Um amigo do Kosovo (3) - CONTINUA
Espírito
- Sobre a vingança.
Doutrinador
- Exactamente...
Espírito
- Sobre o meu caso!...
Doutrinador
- Exactamente. E sabes o que dizia a lição?
Espírito
- ...e olha: e destes todos que estão aqui.
Doutrinador
- Exactamente. Não estás sozinho.
Espírito
- Pois não. Estes também têm coisas a cobrar.
Doutrinador
- Todos quantos estão aqui têm razões de queixa. Mas sabes uma coisa, meu
amigo? A lição veio-nos trazer precisamente uma elucidação sobre o assunto.
Espírito
- Que é isso: uma elucidação?
Doutrinador
- Veio-nos esclarecer. Porque a lição dizia precisamente que nós não nos
devemos vingar.
Espírito
- Mas isso é o que diz a lição. Também se eu abrir os livros (que eu nunca li
os livros...) se eu abrir os livros também lá encontro que o homem deve ser...
Doutrinador
- E tu leste isso no Corão.
Espírito
- Mas isso é o livro, não é a vida. Nós somos homens. Temos que defender o que
é nosso. Alá também nos manda defender o que é nosso.
Doutrinador
- Sim, mas não nos manda vingar. Manda-nos perdoar. Não é verdade, amigo?
Espírito
- Não posso perdoar. Foi uma grande injustiça.
Doutrinador
- Foi, sim senhor.
Espírito
- Eu vejo justiça em Alá. Hoje eu vi justiça em Alá ao ficarmos independentes
dos assassinos.
Doutrinador
- Foi uma grande injustiça. Mas ouve, amigo...
Espírito
- Mas não vejo justiça para aqueles assassinos todos.
Doutrinador
- Mas ouve, amigo. Como nós vivemos muitas existências é possível que em
existência anterior tu e os teus amigos que aqui se encontram tenham feito
coisas semelhantes àquelas que vos foram feitas.
Espírito
- Ah, não... eu já ouvi falar. Mas não me lembro disso.
Doutrinador
- Mas, certamente, tu gostarias de voltar a encontrar as tuas filhas, os teus
familiares, não é verdade?
Espírito
- Morreram.
Doutrinador
- Não morreram.
Espírito
- Ficaram dentro de uma cova, enterradas.
Doutrinador
- O corpo ficou lá, mas elas não.
Espírito
- Não as tenho encontrado. Nunca mais as vi.
Doutrinador
- Sabes por que é que não as tens encontrado?
Espírito
- Não sei em que Céu é que se encontram.
Doutrinador
- Sabes por que é que não as tens encontrado? Porque tens sempre o teu
pensamento fixado no desejo de vingança.
Espírito
- Ah, tenho que as vingar para as poder encontrar.
Doutrinador
- Não. É o contrário, meu amigo.
Espírito
- Não, não. Enquanto os assassinos delas andarem à solta eu não consigo
encontrar-lhes o Céu.
Doutrinador
- É exactamente o contrário. E nós vamos ver que é assim. Tu crês em Alá, não é
verdade?
Espírito
- Não se pergunta, porque isso é uma blasfémia.
Doutrinador
- Ora bem. Então, em nome de Alá, eu peço: Alá ajuda-nos. Tu nunca nos faltas
com o Teu Amor, com a Tua Caridade, com a Esperança no futuro. Sempre estiveste
presente entre nós e sempre enviaste os teus profetas para nos auxiliarem, nos
esclarecerem, nunca nos deixaste ao abandono. Rogamos-Te que venhas aqui ter
connosco. Que nos auxilies. Que nos envies a Tua Luz. Para todos nós. Porque
todos nós somos necessitados desse Teu Amor infinito que nunca nos faltou.
Nunca descremos de Ti, passando, embora, todas as provações ou todas as
misérias. Sabemos que estás aqui presente. E nós reverenciamos-Te e dobramo-nos
perante Ti, Senhor. Porque a Tua Luz divina vai descer sobre este ambiente. Vai
esclarecer as mentes de todos quantos aqui se encontram, a quem damos um grande
abraço e a quem exortamos que abram seus olhos, pois aqui se vão passar
milagres. Milagres de Fátima, a quem pedimos também auxílio. E a Ti te rogamos
o Teu auxílio, o Teu perdão. Queremos ser auxiliados e também perdoados.
Abri
os olhos, amigo. Os milagres acontecem aqui. Por isso fostes aqui trazidos.
Amigos que desejais encontrar, que vos esclarecerão da situação e que vos dirão
do caminho para Deus. Alá esteja connosco.
Extraído do livro de Eduardo Guerreiro: "Encaminhamento Espiritual - doutrinações" (Ainda não publicado)