quarta-feira, 15 de março de 2017

Companheiro em fuga (1)


Na reunião do dia 8 de dezembro de 2005 manifestou-se um companheiro que se declarava amigo de um dos componentes do grupo, reclamando que não lhe davam o devido valor no local de trabalho e defendendo que era necessário ‘obedecer ao chefe’. Após extenso diálogo, argumentou que tudo se resolvia com a oração.
Quando o doutrinador o solicitou que falasse sobre si próprio, recusou-se. Perante a insistência, caiu em sono profundo, em espectacular processo de fuga. Foi transportado para um posto de socorro da espiritualidade.
Seguiu-se a intervenção do Espírito Orientador dos trabalhos que, de acordo com as suas palavras nos “encontramos hoje reunidos neste espaço agradabilíssimo rodeados de toda esta luminosidade que emana directamente do coração de Jesus”. Sua intervenção é, simultaneamente, uma prece.

(...)
Doutrinador: Tens razão.
Espírito: Eu estou aqui por bem.
Doutrinador: Ainda bem, querido amigo.
Espírito: E venho em defesa do nosso amigo R (elemento do grupo).
Doutrinador: Ainda bem, amigo. Então diz lá.
Espírito: Ele é muito, muito, muito boa pessoa e muito dedicado. É muito bom pai. É muito responsável. Não deve de maneira nenhuma ser agredido. Os amigos têm que ter muito cuidado.
Doutrinador: Com certeza, amigo. Ninguém quer agredir quem quer que seja. Tu achas que ele foi agredido?
Espírito: Acho que o andam a combater.
Doutrinador: E quem é que o combate, amigo.
Espírito: Vejo, vejo e ele é muito valioso.
Doutrinador: Tu tens acompanhado o amigo R.?
Espírito: Eu acompanho-o por todo o lado.
Doutrinador: És amigo dele não é verdade?
Espírito: Podes dizer assim.
Doutrinador: Ninguém te enviou para junto dele ou foste tu que tomaste a iniciativa?
Espírito: Isso são pormenores dispensáveis.
Doutrinador: E tu achas que alguém o agrediu?
Espírito: Ele é muito útil.
Doutrinador: É muito útil em que tarefas?
Espírito: Naquelas que são importantes.
Doutrinador: E, na tua opinião quais são as importantes?
Espírito: Isso...
Doutrinador: São tarefas em nome de Jesus?
Espírito: Jesus é o nosso Guia. E temos que evoluir.
Doutrinador: Dou-te razão, amigo: temos todos que evoluir. Mas quem é que anda a combater o amigo R.?... isso desperta a nossa curiosidade...
Espírito: Quem o contraria. Quem o quer desviar de determinados caminhos.
Doutrinador: Dos caminhos de Jesus não é verdade? Uma vez que Jesus é o nosso Guia, os caminhos a seguir são os caminhos de Jesus.
Espírito: Ele é bom. Não faz mal a ninguém.
Doutrinador: Ninguém diz o contrário, querido amigo.
Espírito: Devem dar-lhe mais valor.
Doutrinador: Achas que nós o desvalorizamos?
Espírito: Não lhe dão o valor que ele merece.
Doutrinador: Na tua opinião o que é que seria dar-lhe mais valor?
Espírito: Ouvi-lo. Concordar mais com ele...
Doutrinador: Mas se a pessoa discordar é obrigada a concordar?
Espírito: Não devem discordar. Não faz mal a ninguém.
Doutrinador: Mas, ouve: nem todos têm a mesma opinião. E se há uma outra pessoa que não tem a opinião que ele tem é natural que discorde. Porque as pessoas não podem estar submetidas a uma única opinião, não é verdade?
Espírito: Ele é de muita valia.
Doutrinador: Ninguém está a dizer o contrário.
Espírito: Está a ser muito útil.
Doutrinador: Está a ser muito útil a quem?
Espírito: A quem é importante.
Doutrinador: E quem é que é importante, na tua opinião?
Espírito: As pessoas que querem transformar aquele (local de trabalho).
Doutrinador: E quem são as pessoas que querem transformar aquele (local de trabalho)?
Espírito: As que dirigem, pois quem havia de ser mais?
Doutrinador: Ele é muito útil para quem dirige (nome do local de trabalho), não é verdade?
Espírito: Claro.
Doutrinador: Pois, muito bem. E tu vieste em nome dessas pessoas...
Espírito: Eu vim em meu nome.
Doutrinador: Em nome pessoal?!
Espírito: Também me interessa que aquele (local de trabalho) mude.
Doutrinador: Mas mude em que sentido?
Espírito: Que haja mais disciplina.
Doutrinador: Diz-me uma coisa: o que é que te move em ter assim tanto interesse pela disciplina daquele (local de trabalho)?
Espírito: O bem de todos.
Doutrinador: Muito bem. O bem de todos é o bem da sociedade, na tua opinião?
Espírito: Temos que cumprir a lei. As leis fizeram-se para ser cumpridas.
Doutrinador: Mesmo as leis que estão mal feitas...
Espírito: São leis. Temos que as cumprir.
Doutrinador: Oh, querido amigo: se vivesses no tempo do nazismo defenderias as leis nazis...
Espírito: Não venhamos com suposições.
Doutrinador: É que nem toda a lei humana é justa.
Espírito: Mas nós somos funcionários públicos. Temos que as cumprir.
Doutrinador: Está bem. E tu és funcionário público?
Espírito: Já fui.

(continua)


Retirado de "Falando com os Espíritos", de Eduardo Guerreiro (ainda não publicado)

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