quinta-feira, 8 de junho de 2017

A importância do perdão

Um amigo do Kosovo (1)

Na noite de 17 para 18 de Fevereiro de 2008 manifestou-se uma entidade em sofrimento dizendo-se originária do Kosovo, que nesse mesmo dia havia declarado unilateralmente a independência. Os seus habitantes, na maioria albaneses, de religião muçulmana, comemoravam o evento, o que permitiu desanuviar um pouco o ambiente espiritual e realizar o trabalho que se desenrolou em nosso grupo mediúnico.

Este amigo viu a sua família ser assassinada e a sua casa destruída. O ódio aos responsáveis pelos crimes não o largou, pelo que permaneceu com as sensações de sofrimento que o acompanharam na morte do corpo físico. Tal como noutros casos já relatados, a recusa do perdão agravava o prolongamento da situação.

Como sabemos que nada acontece por acaso, este nosso irmão, certamente, resgatou débitos anteriores.

O esclarecimento que o Espírito Orientador dos trabalhos nos presta no final é precioso. Entre outras coisas, diz: “Muitas reencarnações por fazer, de um e de outro lado, até compreenderem que nada de importante os separa a não ser uma cultura, provisória, porque é terrena, e que o céu dos muçulmanos é o céu dos cristãos, é o céu dos budistas, é o céu dos hinduístas, é o céu dos taoistas, é o céu de todos nós”.

Na realidade, em próximas reencarnações estes personagens voltarão, de novo, a reencontrar-se, para novos reajustes, até atingirem o equilíbrio e harmonia que deverão pautar as relações entre todos. Trocarão, eventualmente, de lugar, pois, o que está aqui em causa são as qualidades morais dos intervenientes – a tolerância mútua, a compreensão, a aceitação da diferença, a amizade sincera, o altruísmo… Desaparecerão o espírito de seita, o dogmatismo fanático, o facciosismo e a intransigência.

O diálogo que a seguir transcrevemos foi travado com um companheiro muçulmano, arreigado na fé islâmica, nos seus dogmas e nas raízes culturais do seu povo.
No final, temos os esclarecimentos preciosos do Espírito Orientador deste trabalho.


O diálogo:

Espírito - Como é que eu vim aqui parar?
Doutrinador - Qual é a tua terra, amigo?
Espírito - Eu sou do Kosovo. Agora é um país! E estava feliz. Andava a festejar na rua.
Doutrinador - Então e o que sucedeu, amigo?
Espírito - Não sei... Ah! Fui à Sérvia, a seguir.
Doutrinador - A seguir aos festejos...?
Espírito - Sim.
Doutrinador - E o que é que lá foste fazer?
Espírito - Fui dar uns bons murros.
Doutrinador - Nas pessoas que lá andavam?
Espírito - Sim. Naqueles assassinos. Não são pessoas. São assassinos.
Doutrinador - E passaste a fronteira?
Espírito - Passei.
Doutrinador - Mas por que razão é que foste, se estavas a comemorar na tua terra?
Espírito - Porque não me esqueço. É um dia feliz, mas é um dia... de grande tristeza para mim...
Doutrinador - Pois é, amigo. E foste para lá para te vingares daqueles que lá se encontravam...
Espírito - Bem merecem. Não tenho feito outra coisa, que é andar de roda deles. Já descobri alguns dos meus assassinos e de toda a minha família (tosse). Não os largo nunca. Só saí para festejar.
Doutrinador -E depois voltaste novamente.
Espírito - E agora não percebo por que é que estou aqui (tosse). E nem percebi nada do que falaram. Nem sei quem é Deus.
Doutrinador - Deus é Alá, como lhe chamas.
Espírito - Ah! É o Deus dos sérvios, dos assassinos.
Doutrinador - O Deus é o mesmo para toda a gente.
Espírito - Não. O meu é Alá.
Doutrinador - Exactamente. É Alá. Nós orámos a Alá.
Espírito - Não. Eu não percebi nada do perdão e dessas coisas, porque quem mata deve morrer também.
Doutrinador - Mas onde é que viste isso escrito, amigo?
Espírito - É assim que nós somos. Nós não fazemos mal. Mas temos que nos vingar. Fazer justiça!
Doutrinador - Com as próprias mãos?
Espírito - Pois se ninguém faz!
Doutrinador - Não acreditas em Alá?
Espírito - E tu acreditarias se vivesses os horrores que nós vivemos? Há visões que nunca desaparecem, para além da morte. A morte é o mínimo. Tudo aquilo que observas com os teus olhos.


(Continua)

Extraído do livro de Eduardo Guerreiro: "Encaminhamento Espiritual - doutrinações" (Ainda não publicado)

Encaminhamento Espiritual - doutrinações

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