Generosidade, empenho e desprendimento em grupos mediúnicos sérios
Quem pensa integrar um grupo de auxílio a companheiros
desencarnados sem participar com a sua dose de sofrimento, desengane-se.
Lembremos a informação que nos é dada por Camilo Castelo Branco no livro
“Memórias de um suicida” psicografado por Ivonne Pereira.
Diz-nos o autor espiritual (Camilo Castelo Branco) que, com o
objectivo de auxiliar um grupo de suicidas desencarnados, após sondagem feita
em Portugal, Espanha e países da América Latina, foram convidados vinte médiuns
de ambos os sexos. Dentre estes, porém, “apenas quatro senhoras, humildes,
bondosas, deixando desprender do envoltório astral estrigas luminosas à altura
do coração, ofereceram incondicional e abnegadamente seus préstimos aos
emissários da Luz, prontas ao generoso desempenho. Dos representantes
masculinos apenas dois aquiesceram, sem rasgos de legítima abnegação, é certo,
mas fiéis aos compromissos de que se investiram, assemelhando-se ao funcionário
assíduo à repartição por ser esse o dever do subordinado. Os restantes,
conquanto honestos, sinceros no ideal esposado por amor de Jesus,
desencorajaram-se de um compromisso formal”.
Resumindo: de entre os médiuns, exercendo actividade nos
países atrás referidos, só vinte foram selecionados. Destes, só seis acederam.
E destes seis, só quatro o fizeram incondicionalmente.
O Espírito comunicante elucida-nos sobre o porquê desta
recusa dos médiuns:
“Os quadros expostos, mostrando-lhes o precário estado dos
pacientes (Espíritos de suicidas) que
deveriam socorrer, seu martirológio de além-túmulo, infundiram-lhes tais
pavores e impressões que acharam por bem retrair impulsos assistenciais”.
“Os médiuns deveriam contribuir com grandes parcelas de suas
próprias energias para alívio dos desgraçados que lhes bateriam à porta.
Esgotar-se-iam, provavelmente, no caridoso afã de lhes estancar as lágrimas.
Seria até mesmo possível que, durante o tempo em que estivessem em contacto com
eles, impressões de indefiníveis amarguras, mal-estar inquietante, perda de
apetite, insónia, diminuição até mesmo do peso natural do corpo físico viessem
surpreendê-los e afligi-los.
Todavia, a direcção do Instituto Maria de Nazaré (Organização Espiritual de auxílio a
desencarnados – nota do autor) oferecia garantia: - suprimento das forças
consumidas, quer orgânicas, mentais ou magnéticas, imediatamente após a
cessação do compromisso, ao passo que a Legião dos Servos de Maria (Departamento daquela Organização destinado
ao socorro a suicidas – nota do autor), a partir daquela data, jamais os
deixaria sem a sua fraterna e agradecida observação.
“Se se arriscavam à solicitação de tão vultoso concurso era
porque entendiam que os médiuns educados à luz da áurea moral cristã são
iniciados modernos, e, por isso, devem saber que os postos que ocupam, no seio
da Escola a que pertencem, fatalmente terão de obedecer a dois princípios
essenciais e sagrados da Iniciação Cristã heroicamente exemplificados pelo
Mestre Insigne que a legou: - Amor e Abnegação!”
Note-se que, como atrás foi referido, apesar destas
garantias, foram muito poucos os médiuns que aceitaram. É que a verdadeira
CARIDADE exige, conforme já fizemos referência, uma enorme dose de sacrifício
pessoal. Em especial a que se destina ao auxílio a Espíritos em grande
desequilíbrio, como é o caso dos suicidas.
Extraído do livro de Eduardo Guerreiro: "Lições de Vida Após a Morte", Chiado Editora (a ser lançado em breve)
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