E,agora, vamos reflectir sobre um tema actualíssimo:
Adoptar
Na época de grandes transformações em que vivemos, o conceito de família tende a alterar-se e a assumir novos contornos a caminho dos séculos vindouros.
No âmbito dos estudos sociológicos, este agrupamento humano, também ele em transformação, tende a reorganizar-se e a construir novos liames, tendo na sua base, as leis do afecto, por contraposição às antigas leis consanguíneas.
Actualmente, a Sociologia define família como: um casal com filhos, um casal sem filhos ou mesmo pessoas que se unem por afinidade, acercando-se muito do conceito defendido pelo Espiritismo: “Os verdadeiros laços de família não são, portanto, os da consanguinidade, mas os da simpatia e da comunhão de pensamentos, que unem os Espíritos, antes, durante e após a encarnação." (“O Evangelho Segundo o Espiritismo”, págs 251e252).
Quando os filhos não chegam naturalmente, muitos casais entram num processo de grande sofrimento e ansiedade, perturbando a própria harmonia familiar, muitas vezes com agressões mútuas ou acusações que a nenhuma solução conduzem.
Actualmente, com a evolução da Ciência, muitos desses problemas encontram uma resposta esperançosa e cada vez mais positiva nos vários tratamentos colocados à disposição; todavia, estes são sempre mais ou menos difíceis e demorados e acompanhados de enorme ansiedade.
Se o cansaço e a desilusão se instalam, após várias tentativas infrutíferas, por que não pensar em alternativas outras, se o desejo se mantém de encher a casa com os risos duma criança?
Por que não recolher no lar vazio, os filhos abandonados e, demasiadas vezes, sujeitos a maus-tratos que enchem as instituições que os abrigam, mas que não substituem de modo nenhum o afecto dum pai e de uma mãe?
Por que não visitar uma delas e verificarmos com os nossos olhos? Certamente, se o fizéssemos, dificilmente resistiríamos a tantas mãozinhas estendidas para nós, carentes dum sorriso sincero e dum colo.
E quem nos garante que esse não é mesmo o nosso programa de vida e de que a criança que viermos a adoptar, não é mesmo o nosso filho, “aquele” pelo qual o nosso coração anseia, e que só se desviou um pouco do percurso habitual?
E quantas vezes já não ouvimos, por parte de pais adoptivos orgulhosos da sua criança, frases do género: “este é o filho que eu queria ter?
Como poderemos explicar tantas afinidades, inclusive físicas, encontradas entre pais e filhos adoptivos?
Certamente, não pelas leis do “sangue” e dos genes.
Que razões subsistirão por detrás dos nossos problemas actuais, não o podemos saber: Quantas vezes ouvimos ou emitimos este tipo de pensamento: “Porquê a mim?”
Segundo "O Livro dos Espíritos" (Cap.IV, questão328, pág.122, trad.de Canuto Abreu) “a reprodução é uma Lei da Natureza, sem ela o mundo corporal pereceria".
Então, se um casal deseja ter filhos e não o consegue, poderemos deduzir que ou se encontra em tarefa de reabilitação de erros cometidos num passado remoto, ou pode ter escolhido anteriormente (no Plano Espiritual), nunca ter filhos por questões humanitárias.
E que melhor causa poderá haver do que dar Amor a quem nada possui?
Diz-nos Joana de Ângelis que "os filhos recusados em outras etapas alcançar-nos-ão o lar ou a intimidade por processos transversos."
E Emmanuel incentiva-nos sempre a lutar, a abandonar o desespero e a ansiedade, perante os grandes obstáculos que a vida nos coloca: “Tristeza, na essência, é um desafio da vida à nossa vontade de trabalhar”.
Muitos casais não adoptam por preconceito: “não é meu" (?!)
É preciso que o preconceito do "pai verdadeiro" (o biológico), seja banido duma sociedade que maltrata as suas crianças e que os pais verdadeiros sejam os que DÃO AMOR (biológicos ou não).
Esse o conceito que defende a Doutrina Espírita.
Segundo Léon Denis "cada século tem uma particular missão na história".
É preciso que novos valores se sobreponham num Planeta em vias de Regeneração, enquanto se reexaminam outros já ultrapassados, porque mais adequados a eras primevas da Humanidade.
PENSE NISSO!!!
