quinta-feira, 29 de maio de 2008

O BEM QUE NÃO VEMOS


Depois que Jesus exaltou o valor do amor ao próximo, narrando a Parábola do Bom Samaritano, partiu com os discípulos para a cidade de Betânia.

No caminho, depois de profundas reflexões, João aproximou-se do Mestre e considerou:

- Senhor, tenho pensando na excelência e no poder do bem em nossas vidas. O gesto do bom Samaritano ainda permanece em minha mente, permitindo-me profundas ilações.

Percebendo que o Mestre iria falar, os discípulos aproximaram-se para ouvi-Lo.

- Sim, João - explicou Jesus -, o bem tem um valor incalculável, no entanto o seu poder es­tende-se mais além. Há sempre o bem que não vemos. Retomando à parábola, posso acrescentar­-lhe que algumas semanas depois do ocorrido, o sacerdote e o levita voltaram a Jericó, para novos negócios e abundantes compras. Quando retor­navam a Jerusalém, foram surpreendidos por terrível tempestade. Ante o perigo, não sabiam onde e como se abrigarem. Nesse ínterim, porém, surge um des­conhecido que, incontinenti, lhes indica o refúgio em gruta próxima e os auxilia a salvar as merca­dorias.

O Mestre fez ligeira pausa e prosseguiu:

- Finda a tormenta, ambos se preparavam para recomeçar a viagem e estenderam algumas moedas ao benfeitor anônimo, agradecidos pela ajuda. Entretanto o servidor humilde não aceitou a paga e exclamou:

- "Senhores, há algum tempo atrás, eu por certo aceitaria as moedas, ou então jamais teria me importado com as suas dificuldades. No entanto, há algumas semanas, por aqui passando, fui roubado por ladrões impiedosos que me deixaram ferido, ao abandono. Um estrangeiro, porém, por aqui passando, socorreu-me e conduziu-me a uma hos­pedaria. Como podem compreender, eu apenas estou cumprindo com o meu dever".

- Nesse momento - continuou Jesus, - o levita e o sacerdote recordaram-se do homem aban­donado que, havia alguns dias, se negaram a atender.

Agora, eles estavam sendo auxiliados pelo mesmo homem. Constrangidos, ambos se retiraram e, se não se renovaram, dali partiram com muitas idéias a esfoguear-lhes o pensamento.

E, olhando nos olhos do jovem discípulo, concluiu:

- Como podemos entender, João, o poder do bem vai além dos benefícios que presenciamos. Há sempre o bem que não vemos e que, embora oculto, trabalha na edificação do Reino de Amor de Nosso Pai.

O Mestre continuou serenamente a cami­nhada, enquanto os discípulos o acompanhavam, silenciosos e pensativos.

Marcus

In “Notas de Paz” Luís António Ferraz – Espíritos Diversos

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