Um amigo do Kosovo (1)
Na noite de 17 para 18 de Fevereiro
de 2008 manifestou-se uma entidade em sofrimento dizendo-se originária do
Kosovo, que nesse mesmo dia havia declarado unilateralmente a independência. Os
seus habitantes, na maioria albaneses, de religião muçulmana, comemoravam o
evento, o que permitiu desanuviar um pouco o ambiente espiritual e realizar o
trabalho que se desenrolou em nosso grupo mediúnico.
Este amigo viu a sua família ser assassinada
e a sua casa destruída. O ódio aos responsáveis pelos crimes não o largou, pelo
que permaneceu com as sensações de sofrimento que o acompanharam na morte do
corpo físico. Tal como noutros casos já relatados, a recusa do perdão agravava
o prolongamento da situação.
Como sabemos que nada acontece por
acaso, este nosso irmão, certamente, resgatou débitos anteriores.
O esclarecimento que o Espírito
Orientador dos trabalhos nos presta no final é precioso. Entre outras coisas,
diz: “Muitas reencarnações por fazer, de um e de outro lado, até compreenderem
que nada de importante os separa a não ser uma cultura, provisória, porque é
terrena, e que o céu dos muçulmanos é o céu dos cristãos, é o céu dos budistas,
é o céu dos hinduístas, é o céu dos taoistas, é o céu de todos nós”.
Na realidade, em próximas
reencarnações estes personagens voltarão, de novo, a reencontrar-se, para novos
reajustes, até atingirem o equilíbrio e harmonia que deverão pautar as relações
entre todos. Trocarão, eventualmente, de lugar, pois, o que está aqui em causa
são as qualidades morais dos intervenientes – a tolerância mútua, a
compreensão, a aceitação da diferença, a amizade sincera, o altruísmo…
Desaparecerão o espírito de seita, o dogmatismo fanático, o facciosismo e a
intransigência.
O diálogo que a seguir
transcrevemos foi travado com um companheiro muçulmano, arreigado na fé
islâmica, nos seus dogmas e nas raízes culturais do seu povo.
No final, temos os esclarecimentos
preciosos do Espírito Orientador deste trabalho.
O
diálogo:
Espírito
- Como é que eu vim aqui parar?
Doutrinador
- Qual é a tua terra, amigo?
Espírito
- Eu sou do Kosovo. Agora é um país! E estava feliz. Andava a festejar na rua.
Doutrinador
- Então e o que sucedeu, amigo?
Espírito
- Não sei... Ah! Fui à Sérvia, a seguir.
Doutrinador
- A seguir aos festejos...?
Espírito
- Sim.
Doutrinador
- E o que é que lá foste fazer?
Espírito
- Fui dar uns bons murros.
Doutrinador
- Nas pessoas que lá andavam?
Espírito
- Sim. Naqueles assassinos. Não são pessoas. São assassinos.
Doutrinador
- E passaste a fronteira?
Espírito
- Passei.
Doutrinador
- Mas por que razão é que foste, se estavas a comemorar na tua terra?
Espírito
- Porque não me esqueço. É um dia feliz, mas é um dia... de grande tristeza
para mim...
Doutrinador
- Pois é, amigo. E foste para lá para te vingares daqueles que lá se
encontravam...
Espírito
- Bem merecem. Não tenho feito outra coisa, que é andar de roda deles. Já
descobri alguns dos meus assassinos e de toda a minha família (tosse). Não os
largo nunca. Só saí para festejar.
Doutrinador
-E depois voltaste novamente.
Espírito
- E agora não percebo por que é que estou aqui (tosse). E nem percebi nada do que falaram. Nem sei quem é Deus.
Doutrinador
- Deus é Alá, como lhe chamas.
Espírito
- Ah! É o Deus dos sérvios, dos assassinos.
Doutrinador
- O Deus é o mesmo para toda a gente.
Espírito
- Não. O meu é Alá.
Doutrinador
- Exactamente. É Alá. Nós orámos a Alá.
Espírito
- Não. Eu não percebi nada do perdão e dessas coisas, porque quem mata deve
morrer também.
Doutrinador
- Mas onde é que viste isso escrito, amigo?
Espírito
- É assim que nós somos. Nós não fazemos mal. Mas temos que nos vingar. Fazer
justiça!
Doutrinador
- Com as próprias mãos?
Espírito
- Pois se ninguém faz!
Doutrinador
- Não acreditas em Alá?
Espírito
- E tu acreditarias se vivesses os horrores que nós vivemos? Há visões que
nunca desaparecem, para além da morte. A morte é o mínimo. Tudo aquilo que
observas com os teus olhos.
(Continua)
Extraído do livro de Eduardo Guerreiro: "Encaminhamento Espiritual - doutrinações" (Ainda não publicado)
Encaminhamento Espiritual - doutrinações