Foi com dificuldade que conseguimos ouvir algumas palavras suas. Veio recebê-la sua filha, que ela recusou. Caindo novamente na inconsciência foi transportada para um ‘pronto-socorro’ da espiritualidade.
Posteriormente, o Espírito Orientador dos trabalhos explicou-nos o sucedido.
Passemos ao diálogo que foi possível estabelecer entre o doutrinador e a entidade:
Espírito: (Suspiros profundos) Não estou a receber auxílio nenhum, nem quero receber, nem estou a receber, nem sei de nada, nem quero saber de nada.
Doutrinador: Porque dizes isso? Estão aqui mensageiros de Jesus nos quais podes confiar. Dói-te a cabeça, não é verdade? Tira as mãos, para poderes receber auxílio...
Espírito: Ai a minha cabeça. Só oiço conversas...
Doutrinador: Então quais são as conversas que atormentam?
Espírito: Todas. Todas. Agora termos de nascer de novo?! Isso é que era bom! Nascer de novo...
Doutrinador: Não te preocupes com isso. Onde é que estiveste antes?
Espírito: Essa nunca ouvi. Ai, a minha cabeça...
Doutrinador: Um dia mais tarde saberás. Mas agora vamos é tratar de ti, isso é que é importante. Muita luz. Estás sendo auxiliada querida amiga.
Lembras-te onde estiveste? Andaste por aí, não é verdade?
Espírito: Eu não sei... Eu não sei... Ando por aí, ao Deus dará. Muito desorientada... Muito desorientada...
Doutrinador: E sabes como vieste ter aqui connosco? Tens amigos?
Espírito: Não. Não tenho ninguém.
Doutrinador: Tens, sim senhor. Tens o amigo maior, que é Jesus.
Espírito: Não tenho ninguém. Não se encontra Jesus aqui. Isso é tudo conversa...
Doutrinador: Mensageiros de Jesus.
Espírito: Não há ninguém. É o deserto. Não há ninguém. Não tenho encontrado ninguém. Só esta desorientação.
Doutrinador: Vais encontrar. Olha agora à tua volta. Vê amigos da espiritualidade. Já começas a ter consciência do que se passa.
Espírito: Não. É só escuridão. Só escuridão. Escuridão... Escuridão...
O doutrinador ora, sendo acompanhado pelo restantes elementos do grupo que se mantêm em concentração. Entretanto a entidade suspira e emite queixumes.
De repente a entidade grita e tem a visão da filha:
Espírito: Aiii!!! A minha filha! Não, não, não!!! Não, não, não!!!
E perde a consciência, não se voltando mais a manifestar.
O doutrinador ora, sendo acompanhado pelos restantes elementos do grupo.
Manifesta-se o Espírito orientador dos trabalhos:
“...quando nos afastamos das leis divinas, herdando as consequências dos nossos actos impensados, atentatórios dessas mesmas leis que a todos nos devem conduzir. Ouvimos da abnegação, alegremente conquistada no sacrifício e na renúncia, alçando para voos mais altos, de acordo com essas mesmas conquistas.
Daí que o Reino do Pai se espalhe por vários mundos, neles habitando os corações que se atraem por similitude. Uns, mais amenos e felizes. Outros, representando a inferioridade de nossas almas: mais ásperos, onde imperam a dor, o sofrimento, mas também as oportunidades de nos ultrapassarmos, de nos reconquistarmos para Deus.
Esta nossa amiga há muito que se perdeu nos abismos da insensatez e do egoísmo, próprio dos seres humanos pouco habituados ainda à compreensão das leis que regem o Universo; tendo entrado em mãos criminosas, praticou um aborto que lhe retirou a vida, ainda jovem, aportando ao mundo espiritual em condições insanas e desesperadoras, gritando, a pobrezinha, sem que qualquer socorro lhe pudesse chegar perto por não ser ela capaz de o ouvir. Não que não fosse tentado, pois o socorro divino a todos chega, a todos atende, sem descanso e sem selecções, a não ser o mérito de cada um.
Incapaz de erguer a sua voz aos céus, implorando o perdão pelo seu erro e orando, abrindo assim as portas ao auxílio, se revoltou e se desesperou por tempos infindos, ainda que sua filha, que ela recusou, por possuir a superioridade moral suficiente, não tenha nunca desistido de interceder por ela.
O vácuo a que aqui assististes resulta da sua consciência ainda muito culpada, que ainda não consegue encarar as consequências do seu acto.
Por intercessão de sua filha será, porque as condições mínimas foram reunidas, transportada a um pronto-socorro onde ficará recolhida, em tratamento demorado, reestruturante de sua mente esfacelada por tanto sofrimento.
Oh, se os homens soubessem que o sofrimento centuplica no mundo onde aportam, e que desejando, por vezes, alcançam. Como se beneficiariam muito mais das horas que lhe estão destinadas no mundo e como ergueriam a voz aos céus, bendizendo as oportunidades de cada dia, ainda que muitas se revelem em lutas duras, cheias de desgostos, provações, mas sempre oportunidades de renovação.
Agradeçamos, erguendo bênçãos aos céus, o auxílio que aqui recebemos hoje, a misericórdia divina.
Ergamos nossas vozes, pedindo, humildemente, que a Paz ou, pelo menos, a resignação e a vontade de lutar sejam concedidas a esta nossa irmã e a todas as consciências culpadas de tantos irmãos sofredores.
Agradeçamos, também, todos os benefícios recebidos no nosso dia-a-dia, sobretudo quando ele chega em forma de sacrifícios ou de renúncia.
Que a Paz fique convosco, meus irmãos.”
Doutrinador: Obrigado. Sois o amigo Amén não é verdade?
Espírito: Certamente.
Doutrinador: Obrigado, Amigo Amén.
Espírito: Agradeçamos apenas ao nosso Mestre e a Deus que nos perdoa infinitamente e que nos estende os braços de Pai acolhedor, Amigo, com que contaremos para sempre.
O doutrinador agradece a Deus e a Jesus e dá por terminada a reunião.
Manuel
Núcleo Espírita Amigo Amen
Santa Maria