sábado, 8 de setembro de 2007

Visão Espírita da Morte

Hoje, milhares de pessoas reuniram-se para a despedida a Luciano Pavarotti, considerado por muitos, o maior tenor de todos os tempos. Será certamente recordado como aquele que retirou a ópera dos circuitos fechados em que se movem algumas elites, para popularizar um dos géneros mais difíceis da música. E fê-lo, sobretudo, acrescentando ao talento natural, o humor que o caracterizava, transmitindo alegria e vontade de viver num mundo melhor, empenhando-se em causas humanitárias e encarando a música como um meio excelente de união entre os povos.

O céu ganhou mais uma estrela; o mundo perdeu um homem de Paz.

Um dia afirmou que Deus lhe tinha dado tudo o que desejara. Se em dado momento, Ele decidisse tirar-lhe tudo, estariam quites.

Para muitos a sua vida terminou. Na visão espírita, a sua missão na terra chegou ao fim, mas o seu espírito continuará a brilhar, tendo apenas mudado de plano.

Duas questões se colocam a todos nós nestes momentos em que somos levados a encarar a morte, seja ela de pessoas célebres ou daqueles que amamos:

Para onde iremos? Que seremos após a morte?

Inteligência, talentos, afeições, conhecimentos adquiridos, lutas pelo progresso próprio e social ficarão irremediavelmente perdidos para sempre?

Essa a tese dos materialistas, não muito distante daquela que defende a fusão de cada ser na totalidade como pensam os budistas, o que na prática seria o mesmo, pois isso traria ao ser humano igual sentimento de desespero e de inutilidade, ao mesmo tempo que o isentaria de qualquer responsabilidade moral pelos actos praticados.

Ou como dizia Lavoisier: “Nada se perde, tudo se transforma”, sendo a morte apenas uma mudança na nossa caminhada em direcção à felicidade?

Vejamos o que nos dizem os Espíritos, a este propósito:

149. Em que se transforma a alma no instante da morte?

R: Volta a ser Espírito, ou seja, retorna ao mundo dos Espíritos, que ela havia deixado temporariamente.

150. A alma conserva a sua individualidade após a morte?

R: Sim; não a perde jamais. O que seria ela, se não a conservasse?

150-a. Como a alma constata a sua individualidade, se não tem mais o corpo material?

R: Tem um fluido que lhe é próprio, que tira da atmosfera do seu planeta, e que representa a aparência da sua última encarnação: seu perispírito.

150-b. A alma não leva nada deste mundo?

R: Nada mais que a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor. Essa lembrança é cheia de doçura ou de amargor, segundo o emprego que tenha dado à vida. Quanto mais pura ela for, mais compreenderá a futilidade daquilo que deixou na Terra.

151. Que pensar da opinião dos que dizem que após a morte a alma retorna ao todo universal?

R: O conjunto dos Espíritos não constitui um todo? Quando estás numa assembleia, fazes parte integrante da mesma e não obstante conservas a tua individualidade.

152. Que prova podemos ter da individualidade da alma após a morte?

R: Não tendes esta prova pelas comunicações que obtendes? Se não estiverdes cegos, vereis; e se não estiverdes surdos, ouvireis; pois frequentemente uma voz vos fala e vos revela a existência de um ser que está ao vosso redor. Capítulo III - págs 116, 117.

“O Livro dos Espíritos”, Trad. José Herculano Pires


A morte dum ser querido traz sempre consigo um enorme sofrimento, mas enchem-nos de consolação e de renovadas esperanças de que a vida continua e de que partimos, uns mais cedo do que outros, ao encontro dos que amamos, palavras como estas:

"SANSON

Este antigo membro da Sociedade Espírita de Paris faleceu a 21 de Abril de 1862, depois de um ano de atrozes padecimentos.

8. – (…) Podeis descrever-nos, se é possível, o aspecto das coisas que se vos depararam?
- R. (…) Todos os Espíritos protetores que nos assistem,
rodeavam-me sorrindo; uma alegria sem par irradiava-lhes do semblante e também eu, forte e animado, podia sem esforço percorrer os espaços. O que eu vi não tem nome na linguagem dos homens...

Sabei que a felicidade, como vós outros a compreendeis, não passa de uma ficção. Vivei sabiamente, santamente, pela caridade e pelo amor, e tereis feito jus a impressões e delícias que o maior dos poetas não saberia descrever."

E Kardec acrescenta: "Nota - Os contos de fadas estão cheios de coisas absurdas, mas quem sabe se não contêm, de alguma sorte e em parte, algo do que se passa no mundo dos Espíritos? A descrição do Sr. Sanson lembra como que um homem adormecido numa choupana, despertando em palácio esplêndido e rodeado de uma corte brilhante."

O Céu e o Inferno - Capítulo II, ESPÍRITOS FELIZES, Pág. 181, Trad. de Manuel J. Quintão


Sem comentários:

Enviar um comentário