Posturas Científicas- II
Época Moderna
Desde os finais do Séc. XVI, inícios do século XVII, com Copérnico (astrónomo do Heliocentrismo, que colocou o Sol como o centro do Sistema Solar), Kepler ((astrónomo), Galileu, Descartes (por vezes chamado de «o fundador da filosofia moderna» e o «pai da matemática moderna», considerado um dos pensadores mais importantes e influentes da História do Pensamento Ocidental)... que o mecanicismo é o modelo que preside à interpretação do mundo e da natureza na moderna concepção de ciência.
Consiste o mecanicismo em considerar que tudo na natureza se explica analogamente ao funcionamento de uma máquina, em que tudo acontece sempre da mesma maneira, as mesmas causas provocando sempre os mesmos efeitos.
Esta concepção aliada ao dualismo que perdura até aos nossos dias, do «penso, logo existo» de Descartes (Discurso do Método, 1637), são responsáveis, segundo António Damásio, pela «negligência da mente, por parte da biologia e da medicina ocidentais» com consequências no campo da ciência: «O esforço para compreender a mente em termos biológicos em geral atrasou-se várias décadas e pode dizer-se que só agora começa.» (...) (Damásio-1995).
O erro de Descartes (para Damásio) é o facto de que este «via o acto de pensar como uma actividade separada do corpo, esta afirmação celebra a separação da mente, a «coisa pensante» (res cogitans) do corpo não pensante, o qual tem extensão e partes mecânicas (res extensa).» (Damásio -1995).
Mas seria injusto não referir que o próprio Descartes não ficou completamente satisfeito, tendo recorrido à glândula pineal, como forma de explicar a intersecção e a inter-relação entre a mente e o corpo: «A razão que me leva a crer seja essa glândula a sede da alma é não encontrar, em todo o cérebro, nenhuma outra parte que não seja dupla…” (Tratado das Paixões da Alma).
E o próprio Damásio afirma: «curiosamente essa interligação [do corpo com a mente, a razão, o sentimento, a emoção] ocorre de forma intensa não muito longe da glândula pineal» (Damásio-1995).
Considerado um dos pais da nova teoria do «cérebro emocional», António Damásio (investigador português e professor da Universidade de Iowa, nos Estados Unidos da América) é um neurocientista especialista nos mecanismos de funcionamento do cérebro e pioneiro na investigação sobre a inteligência emocional, através de técnicas de imagem. As suas teorias procuram responder a algumas questões: «O que é a emoção?», «O que são os sentimentos?» e «Como é que sentimos uma emoção».
É de salientar que cada vez mais, conceituadas Universidades e respeitáveis cientistas dirigem as suas investigações para áreas do conhecimento até há bem pouco tempo, arredadas do domínio da Ciência Oficial; a comunidade neurocientífica mundial denominou os anos 90 como a «Década do Cérebro», devido aos inúmeros avanços alcançados.
Os investigadores das neurociências, Michael Persinger (neuropsiquiatra) e Vilayanur Ramachandran (neuropsicólogo), identificaram através de tomografia computadorizada uma zona no cérebro (entre os lóbulos temporais) que aumentava de luminosidade, quando se pronunciava o nome de Deus, a que chamaram «o ponto de Deus». A Doutora Danah Zohar, consagrada investigadora na área da Física, professora na Universidade de Oxford, concluiu que nesse ponto se situa o «correlato biológico da inteligência espiritual».
O Homem passa, assim, a ser olhado como uma consciência de cariz transpessoal.
Todavia, se as concepções do sábio e filósofo RENÉ DESCARTES, falharam, (conhece-se actualmente a Hipófise que também não é dupla, situada igualmente na parte central do cérebro), não é menos verdade que as mais recentes pesquisas de Damásio e outros, conquanto inovadoras, também falharão no objectivo final de tentar encontrar o espírito, localizando-o numa qualquer parte da anatomia do corpo humano.
A Codificação Espírita não nos deixa dúvidas a esse respeito:
Kardec - «A alma tem, no corpo, uma sede determinada e circunscrita ?»
— «Não. Mas ela se situa mais particularmente na cabeça, entre os grandes génios e todos aqueles que usam bastante o pensamento e no coração dos que sentem bastante, dedicando todas as suas acções à Humanidade.» (questão 146, O Livro dos Espíritos)
E, se ainda não foi encontrada nenhuma prova científica do espírito pela Ciência, dita “Oficial”, também é verdade que não existem provas em contrário da sua existência. Não faltam trabalhos sérios, a merecerem mais atenção da comunidade científica, como os de:
- Dr Ian Stevenson (1918-2007) , médico psiquiatra canadense, na Universidade da Virgínia, especializado em pesquisas sobre crianças que afirmam possuir memórias de vidas passadas, autor de Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação (Twenty Cases Suggestive of Reincarnation), O Dr. Stevenson (1974) foi um dos primeiros a localizar casos como estes, e outros foram encontrados por Mills, Haraldsson, e Keil (1994), e mais recentemente por Keil e Tucker (2005).
- Dr. Raymond Moody, um dos grandes divulgadores da EQM (Experiências de Quase-Morte) (1975) no mundo.
A partir do estudo descrito no seu livro Vida Depois da Vida, e com o auxílio dos depoimentos de cerca de 150 pessoas que sofreram de morte clínica, ou aos quais havia sido diagnosticado que tinham quase morrido, Moody concluiu que existiam nove experiências comuns à maioria das pessoas que passaram pela experiência de quase-morte, tais como:
- ouvir um zumbido nos ouvidos;
- um sentimento de paz e ausência de dor;
- ter uma experiência fora do corpo;
- sentir-se a viajar dentro de um túnel;
- sentir-se a subir pelos céus;
- ver pessoas, principalmente familiares já falecidos;
- encontrar seres espirituais, por vezes identificados como sendo Deus;
- ver uma revisão da própria vida;
- sentir uma enorme relutância em voltar à vida.
Embora, os inúmeros testemunhos sobre as experiências de quase-morte, vividas por pacientes em coma, começassem a ser estudados pelos médicos há três décadas, estas ainda são consideradas como «algo marginal» à Ciência, atribuindo muitos a origem do fenómeno ao excesso de imaginação.
Todavia…«O Mundo pula e avança», enfraquecendo resistências e derrubando preconceitos.
- Só para citar 2 exemplos:
- « Em 17 de Junho de 2006, em Martigues (Bouches-du-Rhône), França, realizaram-se os Primeiros Encontros Internacionais sobre Experiências de Quase-Morte (EQM), reunindo mais de 2 mil pessoas, entre médicos, pesquisadores internacionais e testemunhas, principalmente de várias regiões da França e Bélgica, Suíça e Quebec, no Canadá.
O objectivo primordial dos pesquisadores era confrontar os conhecimentos e as experiências de mais de 30 anos de investigação sobre o fenómeno, colocando em evidência a evolução do olhar científico.
Este encontro mereceu um enorme destaque nos órgãos de comunicação francesa e nele se reuniram nomes como o Dr. Pim Van Llomel, (cardiologista nos Países Baixos), Sam Parnia (Reino Unido), Pierre Jourdan (França), (Suíça) e Jean-Jacques Charbonnier (França), cujas pesquisas abordam o estudo da deslocação da consciência e da memória; Dra. Sylvie Dethiollaz e Dr. Mario Beauregard (Canadá) que apresentaram estudos sobre as transformações que se seguem à EQM e a EQM de surdos e cegos.
O encontro contou ainda com a participação dos Drs. Raymond Moody, Jean-Jacques Charbonnier e do Dr. Jean-Pierre Jourdan, responsável pela Associação Internacional de Estudos da EQM em França.
Segundo o Médico anestesista, Dr. Jean-Jacques Charbonnier, responsável pela recolha directa de inúmeros casos de EQM:
«Pessoas em estado de morte cerebral viram o que se passava na sala de espera ou ao redor delas, com detalhes muito precisos. Não se trata de alucinação uma vez que era bem real». As pessoas, após estas experiências (vividas de forma positiva em 90% dos casos), alteram os seus padrões de pensamento e actuação perante a vida, tornando-se «mais altruístas e desapegadas dos valores materiais».
Uma maioria, após a morte cerebral (registo electroencefalográfico), plana acima do corpo, ouve as conversas, lê os pensamentos dos que a rodeiam, (relatando-os depois com espantosa exactidão), seguindo por um túnel escuro, avistando no final «seres de luz» ou familiares que «morreram» e que os avisam de que ainda não chegou «o seu momento».
Conta-se que Einstein apelidou de «fósseis» os defensores da Ciência Clássica (Positivista), quando rejeitaram a sua Teoria da Relatividade, mas que também ele, por sua vez, foi chamado de «fóssil», ao não aceitar a Ciência Quântica.
Quem sabe, num dia não muito distante, os cientistas que investigam a pré-existência do espírito, não usem o mesmo epíteto dirigido àqueles que, no presente, sorriem de forma displicente à ideia.
«A Ciência sem a religião é aleijada. E a religião sem a Ciência é cega» (A. EINSTEIN. Escritos da maturidade. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1994, p. 30).
Fontes:
Obras já citadas;
Wikipédia;
“Da Glândula Pineal à Sensibilidade Espiritual (II)”, Artigo do Dr. Iso Jorge Teixeira (Site: Portal do Espírito);
http://www.espirito.org.br/portal/artigos/iso-jorge/da-glandula-pineal.html
“António Damásio no ISPA” (Site: CiênciaHoje):
http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=1210&op=all
“Eu sou a reencarnação de Ludgi Devi” (Site: Panorama Espírita):
http://www.panoramaespirita.com.br/modules/eNoticias/article.php?articleID=281
“Evento sobre EQM reuniu 2 mil pessoas na França” (Site: Associação Médico Espírita do Brasil):
http://www.amebrasil.org.br/html/outras_eqm.htm
http://blog-espiritismo.blogspot.com/2007/09/lus-de-almeida-na-universidade-de.html
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