quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Um Testemunho Emocionante

São tantas as manifestações e doutrinações que temos gravadas que se torna difícil seleccioná-las, por falta de tempo. Às vezes, ouvindo gravações antigas, encontramos testemunhos tocantes como o que se segue.

O desenrolar do diálogo entre a entidade e o doutrinador, bem como a comunicação do guia condutor dos trabalhos dão-nos informação suficiente sobre o modo como a Justiça Divina actua, bem como os artifícios que, por vezes, utilizamos para tentar fugir a essa mesma Justiça.

Que este relato possa servir de lição a todos nós que procuramos, por demais, de uma forma egoísta e inconsciente, doutrinas de auto-desculpabilização, tornando-nos fiéis seguidores de propagandistas de quimeras que apenas nos anestesiam e adiam a nossa evolução.


Lembramo-nos de Chico Xavier quando Zé Arigó lhe propôs uma cura mediúnica para o tratamento de seus olhos: “Se eu deixar de purgar pela vista, por onde é que eu vou começar a purgar?” É que o Chico sabia que a doença da vista tinha raízes em vidas anteriores e que se tratava da liquidação de um débito. Não acreditemos, pois, em miragens. A Justiça Divina cumpre-se. Pelo Amor ou pela Dor. Podemos atenuar esta, granjeando créditos pelas nossas boas acções espontâneas na actual e futuras existências.

Na noite de 2 para 3 de Maio de 2005 manifestou-se uma entidade que nos deu um testemunho emocionante. Profunda lição para todos nós.

Espírito: Eu não vim trazer a guerra, mas a Paz. Falais em obediência, em resignação... Olhai para a vossa voz, tão triste. Em leis, em cumprimento, viveis aprisionados. Venho convidar-vos a olhar a Beleza, a que está à vossa volta, a passear pelos campos, a ouvir os pássaros, a apreciar toda a maravilha deste planeta... A ser felizes, a libertar-vos dessas amarras, da resignação, do sofrimento em que estagnais, quando podeis aperfeiçoar-vos, podeis evoluir, podeis ser alegres, podeis gozar a vida e claro, viajar até fora deste planeta, poder olhá-lo de fora, poder abarcar toda a beleza que o envolve. O Homem tem que se aperfeiçoar, o Homem tem capacidades dentre dele que não conhece, que não explora, porque nós somos Deuses, nós conseguimos e a vida é para usufruir. É para isso que cá estamos. E colaborar uns com os outros, levar a paz a todo o lado. Que dizeis? É má esta proposta que vos faço?

Doutrinador: É óptima a proposta de levar a paz a todo o lado...


Espírito: É que eu fui convidado e fui atacado. Fui chamado de frívolo. Eu não sou frívolo. Eu quero a melhoria do Homem, quero que o Homem se desenvolva, que explore todas as suas potencialidades... e que seja feliz.

Doutrinador: Todos nós desejamos...


Espírito: Mas vós falais de resignação, de obediência... Isso é uma prisão à marcha! Nós devemos ser felizes! Temos a obrigação de ser felizes!

Doutrinador: Com certeza, amigo, desde que não façamos a infelicidade dos outros.

Espírito: Não, claro que não! Nem é disso que se trata. Estou a convidar-vos (respiração funda) a libertar-vos

Doutrinador: Com certeza, amigo. Todos nos queremos libertar. O Espiritismo é uma doutrina libertadora de mentes.

Espírito: Não é! Não é! Pelo contrário! Amarra-nos! Prende-nos! Não nos deixa explorar todo o nosso interior, todas as nossas potencialidades. Faz-nos andar de cabeça baixa em orações e orações e orações... Mas o que é isso? Que perda de tempo, quando podemos aproveitar esse tempo precioso que temos neste mundo, que não assim tão longo, em explorar-nos a nós próprios.


Doutrinador: Meu amigo: Fora da Caridade Não Há Salvação.


Espírito: Então façamos caridade connosco. Somos os primeiros a necessitar dela. Não é caridade? Se conseguirmos ser felizes, não estamos a fazer caridade?

Doutrinador: Desde que não façamos os outros infelizes...


Espírito: Claro que não! Não se trata de fazer ninguém infeliz.


Doutrinador: Com certeza, amigo. Mas aqui quando se fala em obediência, fala-se em obediência às Leis de Deus. E quando se fala em resignação, fala-se em resignação em relação às provas pelas quais temos todos que passar...

Espírito: Mas os espíritas são todos tristes.


Doutrinador: Enganai-vos, amigo. Os espíritas podem passar os seus momentos de tristeza, mas também têm os seus momentos de alegria.


Espírito: Não! Não gozam a vida. Passam o tempo a orar.


Doutrinador: Não. A oração é, sim, para entrarmos em sintonia com o Pai e para pedir aos amigos...


Espírito: Nós também ensinamos a entrar em sintonia.


Doutrinador: E que tal se nós dois pudéssemos fazer uma oração que nós conhecemos, pedindo ao Pai do fundo do coração o auxílio para nós todos...

Espírito: Não, eu vim apenas fazer-vos um convite.


Doutrinador: Ora bem. E nós fazemos-te o convite para uma oração. Aceitas?

Espírito: Hum... é uma perda de tempo.


[O doutrinador ora, com muita fé um Pai Nosso e pede por todos os presentes. Pede que nos ajude a livrar de remorsos que trazemos de vidas anteriores, que procuramos anestesiar, estagnando no progresso. A entidade interrompe...]

Espírito: Estás a ver como os espíritas só fazem sofrer, que eu já estou a sentir-me mal?! É isto que eu digo! É aqui que está a diferença! Nós lutamos pela felicidade. Vocês lutam pelo sofrimento! É espantoso!

Doutrinador: Meu querido amigo, o sofrimento que nós temos tem raízes em vidas anteriores...


Espírito: Eu vim desarmado. Estou aqui com a maior das boas vontades.


Doutrinador: E certamente não vieste sozinho e estão aqui outros amigos teus a acompanhar-nos.


Espírito: Ah! Tens vidência!


Doutrinador: De modo que, querido amigo e queridos amigos que aqui estão, nós sentimo-nos realmente felizes se nós evoluirmos e a evolução é feita quando as nossas consciências se libertam. Se libertam de quê? Se libertam de erros passados que nos causam remorso e o remorso actua como um aguilhão terrível sobre nós. Por vezes tentamos anestesiar a nossa consciência. Tentamos ‘queimar o carma’, como às vezes vós dizeis. Mas isso é impossível, amigo. Não podemos queimarmo-nos a nós próprios. A anestesia pode durar uns tempos, mas não durará sempre. Por isso, querido amigo, a proposta...


Espírito: Eu não te estou a ouvir. Eu não vim aqui para ser convencido.

Doutrinador: Com certeza, amigo. Mas ao menos acompanhas-me numa oração.

Espírito: Outra?


Doutrinador: Sim. Vamos então.


[O doutrinador ora um Pai Nosso, após o que inicia sobre este companheiro uma regressão de memória, para se recordar de existências anteriores. A entidade começa a respirar de forma ofegante...]


Espírito: Estão-me a pôr imagens que eu não quero ver. E não estou conseguindo afastá-las! Peço auxílio a todos os meus mestres. Não quero ver! Estou a ser forçado! (respiração muito ofegante...)
Já sei! Já sei! Sei! Queimei-te! Queimei-te! Claro que te queimei! Mas eu não quero saber! Eu sei que era um grupo! Mas eu só cumpri ordens! Eu tinha que cumprir ordens! Senão acontecia-me o mesmo! E daí? Todos temos que evoluir! Eu quero evoluir! Eu estou a evoluir! Eu estou a aprender a evoluir. Eu já não sou o mesmo! Retirem-me esses quadros! Eu não sou o mesmo! Eu já mudei! Eu estou a aperfeiçoar-me e estou a conseguir aperfeiçoar-me. Não me recordem essas coisas! Eu não quero ver! Eu enlouqueço! Querem-me enlouquecer! Eu vou enlouquecer! Eu não aguento!


Doutrinador: Coragem amigo! Não podemos fugir à realidade!


Espírito: Mas eu não sou o mesmo. Isto que me estão a mostrar é outra pessoa! Eu já mudei. Eu não tenho que estar sujeito a isto. Eu tenho que ser feliz. Eu já não sou essa pessoa horrível, sem sentimentos, que tinha gozo em fazer sofrer. Eu já não sou assim... Eu tinha conseguido afastá-los do meu campo mental!

Doutrinador: Não podemos fugir de nós próprios, amigo...


Espírito: Mas eu pedi ajuda! Pedi tanta ajuda a estes meus companheiros!


Doutrinador: Pede ajuda a Jesus, que é o médico das almas, meu amigo.


Espírito: Eles protegiam-me. Onde é que eles estão?

Doutrinador: Eles anestesiavam-te, amigo.

Espírito: Não interessa. Eu consegui retirar estas imagens mentais e substituí-las por outras!

Doutrinador: Mas isso foi uma falsidade que te fizeram.

Espírito: Chama-lhe o que quiseres. Eu preciso de evoluir. Eu não posso estar a ver estas imagens que me atormentam!

Doutrinador: Só evoluis se fores capaz de conseguir retirar de verdade do teu campo mental estas imagens. Se elas não te afectarem e isso só se consegue numa reencarnação.


Espírito: Mas elas não me afectam. Estão-me a afectar agora porque voltaram.

Doutrinador: Estão a voltar porque provavelmente ainda não respondeste...

Espírito: Mas eu pertenço a uma equipa que consegue afastar isto tudo.


Doutrinador: Não podes fugir à Justiça Divina, meu amigo. Deus não pune...

Espírito: Mas podemos evoluir para Deus sem passar pelo sofrimento.

Doutrinador: Meu amigo: não podemos fugir à Justiça Divina. Convence-te disso. Ninguém pode. Senão o crime não teria castigo.

Espírito: Mas nós ensinamos que não é preciso passar pelo castigo, desde que mudemos as nossas energias. Transmutemos as essas energias para o bem.

Doutrinador: Esse ensinamento é cómodo e serve muito bem os propósitos de quem quer cometer o crime.


Espírito: Mas eu não cometo crimes.


Doutrinador: Mas cometeste outrora, meu amigo.


Espírito: Mas já foi há tanto tempo...


Doutrinador: Mas, perante a Lei de Deus, continuas endividado.


Espírito: Há tanto tempo.


Doutrinador: Certamente, meu amigo. Certamente do tempo da Inquisição, não é verdade?


Espírito: Muito mais recente. Do tempo dos fornos.
Doutrinador: Ora, meu querido amigo...


Espírito: Eu cumpria ordens.


Doutrinador: Cumprias ordens, mas colaboravas.


Espírito: Não posso negar que me ria, quando os ouvia gritar.


Doutrinador: E isso, quer queiras, quer não, era um crime.


Espírito: Era. Eu reconheço que era um crime. Reconheço que era um malvado. Eu não tinha sentimentos. Mas agora não. Eu, agora, já não sou esse. Foi uma época em que eu fiquei... eu enlouqueci. Eu era louco. Eu não posso pagar toda a vida por isso. Porque eu era louco. Eu não tinha o domínio de mim próprio.

Doutrinador: Meu querido amigo, todos nós nos dominamos a nós próprios, até onde queremos. Não podemos negar isso. Acaso alguma vez respondeste por esses crimes?

Espírito: Não. Respondi quando me perseguiam. Porque podes crer que me perseguiram. Sempre a gritar. Aqueles gritos...

Doutrinador: Perseguia-te a tua consciência...

Espírito: A minha consciência... A minha consciência...Ou eles. Sei lá?!

Doutrinador: Tu tens que te libertar e a única forma de te libertares não é anestesiar a consciência.

Espírito: Eu pedi ajuda a quem estava presente na altura para me poder ajudar. E encontrei tanta gente que me ajudou. Ajudou-me a mudar o meu campo mental e eu consegui transformar essas imagens noutras imagens lindas.

Doutrinador: Essa ajuda era ilusória, meu querido amigo. Porque, quer queirais, quer não...

Espírito: Mas por que é que isto me volta agora novamente? E eu não estou a conseguir usar tudo o que aprendi?


Doutrinador: Porque tens que responder perante estes crimes, querido amigo. Nenhum de nós pode fugir à Lei de Deus e a Lei de Deus é a do Amor e da Caridade. Feriste essa Lei. Terás que responder perante Ela, amigo. É assim a vida. Ninguém pode cometer crimes impunemente. Ninguém pode atentar contra a vida alheia, querido amigo. Estás a laborar num erro, julgando que mudando as imagens mentais te mudas a ti, no fundo de ti próprio. Isso não é verdade, amigo. Na realidade neste momento continuas a induzir outros em erro.

Espírito: Ai, Ai!!!! Estes gritos. Eu continuo a ouvir estes gritos. Estes gritos dão cabo da minha cabeça. Estão dentro de mim. Percorrem o meu corpo todo.

Doutrinador: Tu precisas de ajuda, querido amigo.


Espírito: Eu preciso de energia. Dá-nos energia.

Doutrinador: Não, meu amigo. Não podes sugar as energias. Não podes continuar a sugar as energias dos outros.


Espírito: Mas eu preciso tanto! [A entidade chora]

Doutrinador: As energias, hás-de tê-las, quando modificares o teu campo mental para Deus, meu amigo. Para Deus.


Espírito: Mas Deus é castigo. Deus é sofrimento.


Doutrinador: Deus não é castigo nem sofrimento. Deus é Justiça. Ninguém pode fugir às leis divinas, meu amigo. Nenhum de nós. Se nós cometemos o crime em vida anterior, teremos que responder por esse crime. Ou respondemos perante a lei dos homens ou respondemos perante Deus. E a Lei de Deus é Universal. Está gravada nas nossas consciências. Na tua consciência. Por isso é que te vêm essas imagens à mente neste momento. E tu mostras agora profundo arrependimento, não é verdade? Estão aqui mensageiros de Jesus à nossa volta. Todos nós choramos pelos crimes cometidos. E, quando arrependidos, somos auxiliados, porque Deus é infinitamente misericordioso. Caridade para com os criminosos, porque, por mais que o sejam e desde que se arrependam, Deus lhes estenderá a sua mão misericordiosa. Agarra esta oportunidade, meu amigo. Agarra esta oportunidade! Porque só assim poderás evoluir verdadeiramente. Deus está contigo. Deus está connosco, meu amigo.


Espírito: Mas como é que eu posso pagar isto tudo?!


Doutrinador: Tu podes, meu amigo! Tu podes, meu amigo!


Espírito: Foi tão horrível! Não sei. Vou levar séculos. Eu vou levar séculos para pagar todos os crimes que cometi!


Doutrinador: Tu tens amores que esperam por ti. Tu tens gente que te ama, está à tua espera.


Espírito: Mas não os posso ver. Nunca! Nunca os vi. Bem procurei por todos.

Doutrinador: Mas vais vê-los agora, amigo. Toma atenção. Toma atenção, amigo. Permite-me que eu peça a Deus que tu possas encarar os teus amigos verdadeiros, os familiares, os entes queridos, aqueles de quem te separaste há muito, mas que esperam por ti. E nós vamos pedir ao Pai essa bênção.


[O doutrinador pede, emocionado, a Deus, nosso Pai, por este nosso companheiro, para que ele possa ser recebido por alguém querido. Enquanto isto, a entidade chora de arrependimento].


Espírito: FILHO! NÃO! Não! Eu não tenho o direito. Eu quero ir-me embora. Deixem-me ir embora. Eu não tenho o direito. Tantos anos chamando por ele. Procurando em todo o lado. Eu não tenho o direito. Ele é luz. Eu sou sombra. Ele é amor. Eu sou ódio. Eu não tenho o direito. Perdoa-me, filho. Perdoa-me, por tudo. Mas não me faças olhar para ti. Porque eu não posso olhar para ti. É o teu brilho que me encandeia. Eu estou habituado ao escuro. Ao escuro da minha maldade... (passam alguns instantes) Aceito...Aceito... Um dia, poderei olhar-te nos olhos. Agora é demasiado cedo. Eu pagarei para que chegue esse dia.

Passam alguns instantes e o Espírito diz em tom solene:


Amigos: eu vou acompanhado por auxiliares que eu não conheço, que me são estranhos, porque só assim vou obter campo mental para poder olhar para mim próprio.
Doutrinador: Meu Amigo: ficamos muito felizes por que isso suceda. Jesus está-te estendendo a mão. Foi isso que Jesus nos ensinou.


Espírito: Perdoai-me a intromissão.


Doutrinador: Oh amigo! Nós é que te agradecemos a ti pela lição que nos deste e pela oportunidade que nos proporcionaste de podermos ser um bocadinho útil. Iremos orar por ti.


Espírito: Ah! Bem vou precisar delas. (refere-se às orações que considerava perda de tempo). Obrigado a todos vós.

[O doutrinador agradece a Deus todas as bênçãos recebidas, esperando pela comunicação do Espírito guia, orientador destes trabalhos.]

Manuel
Núcleo Espírita Amigo Amen
17 de Novembro de 2009
(continua)

3 comentários:

  1. Joana,

    tem um selo prá você.
    Quando quiser, é só passar no meu bloguinho!

    Com carinho

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  2. A arte da fuga não é uma coisa boa. Incrivel como as consequencias dos nossos actos seguem nos.

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  3. Obrigada pela sua generosidade, unknwman.

    ejsantos: de facto, se todos tivéssemos esse conhecimento, percebendo o alcance dos nossos actos e as suas graves consequências, às vezes, causando-nos sofrimentos que se arrastam por séculos, talvez mudássemos certas atitudes.

    Um abraço

    Joana

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