terça-feira, 27 de maio de 2008

"Volta Pai Francisco"

Na noite de 6 de Abril de 2007, uma sexta-feira santa, manifestou-se, em comunicação psicofónica, um Espírito que nos deixou profundas impressões, que jamais esqueceremos.

Nunca, em nossa vida de doutrinador, nas reuniões mediúnicas em que participámos (e já lá vão décadas) um Espírito manifestante nos inspirou tão profunda reverência como este amigo. De tal modo que o doutrinador se levantou da cadeira em que estava sentado e se ajoelhou, não ousando levantar a cabeça.

Analisando a comunicação percebemos que o Espírito falava perante uma Assembleia de encarnados e desencarnados e que o acto de nos ajoelharmos e mantermos o cabeça inclinada para o chão talvez fosse o reflexo da reacção dos espíritos presentes perante a autoridade moral e a luz irradiada por esse Espírito. Aliás, este falou sempre com grande serenidade e firmeza, não hesitando em denunciar o orgulho e em exortar fortemente a uma mudança radical de atitudes dos presentes. Pelo teor da comunicação, percebemos que a reunião decorreu ao ar livre, ‘sob as estrelas’...

Após a reunião, uma das médiuns informou-nos que viu uma enorme quantidade de entidades espirituais vestidas de negro e que só aqui e ali se avistava uma ou outra luzinha muito fraca, em contraste com a forte luz que irradiava do local de onde o Espírito orador falava. E que, no final, ao fundo, por cima, pôde ver inscritas as palavras ‘Francisco de Assis’. Se se tratou do espírito de Francisco de Assis, julgo que nunca o saberemos. Trata-se de um nome demasiado respeitável para que o tomemos de ânimo leve. E porquê, logo no nosso pequeno grupo familiar constituído por umas quantas pessoas, cheias de boa-vontade, é certo, mas demasiado modesto para tão elevadas expressões do alto?

É certo que ainda recentemente Joana de Ângelis nos enviou a todos uma mensagem, através de Divaldo Franco, intitulada ‘Volta Pai Francisco’.

Será que Pai Francisco resolveu voltar através de minúsculos grupos cuja única valia é o desejo sincero de contribuir modestamente para o exercício da Caridade com Jesus, pois é esse o único motivo que nos move?!

Só o conhecimento de manifestações semelhantes algures, noutros grupos mediúnicos, guiados pela boa-vontade e orientados pela Doutrina Espírita codificada por Allan Kardec é que nos poderá conferir, não a certeza, pois essa nunca a teremos, mas a probabilidade de que Pai Francisco tenha estado, nessa noite, com o significado simbólico de ser uma Sexta Feira Santa, entre nós, na nossa modesta reunião.

Seja como for, o certo é que o conteúdo da comunicação é, em nossa opinião, profundo e cheio de ensinamentos.

A lição do Evangelho com que iniciámos a reunião dessa noite, versou sob o tema de o Evangelho Segundo o Espiritismo intitulado ‘Fora da Caridade não há Salvação’ (Capítulo XV) – ‘O necessário para salvar-se – O Bom Samaritano’

Manuel

Transcrevemos, em seguida a comunicação recebida:

“Estamos aqui em Seu Nome, reunidos em paz e pensamentos de harmonia para reflectirmos no Seu exemplo.

Acabais de ouvir uma das mais belas lições que Jesus deixou ao mundo. É o Seu testemunho, marcado nos céus para a Eternidade.

Não vos falou Jesus em igrejas. Não vos impeliu aos rituais. Não vos convocou à divisão. Ele extirpou todas as ideias enraizadas na forma, vivendo de aparências, de hierarquias, em Seu nome, em nome do Pai.

Olhai quantas vidas já tivestes, quantas lágrimas já chorastes. Dedicaste-vos, sim, à vossa igreja. Muitos de vós lhe deram a sua abnegação. Muitos de vós abdicaram das ilusões terrenas para lhe dedicardes a vida. Mas quantas ilusões, quantos enganos, quantas ideias erradas transmitistes, quantos sofrimentos em Seu nome causastes no mundo!

E é que ainda não estais satisfeitos? E é que ainda não entendestes? Lutar por Jesus significa abdicar desse manto, significa largar o hábito em toda a extensão. Despide-vos de vossas ignomínias milenares. Despide-vos de todo o orgulho que cultivastes ao longo dos séculos. Deixai de ser os donos da Verdade, da única verdade da salvação.

Um fundamental motivo das guerras no mundo tem sido a vossa conduta, tem sido a vossa condução das ovelhas que, se tresmalhadas estavam, mais tresmalhadas ficaram depois das vossas atitudes de condenação.

Quando olhareis para as estrelas que aqui nos cercam, que nada pedem, que nada nos perguntam, apenas limitando-se a brilhar para nos concederem a todos, sem excepção, a luz que nos aquece e nos ilumina, desde o mais pequenino de nós ao mais perfeito que aqui se encontra, embora todos estejamos muito longe dessa perfeição que almejamos?!

Quando olhareis para dentro de vós, em vez de estenderdes o dedo a acusar o vosso irmão e erguereis a voz da consciência para que vos grite de uma vez só: Pára! Não peques mais!

Vai! E auxilia sem perguntares quem é o desgraçado que está caído, quem é o desgraçado que te estende a mão e te pede a esmola ou que precisa de um sorriso, vindo da tua alma de ímpio. Alma de gelo, que se atreve a falar em Seu Nome, que se atreve a condená-Lo e a virar-Lhe as costas quando recusa o auxílio a esse irmão, porque não é seu correligionário, porque não é uma ovelha da sua igreja!

Esquecei a igreja. No céu não há igrejas. Continuais a cultivar todos os hábitos, todos os rituais, tal como o fazíeis na Terra. Muitos de vós sois os mentores de outros que aqui se encontram, incentivando-os a mais ódios, a mais dissenções, a mais desgraças no mundo, porque falta o socorro, meus irmãos, deste e do outro lado da vida. Falta o socorro aos nossos irmãos em sofrimento! Eles não são católicos, eles não são protestantes. Eles não são... eles são nossos irmãos!

Ide, meus irmãos. Ide e desfazei vossas palavras maléficas. Não enganeis! Retirai vossas ovelhas da ilusão, de mais uma ilusão, que tanta ignorância e tanta desgraça provocam em ambos os lados da vida.

Queremos seres humanos despertos, conhecedores dos objectivos da vida. Amantes do próximo, porque se sentem amados por aqueles condutores de seus caminhos designados para os orientarem, para os protegerem, para os ensinarem e para lhes mostrarem Jesus e a Deus através de seus corações, pois só o coração, meus irmãos, conquista, só os corações consolam.

Amai vossos irmãos sejam ateus, sejam de que religião forem ou de coisa nenhuma. Amai vossos irmãos! Pegai na cruz, no símbolo da cruz, que é o vosso lema. Mostrai-a como o símbolo do amor total, o símbolo da união total e conquistai vossas ovelhas, reunindo-as independentemente das crenças ou de mais um ritual ou menos um ritual praticado. Se ele chama, se ele alicia, não fica como uma marca perene que ajuda à evolução: transforma-se apenas num símbolo exterior do menor esforço, da pedincha, dita de forma mecânica em que não intervém o coração e o entendimento.

Vossa missão, meus irmãos, é uma missão sublime, mas com uma alta responsabilidade. Se vos enganardes, novos sofrimentos se adivinharão. Não tereis nova oportunidade tão cedo. Não podereis mais continuar a enganar, a mentir e a renegar. Jesus a todos convidou. Jesus por todos se entregou. Façamos desta época tão marcante para a Humanidade uma época de reflexão íntima e de exposição de nossas falhas, mas de nossa boa vontade em pegar em Sua cruz e segui-Lo.

Que a Paz do Criador fique entre vós, meus irmãos, e que Jesus permaneça em vossos corações, durante a Páscoa e para lá dela. Todos precisamos de vós. Não falheis! Praticai a Caridade, a verdadeira Caridade que o Mestre nos ensinou e não falhareis. Contamos com todos. Ficai em paz.”

Nota: Sendo nossas reuniões acompanhadas por suave música de fundo, por coincidência, esta última parte do discurso, dita com um modo firme, foi acompanhada pelo ‘Hino da Alegria’, da nona sinfonia de Beethoven, conferindo-lhe ainda maior exaltação.

Mais do que as palavras e/ou a entoação com que elas são proferidas é o clima espiritual que se gera durante a comunicação, o ‘clima vibratório’ transmitido e sentido pelos presentes que nos permite perceber sobre o grau de elevação e a autoridade moral do espírito comunicante.

E isto não pode ser percebido por uma simples análise textual do conteúdo da comunicação. Porque aqui, mais do que as palavras, é o coração que fala. E as emoções sentidas pelos participantes numa reunião mediúnica – em qualquer reunião mediúnica – nunca poderão ser transmitidas pelo texto da comunicação.

Por isso, aos exegetas, nós aconselhamos prudência nas avaliações, tal como nós nos impomos e regemos pelo conselho de Erasto: “Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Não admitais, pois, o que não for para vós de evidência inegável. Ao aparecer uma nova opinião, pelo menos que vos pareça duvidosa, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. O que a razão e o bom-senso reprovam, rejeitai corajosamente. Mais vale rejeitar dez verdades do que admitir uma única mentira, uma única teoria falsa...” (Livro dos Médiuns, Cap.XX, item 230, tradução de J. Herculano Pires)


Grupo "Amigo Amén"

Santa Maria

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