terça-feira, 28 de julho de 2009

Ambientes Espirituais - 2ª Parte

Reunião mediúnica de 12 para 13 de Março de 2005 – 2ª Parte

Esclarecimentos do Espírito orientador dos trabalhos

Espírito: “Esta nossa amiga estava perturbando, como muitas outras, um determinado local, como aqueles guardas que colocamos na porta da nossa casa, nos edifícios públicos, para que eles não sejam assaltados.
Neste caso, concreto, era um pouco o contrário. Esta amiga fazia parte de um grupo, colocado na entrada de determinado edifício, para perturbar quem o atravessa diariamente no cumprimento das suas funções. O objectivo é provocar o desequilíbrio em cada mente, instigando pensamentos de inveja, de maledicência, de desarmonia.
Se pudésseis ver este vosso planeta rodeado por tantos outros a que chamamos guardas! Para vos clarificar a situação de uma forma mais perceptível, é como que uma aura, mas uma aura de sombra que rodeia o nosso planeta, instigando à maldade porque somos muito ignorantes, porque muitos habitantes deste nosso querido planeta ainda se encontram em estádios um pouco primitivos.
Se os pudésseis ver a serem instigados, pobres infelizes, ao mal, à destruição, inconscientes de que estão a ser vítimas de influências alheias à sua vontade, embora essa vontade seja afim, pois quando um ser adquiriu determinadas qualidades nunca poderá ser atingido.
Estamos a provocar algumas tempestades emocionais – é um termo que aqui foi usado – não penseis demais, não tenteis interpretar à letra estas nossas palavras, o que é sempre muito difícil de o conseguirmos fazer.
É de tempestades emocionais que se trata, sobretudo, porque se trata de elevar algumas mentes, porque se trata de limpar alguns ambientes, porque se trata de preparar o caminho para outros seres que aqui reencarnarão ou que já estão reencarnados, poderem coabitar e serem um pouco mais felizes nesta cidade, nas cidadezinhas em redor, nas aldeias, nas vilas. Somos todos convocados e responsáveis pelo que fizermos para os que hão-de vir ou por aquilo que deixarmos de fazer.”

Doutrinador: Quereis dizer que ainda há muito trabalho a fazer em torno da [nome da instituição], não é verdade?

Espírito: Referindo-nos apenas a este lugarejo, muito importante, como todos eles, muito trabalho há a fazer porque não podemos forçar ninguém a mudar, podemos apenas tratar, orientar, libertar, fazer amar a Deus.

Doutrinador: Com certeza. Contudo, certamente, não foi a única amiga que se manifestou que esteve presente...

Espírito: Seria não aproveitar os recursos magníficos que nos concedem os amigos encarnados de boa vontade, usarmo-los apenas para tratar um único amigo deste plano. Aproveitamos todas as oportunidades para que possamos auxiliar a muitos, todos os que aqui comparecem chamados ou que se predispõem, porque estão dispostos a ouvir....

Doutrinador: Certamente virá aqui novamente aquele nosso amigo que se apresentou muito furioso [refere-se a uma entidade que se manifestou anteriormente dizendo-se ‘chefe’].

Espírito: Certamente virá aqui procurar acólitos que vai perdendo e que não sabe onde se encontram. Confiai em Deus. Nada temeis. A nossa ajuda será sempre uma constante.

[O doutrinador, com a autorização do guia espiritual, termina a reunião com uma oração, agradecendo ao Pai].
Manuel
Grupo Espírita "Amigo Amén"
Santa Maria

sábado, 25 de julho de 2009

Atmosferas Espirituais - Parte 1

Reunião mediúnica de 12 para 13 de Março de 2005 – 1ª Parte

O ambiente espiritual de um lar, de uma instituição, de uma cidade, é criado pelas pessoas que lá habitam. Se predominam os maus sentimentos (arrogância, inveja, ciúme, hipocrisia, maledicência...) então as entidades espirituais afins predominam, agravando a situação. Se, pelo contrário, em determinado ambiente se cultivarem a humildade, a tolerância, o perdão... podemos ter a certeza de que, espiritualmente, o ambiente é bom. Dizemos que “tem boas vibrações”.

A todos nós já foi dada a oportunidade de frequentar os mais diversos meios e, todos nós, já tivemos a oportunidade de experimentar sensações agradáveis ou desagradáveis, consoante as características espirituais dos mesmos.

Fiz este preâmbulo apenas para relatar o diálogo estabelecido entre o doutrinador e uma entidade que se manifestou numa reunião mediúnica de 12 para 13 de Março de 2005. No final da reunião manifestou-se o espírito dirigente dos trabalhos, prestando esclarecimentos sobre os mesmos.


Espírito: ... Eu devo estar num planeta muito atrasado.
Doutrinador: Porque dizes isso, querido amigo?
Espírito: Então... o meu trabalho é colar-me às pessoas e perturbar-lhes as mentes.
Doutrinador: Olha meu querido amigo: isso não se trata de trabalho.
Espírito: É trabalho...
Doutrinador: Isso trata-se de ignorância da tua parte.
Espírito: Eu fui contratada. Estás-me a chamar amigo, mas eu sou uma mulher! Não estás a ver?
Doutrinador: Foste contratada mas hoje estás arrependida do que andas fazendo.
Espírito: Eu não! Não estou nada arrependida. Eu ando ali naquela D. P. (nome da instituição) e hei-de lá ficar muito tempo... É só vê-las entrar... Pimba! Lá me colo eu. Ficam todas abanando.
Doutrinador: Mas tu não estás lá sozinha, estão mais outras amigas.
Espírito: Olha. Não sabem o que fazem nem o que hão-de fazer.
Doutrinador: E tu também não sabes. Assim como tu também não sabes.
Espírito: Eu sei. Porque fui contratada.
Doutrinador: Foste contratada, mas esse contrato o que é que te deu de resultado? Que lucros é que tiraste daí?
Espírito: Até agora nada. Mas prometeram-me que ia ter.
Doutrinador: Ora, promessas há muitas, amiga...
Espírito: Eu sei. Eu sei. Mas eu não tenho outra...
Doutrinador: E não foi só a ti que prometeram...

Espírito: Não sei o que é que posso fazer mais. Essa conversa é muito complicada, que eu não percebi metade [refere-se à lição: "Há muitas moradas na cas do meu Pai", "EVangelho Segundo o Espiritismo", Cap. III]. São palavras muito caras para mim, mas pelos vistos não deve ser assim muito fácil o que eu pretendo. Devo estar muito, muito longe de conseguir aquilo que eu quero. Tenho ainda muitas horas de trabalho pela frente.

Doutrinador: Olha, querida amiga, preocupa-te mas é contigo e com o teu futuro.

Espírito: Mas eu estou a lutar pelo meu futuro. Tenho é ainda muitos anos pela frente, pelos vistos...
Doutrinador: E eu vou mostrar-te como é que podes lutar pelo teu futuro, ainda hoje, fazendo-te uma proposta ainda melhor. Certamente tu tens pessoas muito amigas a quem não vês há muito tempo...

Espírito: Eu só quero encontrar a minha filha. É por isso que eu estou ali! Eu fui contratada porque me disseram que, quando eu acabasse o meu trabalho, iria encontrar a minha filha. A minha filha já faleceu há muitos anos. Era tão novinha, tão bonita! Mas quando eu cheguei pensei que a ia encontrar. Nada. Corri tudo. Bati a todas as portas que encontrei e não sei dela.

Doutrinador: Estás a ver, minha amiga. Eu sei que não és a única que foi contratada. Outras amigas tuas...
Espírito: Ai, há lá muitos trabalhadores...
Doutrinador: Podes chamá-los para virem até aqui e ouvirem a nossa conversa. E para verem. Se calhar alguns estão aqui.
Espírito: Não sei. Eu não vejo nada.
Doutrinador: Não interessa. O que interessa é uma coisa: ajudarmos a encontrar a tua filha.
Espírito: E vocês o que é que querem em troca?
Doutrinador: Nada. Nada amiga!
Espírito: É que eu já trabalho muito.
Doutrinador: Nada amiga. Nada!
Espírito: Ah, ninguém dá nada sem receber!
Doutrinador: Olha, eu juro por tudo o que é sagrado que nada te pedimos em troca.
Espírito: Deves ser de um planeta mais adiantado...
Doutrinador: Não sei. Sou do planeta Terra.
Espírito: Não, não! Na Terra não é assim.
Doutrinador: Olha, minha querida amiga: tu crês em Deus?
Espírito: Eu creio em Deus, mas nunca o vi, nem tenho recebido grandes ajudas...
Doutrinador: Tu crês em Jesus?
Espírito: Também, mas não o vi...
Doutrinador: Dás o benefício da dúvida e deixas-me fazer uma oração a Deus. Tu lembras-te do Pai Nosso?
Espírito: Lembro-me, claro. Eu até vou à missa. Há muita gente naquela [nome da instituição] que vai à missa. Eu vou todos os dias com elas. Ora uma, ora outra. E até gosto muito.
Doutrinador: É sinal de que tens fé. Então vamos, com fé, orar um Pai Nosso.

[O doutrinador ora, com muita fé, o Pai Nosso, pedindo auxílio para a irmã presente, nomeadamente ajuda para encontrar a sua filha]

Passam-se alguns instantes em silêncio. Todos os elementos do grupo estão em oração, pedindo por esta nossa amiga e rogando a presença do ente que lhe é querido e que tanto deseja encontrar: a sua filha.

Espírito: Está tudo escuro...
Doutrinador: Toma atenção. Observa bem!

Os elementos do grupo continuam em oração

Espírito: Uma estrelinha ali ao fundo. Ai, parece que tem uma cauda. E vem descendo. Ainda me vai cair em cima. O que é que será aquilo? É o fim do mundo. Ai....

Passam-se mais alguns instantes.

Espírito: És tu, Marília?! És tu Marília?! [Chora de alegria] Ai, eu não acredito no que estou a ver... Há quantos anos, minha filha. Há quantos anos a mãe não te via e te procura sem parar e não te encontra... Onde é que tu estavas? Ai filha! Tão bonita! Ainda mais nova! Ai que linda! Linda menina! Ai que alegria tão grande! Ai minha filha, a minha Marília. Quanto te desejava encontrar. Está aqui ao pé de mim. Ai meu Deus obrigada. Obrigada, meu Deus.

Ela diz para agradecer também aos amigos que me ajudaram, porque eu estava no sítio errado para a poder encontrar. Que só o amor por ela é que me salvou e que tenho que amar muito a Jesus para poder ficar com ela. Ai meus amigos, muito abrigada. Eu faço tudo, tudo, tudo o que me pedirem. Tudo, tudo, tudo...

Doutrinador: Minha querida amiga agradece ao nosso Mestre, que é Jesus. Vê o exemplo que Ele nos deu.

O doutrinador agradece a Deus, Nosso Pai, a ajuda que nos foi dada, desejando que esta amiga vá em Paz na companhia da filha e tenha as melhores felicidades

A entidade confessa-se envergonhada por ter feito tanto mal. E diz o nome: ‘Eu chamo-me Maria José’.

Manifesta-se reconhecida a nós por todo o sempre. O doutrinador recomenda-lhe que peça pelas amigas que eram suas companheiras, no local onde ela se encontrava e faz uma oração de agradecimento a Deus, despedindo-se desta amiga. A entidade avisa que há gente muito má no local onde ela se encontrava. O doutrinador esclarece que não existe maldade, mas ignorância e despede-se desta irmã, desejando-lhe as maiores felicidades.

Manuel

Grupo Espírita "Amigo Amén"

Santa Maria

(continua)

terça-feira, 21 de julho de 2009

O bar assombrado

Passou-se em 1986 ou 1987.

Quando o tempo estava bom e durante a noite a temperatura estava agradável, deslocava-me com certa frequência à cidade de Faro. Encontrava-me com amigos e colegas e falava dos mais diversos assuntos. Momentos agradáveis e de descontracção. Era frequente serem esses amigos e colegas a chamarem-me para lhes fazer companhia.

Certa noite duas colegas, sentadas na esplanada de um bar, convidaram-me a tomar uma bebida. Não disse que não. Sentei-me à mesma mesa e mandei vir um sumo de laranja natural. Conversámos até cerca da meia-noite. Despedi-me com um “até amanhã”, já que nos encontraríamos no dia seguinte no local de trabalho.

Levei algum tempo até me deixar dormir. Por fim acabei por adormecer. Mas, ao acordar pela manhã, senti que a noite foi mal dormida, perturbada... não sei se me faço entender. Mas o dia correu normalmente. Encontrei as colegas de véspera e falei com elas. Contudo, essa noite ficou-me na memória, já que nunca tal me tinha sucedido.

Passaram-se cerca de dois meses.

Novamente na esplanada do mesmo bar, as mesmas colegas estavam sentadas a uma mesa. E, tal como havia acontecido anteriormente, viram-me e convidaram-me a sentar junto delas. Aceitei, já que não tinha nada planeado. A noite de verão estava agradável e era sempre um prazer o convívio. Pedi apenas uma garrafa de água mineral, já que havia jantado pouco tempo antes. Conversámos sobre vários assuntos relacionados com a profissão. Passavam pessoas pela rua. Algumas eram nossas conhecidas e paravam por alguns momentos junto da mesa dando "dois dedos" de conversa. Cerca das onze e meia da noite saímos da esplanada e cada qual foi para sua casa.

Nessa noite não consegui ‘pregar olho’. Fiquei toda a noite acordado. Sentia nervosismo, inquietação. Levantava-me. Voltava a deitar-me... O sono não chegava.

Não encontrei explicação para a situação. Intuitivamente procurei encontrar razões para o que estava ocorrendo, tentando estabelecer qualquer relação com o ambiente da esplanada do bar que frequentei nessa noite... ou com alguma das pessoas presentes ou com quem havia falado.

Nada. O bar era normal, simpático, com um aspecto agradável. A esplanada estava situada ao ar livre, com pessoas a circular pela rua. As colegas com quem estive eram pessoas com as quais me encontrava diariamente no local de trabalho. As pessoas com quem havia falado eram pessoas que levavam uma vida normal...

A que se devia, então, o sucedido? Porque é que nessa noite não consegui dormir nem um minuto? Qual a razão da inquietação e nervosismo que senti?

Estas perguntas ficaram sem resposta durante muito tempo.

Mas houve um dia em que, por mero acaso, relatei o caso a uma amiga que participava comigo em trabalhos mediúnicos e que conhecia detalhadamente a cidade de Faro e seus habitantes.

Diz-me ela:
“Então não sabes, Mário?! Daquele bar, que hoje tem aquele aspecto agradável e arejado, chegaram a ir, antigamente, jovens com ‘overdoses’ directamente para as urgências do Hospital. Aquele bar era, antigamente, um centro de consumo de droga, frequentado por toxicodependentes...

Estava explicada a questão. Foi aí que eu descobri este aspecto particular da minha mediunidade: a capacidade de ‘captar’ as características espirituais de ambientes e pessoas.
Neste caso particular, embora o ambiente físico, visível aos nossos olhos, fosse limpo, arejado, agradável, o ambiente espiritual lá permanecia. Os seus frequentadores habituais do plano espiritual (dependentes de drogas) ainda lá se encontravam.

Participando em trabalhos mediúnicos e, portanto, colocando-me disponível para o auxílio ao próximo, funcionei como uma pequena luz a quem esses infelizes companheiros se agarraram. Transmitiram-me sensações desagradáveis (inquietação, nervosismo...) ao longo daquela noite.

Desde então, tenho tido a oportunidade de sentir, frequentemente, características espirituais de ambientes e pessoas sem ser apanhado completamente desprevenido. Nestas situações, recolho-me para um local isolado de minha casa e oro pelas entidades perturbadas e perturbadoras. Mas, por vezes, só o choque anímico, no corpo de um médium, em reunião mediúnica devidamente preparada, proporciona as condições para o encaminhamento de tais entidades.

20 de Julho de 2009

Mário

domingo, 19 de julho de 2009

A Lição do Semeador



Ulverson Olsson era um homem portador de caráter especial, que se tornara indiferente ao bem, afirmando que ninguém realizava qualquer coisa de útil, que não mantivesse sob disfarce os interesses inescrupulosos dos desejos egoísticos.

Nascera num lar abastado de família tradicional e a ociosidade dele fizera um fútil, destituído dos sentimentos superiores de solidariedade e de amor.

Nos seus comentários ácidos sempre destilava pessimismo, a soldo de um comportamento cínico e destruidor.

Zombava da ingenuidade de Nils Holgersson e da pata Abba de Kebnekaise em sua viagem fantástica pelas fronteiras da Suécia demarcando as regiões, reduzindo todos os atos de amor a lendas e fantasias da imaginação de pessoas que considerava servis…

Tendo visitado a Lapônia (Lapplandis lãn) desconsiderava as tradições e as heranças místicas do seu nobre povo, lamentando não haver nascido na formosa região, onde os gênios e as fadas confraternizam com as criaturas vegetais, animais e humanas, para ter o prazer de as negar.

Como a sua existência era ociosa, viajava, quase sem cessar, a fim de apaziguar o vazio interior, que resultava da falta de objetivos elevados com que a existência humana se torna digna e formosa.

Insensível ao amor, comprometera-se intimamente gratificar qualquer pessoa cujos gestos de abnegação fossem destituídos de ambições egotistas.

Mesmo quando se referia a Jesus, em cuja doutrina fora educado, recusava-se a render-se ao Amor capaz de apaziguar todas as inquietações com a doçura do Seu olhar, com a musicalidade da Sua voz e com a inefável bondade do Seu coração.

Nesse tormento, fizera-se solitário e, porque não dizer, infeliz.

A felicidade é filha predileta do sentimento dos deveres tranquilamente cumpridos, mas Ulverson, distanciado do trabalho de solidariedade humana, não atendia a compromissos morais relevantes, nem desempenhava atividades que lhe exalçassem o caráter.

Nem mesmo as doces criancinhas conseguiam arrancar-lhe um sorriso de carinho ou um gesto afetuoso.

Dizia que se tratava de seres desagradáveis, e que, ingênuas na infância iam crescer depois, tornando-se arrogantes e desagradáveis quando adolescentes e adultos...

Parecia a figueira que secou, a grave lição apresentada por Jesus, no Seu Evangelho, como ensinamento profundo a respeito da produção que tudo e todos devem cumprir.

O seu mau humor tornara-o uma pessoa indelicada e desagradável.

A vida humana é rica de oportunidades para amar-se e confraternizar-se, espalhando alegrias e produzindo bem-estar.

Existem muitos corações afetuosos que perderam o rumo e, semelhantes a embarcações sem leme, navegam à matroca, correndo riscos numerosos.

Também são incontáveis aqueles que experimentam sofrimento e solidão, por não encontrarem uma palavra de amizade ou de compreensão, ajuda fraternal e entendimento, capazes de diminuir-lhes as culpas, os conflitos, as aflições pessoais...

Toda vez quando alguém se resolve por ajudar outrem, torna-se melhor, descobre o valor da existência e enriquece-se de alegria.

Não era o caso de Olsson, o viajante desencantado de si mesmo.

Numa das viagens, enquanto caminhava triste, observou um homem de avançada idade, que plantava pinheiros… Silenciosamente, cavava o buraco na verde relva e colocava uma semente, cobria-a e seguia adiante.

Parecia cansado, vergado ao peso dos anos, mas o semblante apresentava um sorriso jovial e encantador.

Tudo nele denotava a presença da felicidade, que nascia nas fibras delicadas do amor.
O rosto se encontrava iluminado por um sorriso gentil.

Quando Olsson o viu, sentiu-se estranhamente atraído pelo semeador, a quem interrogou:

Essas terras lhe pertencem, considerando-se que o senhor está plantando essas pináceas que crescem lentamente e que a sua idade não lhe permitirá vê-las grandiosas?

Não, não me pertencem essas terras. São da comunidade e delas cuido para que permaneçam exuberantes em decorrência das árvores nelas plantadas e replantadas.

Certamente não as verei adultas e belas. Mas isso, para mim, não é importante, porque todas essas que existem a volta, não fui eu quem as plantou, e aqui estão oferecendo-nos madeira, sombra, beleza, mantendo a natureza em triunfo…

Ele fez uma pausa, e logo prosseguiu:
Quando eu era jovem, plantava legumes porque podia alimentar-me deles pouco tempo depois. Com o tempo ocorreu-me plantar árvores…

E o que o senhor ganha com isso? – interrompeu-o, desconfiado.

Ganho a alegria de semear. Recordo-me que muito antes de mim, houve Alguém que semeou vidas para todo o sempre. Mesmo quem planta árvores pensa em acolher-se na sua sombra, o que não é o meu caso, mas quem planta vidas, semeia para a eternidade, sem esperar qualquer recompensa. Foi o que fez Jesus…

Nunca devemos semear esperando a colheita por nós mesmos, mas por todos aqueles que virão depois.

Não espera nenhuma compensação?

Sim, o prazer de semear, de plantar beleza, de participar da vida.

Emocionado, pela primeira vez, Ulverson Olsson, saltou do animal e acercando-se do ancião, disse-lhe com inusitada alegria:

Permita-me plantar árvores com você e cuidar da sua vida, porque sou jovem e cheio de energias.

Como Alguém plantou vidas, espero que Ele aceite que eu seja cuidador também da vida que Ele semeou.

A partir dali, em face da lição do semeador, Ulverson fez-se, também, semeador de esperança, de alegria, de paz, de árvores e de vidas…

Selma Lagerlöf
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco,
na noite de 28 de maio de 2008,
em Estocolmo, Suécia.
Em 01.06.2009

sábado, 11 de julho de 2009

A Fé e o Raciocínio

Na reunião da noite de 19 de Fevereiro de 2007 manifestou-se um Espírito amigo, antecedendo uma sessão de cura mediúnica. Não se identificou mas o conteúdo da mensagem e o teor das vibrações que a acompanharam deixaram nos presentes a forte intuição de que se tratava de Léon Denis ou uma entidade muito afim com este Espírito.
Transcrevemos, seguidamente, a mensagem recebida:


“Se é a Fé que engrandece o Homem, que o faz descer, lutar pelo bem comum, lutar pelo autoconhecimento, lutar pela melhoria das condições na Terra, é o raciocínio que o faz realizar, concretizar essas mesmas obras, aportando a Paz, a Harmonia e o Equilíbrio a tudo o que o rodeia, àquilo em que se envolve: na ciência, nas artes, na religião, em todas manifestações humanas. E que mais bela forma de raciocínio compreender através dele, desse talento do ser humano, as razões do Ser, do Destino e da Dor.

Compreender porque ficou, porque chegou, porque queria, porque algo o impulsiona.

Descobrir esse algo que produz a manifestação da sua inteligência.

Compreender quem é e o lugar que ocupa na sociedade junto dos seus que lhe são queridos ou até do inimigo, daquele que o detesta, daquele que não suporta.

Buscar razões que ultrapassam a própria razão, mas que ainda assim só nos chegam através da razão.

É assim que o Espírita se reconhece.

É assim que o Espiritismo se inculca na alma do Homem, porque à Fé ele prefere a razão, a experimentação, a certeza sem qualquer dúvida, colocando sempre a dúvida, encontrando a razão que subsiste a cada efeito e é esse raciocínio, construído na experiência no exercício da razão e da inteligência que caracteriza o Homem que cimenta a Fé. A fé raciocinada, a fé que não esmorece, a fé que não crê, mas que sabe porque chegou, porque caminha e para onde caminha.

Temos então, com base nestes pressupostos da doutrina espírita, a obrigação moral, obrigação inteligente, a obrigação raciocinada de o fazer conhecer a nossos irmãos para que a Terra se transforme um pouco mais, se aperfeiçoe, se torne no local que todos ambicionamos para os nossos filhos, para aqueles que vierem e para o nosso próprio retorno.

Abri sempre as vossas portas meus irmãos, meus amigos, àqueles que sofrem desesperados e perdidos no caminho da ignorância, da falta de sabedoria na descrença, porque as religiões que se pretendem de Deus são apenas templos de pedra e não lhes satisfazem a alma ou não lhes respondem à inteligência.

Abri vossas portas com simplicidade, com naturalidade, com disponibilidade. Embora vossos afazeres, vossas obrigações inadiáveis, vossos interesses mais legítimos é a verdadeira caridade que praticais sem que disso tenhais que tomar conta, pois quando não nos apercebemos, praticamos a caridade. Caridade não para com a Doutrina que é a verdade que pretende chegar a todos os homens; não porque é uma doutrina, não porque seja uma religião, não por questões de fé, mas porque toda a verdade se impõe. É um facto histórico. Ele chegará. Ela está chegando. Ela continuará a chegar independentemente dos Homens. Mas porque é vosso dever ajudar vossos irmãos. Dar-lhes a mão nos tempos conturbados em que urge uma palavra amiga, um esclarecimento, uma explicação para a resignação, para o amor, para a união, para o aumento da fé, mas de uma fé que aceita, que compreende, que faz evoluir, tornando-nos humildes e amantes de um Deus que nos ama, mas que nada nos traz de ameaça nem de culpa.

Amai-vos uns aos outros meus amigos, meus irmãos, nestes pequenos gestos e sereis, aí sim, bons espíritas, no sentido de que sereis verdadeiros cristãos”.


Julho de 2009
Núcleo Espírita Amigo Amen

Manuel