quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dia Mundial do Livro - Recordando Kardec



Comemora-se hoje, a 23 de Abril, o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. Desde 1995 que, por iniciativa da UNESCO, se celebra em todo o mundo o prazer da leitura.


A UNESCO escolheu o dia 23 de Abril para festejar o livro por se tratar de um dia emblemático para a literatura mundial. Foi a 23 de Abril que, em 1616, morreu Miguel de Cervantes e que, em 1899, nasceu Vladimir Nabokov. Neste mesmo dia também nasceu e morreu William Shakespeare, entre outros nomes célebres que fazem parte da nossa cultura e que alimentam o espírito de gerações.



Poucos dias atrás, a 18 de Abril, fez 152 anos a 1ª publicação em França de O Livro dos Espíritos, por Hippolyte Léon Denizard Rivail, pedagogo e cientista sobejamente conhecido e discípulo de Pestallozi, sob o psedónimo de Allan Kardec. É a obra básica da doutrina espírita.



Em 1857, em Paris, a obra é apresentada pelo editor E. Dentu, estabelecido no Falais Royal, Galérie d’0rléans e, com ela, o termo Espiritismo é dado a conhecer ao mundo, designando a Doutrina, ditada pelo Espírito da Verdade, o Consolador, prometido pelo Cristo, através da mediunidade das meninas Caroline (16 anos) e Julie Boudin (14 anos) e mais tarde, aquando da revisão do livro, de Celine Japhet (18 anos), e publicação da 2ª edição, a 16 de março de 1860.


Outros médiuns foram posteriormente consultados e Kardec informa, em Obras Póstumas: “Foi dessa maneira que mais de dez médiuns prestaram concurso a esse trabalho”.



É de salientar que, antes do lançamento desta obra os termos conhecidos eram o Espiritualismo ou Neo-espiritualismo, pese embora algumas traduções menos fidedignas da Bíblia se referirem ao termo espiritismo para que os seus detractores possam argumentar a fim de combaterem a Doutrina Espírita. O termo espírita nasceu com Allan Kardec, foi introduzido no vocabulário francês e no de todo o mundo, a partir do século XIX.



Allan Kardec é o nome de um druida céltico, do qual o educador francês é a reencarnação.
O Livro é a compilação das respostas dos espíritos às questões que lhes são colocadas, tendo a 1ª edição 550 itens e, após a revisão, sob orientação do Espírito da Verdade, totalizando 1.019 tópicos.



As médiuns comunicavam com os espíritos pelo método da psicografia indirecta, através das cestinhas-de-bico. Colocavam as mãos nas bordas da cesta e o lápis (o bico) escrevia numa lousa.
Toda a Doutrina está contida neste livro, tendo sido posteriormente desenvolvida nos demais volumes da Codificação.



No contexto histórico, O Livro dos Espíritos é o código de uma nova fase da evolução humana.
Depois das incongruências da Bíblia e da aterradora visão de um Deus terrível e castigador, passamos ao equilíbrio clássico do Evangelho, a codificação da segunda revelação cristã, a doutrina do perdão com Jesus e deste à libertação espiritual de ‘O Livro dos Espíritos’, tal como predicto pelo Cristo, em João XIV, de que nos enviaria o Consolador.



Até a publicação desta obra, os problemas espirituais eram tratados de maneira empírica ou apenas fantasiosa. Com ela, o espírito e os seus enigmas saíram do terreno da abstracção, dos milagres, para se tornarem acessíveis à investigação racional, e até mesmo à pesquisa experimental. O que pertencia ao domínio do sobrenatural tornou-se natural. Tudo se reduziu a uma questão de conhecimento das leis que regem o Universo.



No seu aspecto filosófico O Livro dos Espíritos enquadra-se numa das formas clássicas da filosofia: o diálogo, e divide-se em quatro partes, como era comum à época, nos tratados filosóficos.



Livro Primeiro - Das causas primárias - abordando as noções de Deus, dos elementos Gerais do Universo, da Criação e do Princípio Vital.



Livro Segundo - Mundo Espírita ou dos Espíritos - analisando a noção de Espírito e todas as relações destes com os mundos corpóreos, a finalidade da vida terrena e o regresso ao Mundo Espiritual, e a pluralidade das existências, rumo ao auto-aperfeiçoamento.



Livro Terceiro - As Leis Morais - trabalhando com o conceito de Leis de ordem Moral a que estaria submetida toda a Criação, quais sejam as leis de: adoração, trabalho, reprodução, conservação, destruição, sociedade, progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor e caridade e a perfeição moral.



Livro Quarto - Esperanças e Consolações – informando acerca das penas e gozos terrenos e das penas e gozos futuros que esperam o Homem, desfazendo conceitos antigos sobre a localização do Inferno e do Paraíso e situando o Purgatório no interior de cada um de nós.


Intolerância e perseguição



Desde sempre a Igreja Católica viu na Doutrina Espírita um obstáculo incontornável à manutenção dos seus dogmas, rituais e milagres.



Em Setembro de 1861, o Sr. Lachâtremanda mandou vir de Barcelona 300 volumes de obras espíritas, dentre as quais O Livro dos Espíritos. À sua chegada, os livros são apreendidos e queimados num auto de fé pelo Bispo local, em tudo fazendo recordar a época de má memória da Inquisição. A sentença foi executada a 9 de Outubro, data que marca a intolerância religiosa, na sua perseguição à divulgação da Doutrina Espírita.



A 1 de Maio de 1864 a Igreja Católica coloca O Livro dos Espíritos no Index- o catálogo das obras cuja leitura é proibida aos seus fiéis.



Essa oposição continua até hoje, aproveitando os dirigentes da Igreja Católica, todas as oportunidades que surgem, para denegrir e desacreditar o espiritismo, junto dos seus fiéis, quer nos órgãos de comunicação social, quer nos muitos blogs que circulam pela net.



Em Portugal, a prática da Doutrina Espírita foi proibida durante a vigência de Salazar e as suas instalações confiscadas pelo Estado. Até hoje, não foram devolvidas.



Em suma, O Livro dos Espíritos, escrito na forma dialogada da Filosofia Clássica, em linguagem clara e simples, para divulgação popular, é no dizer de Herculano Pires: “um verdadeiro tratado filosófico que começa pela Metafísica, desenvolvendo cm novas perspectivas a Ontologia, a Sociologia, a Psicologia, a Ética, e estabelecendo as ligações históricas de todas as fases da evolução humana em seus aspectos biológico, psíquico, social e espiritual.”



E Allan Kardec, referindo-se ao Espiritismo, declara: “Sa force est dans sa philosophie, dans l’appel qu’il fait à la raizon, au bon-sesns. »



Enfim, O Livro dos Espíritos é um livro para ser estudado e meditado, com o auxílio dos demais volumes da Codificação:



  • O Livro dos Médiuns

  • O Evangelho Segundo o Espiritismo

  • O Céu e o Inferno

  • A Génese

Fontes:

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1376134

“O Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, 3ª edição, trad. de José Herculano Pires

http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Livro_dos_Esp%C3%ADritos


4 comentários:

  1. Oi,
    Deixo aqui a minha contribuição (partilha)para incentivar a leitura.

    1990 livros para download gratuito (download legal):
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    Espero ter ajudado.
    Abraço,
    Miguel (Utilnet)

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  2. Olá Joana que maravilhoso é visitar este espaço! Parabéns pelo excelente trabalho aqui desenvolvido. Excelente sua publicação “Dia mundial...“, gostei, ótimo texto, boa abordagem, uma grande contribuição. Feliz e honrado por sua amizade. Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro... Deixo aqui todo o meu especial carinho, minha especial atenção e obrigadoooo mesmo de coração. “A amizade é como as estrelas. Não às vemos toda hora, mas sabemos que existem.” (Marina de A. C.) Aguardando por sua visita! Encontrar-nos-emos sempre por aqui. Felicidades. Votos de uma semana recheada de sucesso extensivo aos familiares, muita paz, saúde, muito brilho, bênçãos, proteção e alegria. Fique com Deus. Um abraço fraterno.
    Valdemir Reis

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  3. Passei por aqui e adorei.
    Resolvi seguir, só que estou com problenmas na minha rede e me registrei 2 vezes, por favor exclua.
    humberto

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  4. Miguel
    Já nos comunicámos noutro sítio e, mais uma vez agradeço a indicação, sobretudo, sobre a literatura infantil: há que aproveitar a aptência dos jovens pela net, afim de os transformar em pequenos leitores, não é?

    Ao Valdemir e ao Humberto:

    Já estou a seuir os vossos bolgs, pelo acréscimo de conhecimento e de sensibilidade que me aportam.

    A todos deixo uns versos do Milton Nascimento:
    Composição: Milton Nascimento

    "Amigo é coisa pra se guardar
    Debaixo de sete chaves
    Dentro do coração".

    O meu obrigada a todos e voltem sempre.

    Joana

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