Decidi recuperar uma resposta que elaborei a uma questão colocada por um dos leitores, sobre o tema dos "7 pecados" listados aqui, por considerar ser este assunto do interesse de muitas pessoas que se interrogam e auto-questionam as escolhas e opções que tomam e que as definem e individualizam como seres humanos. A noção de pecado não existe na Doutrina Espírita, pois Deus é amor e o erro cometido é sempre passível de ser corrigido pelo aprendizado do Homem, nesta ou em outra vida, estando todos nós destinados a evoluir, cada um ao seu próprio ritmo, seja pelo bem que fizermos, seja através do sofrimento, dentro das Leis de Causa e Efeito. Tão pouco consta da Bíblia.
Aliás, os conceitos inseridos no que hoje se denomina pelos sete pecados capitais datam de uma época muito anterior ao cristianismo. Onde os Gregos viam problemas de saúde no Homem, o catolicismo passou a ver “Pecados”, dividindo-os em 2 tipos: uns menos graves e perdoáveis pelo acto da confissão, outros “capitais”.
Os gregos, p.ex., viam a melancolia ou tristetia como um problema de saúde do ser humano e o catolicismo decidiu transformá-la em pecado, de forma a controlar e tentar "educar” os seus seguidores. Nem na Bíblia se encontram estes conceitos. Eles provêm dos pensadores da Igreja Católica.
Evagrius (teólogo e monge grego) elaborou uma lista de 8 pecados por ordem crescente de importância: gula, avareza, luxúria, ira, melancolia, acedia (preguiça espiritual), vaidade e orgulho.
No séc. VI o Papa Gregório reduziu-os a sete juntando "vaidade" e "soberba" ao "orgulho" e trocando "acedia" por "melancolia" e adicionando "inveja". E ordenando-os por ordem decrescente de gravidade.
Mais tarde, outros teólogos, entre eles, Tomás de Aquino analisaram novamente a gravidade dos pecados e para este a soberba era tão grave que merecia tratamento especial.
No séc. XVII, a igreja substituiu "melancolia" – considerado um pecado demasiado vago por "preguiça".
Aquino tratava em separado a questão da vaidade, como sendo também um pecado, mas a Igreja Católica decidiu unir a vaidade à soberba, acreditando que neles havia um mesmo componente de egocentrismo.
Recentemente, Bento XVI denunciou a “queda do sentimento de pecado no mundo secularizado”, agravada com a redução no número de católicos que praticam a confissão e o responsável pelo Tribunal da Penitenciária Apostólica, monsenhor Gianfranco Girotti em entrevista ao jornal do Vaticano, L' Osservatore Romano, decidiu salientar a gravidade de novos pecados no mundo actual:
Se a lista dos 7 pecados será ou não aumentada é uma dúvida que fica, pois Capital vem do latim "caput", que quer dizer "cabeça". São pecados "cabeças", isto é, que geram muitos outros.
Segundo a Igreja Católica, podemos ver, por exemplo, como filhos da soberba: o orgulho, a vaidade, a arrogância, a prepotência, a auto-suficiência, a jactância, entre outros. Podemos ver como filhos da ganância: a exploração da pessoa humana, a destruição do meio ambiente como fonte de enriquecimento, as brigas pelos bens materiais, entre outros.
Saiba mais sobre a visão espírita da noção de "pecado", lendo os posts que este tema suscitou nos blogs:
http://blog-espiritismo.blogspot.com/2009/03/do-egoismo.html
http://blog-espiritismo.blogspot.com/2009/03/o-pecado-morava-ao-lado.html
http://observadorespirita.blogspot.com/2009/03/o-blog-ideia-espirita-lancou-um-desafio.html
http://espiritananet.blogspot.com/2009/03/pecados.html
Muito bom o seu texto.Muita luz. bjs
ResponderEliminarJoana,
ResponderEliminarGostei muito dessa postagem, esse é mesmo um tema que gera algumas dúvidas e a visão espírita é sempre muito coerente. Gostei de ter participado desse meme, obrigada pela oportunidade.
Abraços, bom final de semana e tudo de bom!
O conceito do pecado cristão é extremamente complexo e sua discurssão longa, árida, mas profundamente frutífera. Por muitos séculos o pecado esteve estritamente vinculado ao exercício da sexualidade, em suas diversas variantes.
ResponderEliminarAtualmente, o pecado, entendido sempre como disonância de Deus, deve ser observado sob outros olhares. Ao discutirmos o homem e sua natureza, sempre e necessariamente, tomamos como base as ciências humanas, que fundamentam as verdades bíblicas. Assim, o pecado toma dimensão psíquica - como déficit de auto-conhecimento - e dimensão social - pela desigualdade de acesso aos bens materiais entre os irmãos.
Fui espírita há muitos anos atrás e hoje, sendo franciscano, apenas tenho a agradecer pelos bons anos de aprendizado que tive no Movimento Espírita.
Breno Bastos
Ex-seminarista da Ordem dos Frades Menores