivências passadas, ESCOLHE a mediunidade como forma de consolidar as aquisições anteriormente conseguidas, além de se prestar a ser útil à comunidade onde se vai inserir, fazendo-o de forma desinteressada e sem qualquer cobrança ao próximo. É o caso dos médiuns que trabalham nos Centros Espíritas, de forma altruística e ABSOLUTAMENTE GRÁTIS.
Ou o das antigas benzedeiras que colocando o azeite na barriga dos bebés, lhes curavam o “quebranto” ou o “afito” com rezas que resultavam sempre, mesmo com quem não acreditava.
Quem não se lembra de passar por isso? Não importava o azeite, nem as palavras, mas as mãos curadoras cujos passes produziam o efeito desejado, com a colaboração da espiritualidade.
Os médiuns, possuidores deste tipo de mediunidade, embora naturalmente não estejam isentos de erros, de quedas, de falhas no comportamento, de oscilações de conduta, de perturbações espirituais, distinguem-se dos primeiros (mediunidade expiatória) apenas porque lidam melhor com o fenómeno. Não possuindo desajustes perispirituais, mas apenas a predisposição orgânica submetem, com muito mais facilidade, o fenómeno ao seu controle, ao comando da sua vontade.
Mediunidade sensitiva – Estes médiuns geralmente apresentam uma hiper-sensibilidade , nem sempre ostensiva, quanto à percepção das coisas do Mundo Invisível. "Sentem" o ambiente, as pessoas, as situações, captando de forma natural com as suas sensíveis "antenas psíquicas", as vibrações do mundo Invisível.
Com o evoluir da sociedade humana, cada vez mais seres virão dotados desta capacidade orgânica que lhes facultará de modo natural o intercâmbio entre os dois lados da vida.