domingo, 10 de junho de 2007

MEDIUNISMO, ANIMISMO E MISTIFICAÇÃO


IV Parte

  • Mencionamos, por último, o fenómeno tão comum da mistificação. Não é animismo, que é um fenómeno tão respeitável quanto o mediúnico. O fenómeno de mistificação é aquele que parece mediúnico, que pode parecer anímico, mas não é. A mistificação é engendrada pela malícia consciente, mas a maior parte das vezes inconsciente de quem a produz.

  • Na mistificação há intenção de enganar, com o objectivo de autopromoção pessoal, de grupo ou mesmo de instituições. Ela é devida, a maior parte dos casos, à falta de humildade, aliada a frustrações pessoais e complexos de inferioridade, e vem frequentemente muito bem embalada, para melhor aceitação.

  • Por vezes é o resultado da expressão de uma pessoa com acentuada carga neurótica, a ser tratada por especialistas, e a que o Centro Espírita pode dar um grande auxílio se não a encaminhar para grupos de "desenvolvimento mediúnico", com o diagnóstico de "mediunidade a desenvolver o mais rapidamente possível".

  • Há que não confundir pessoas emocionalmente desequilibradas, torturadas, abertamente neuróticas com médiuns. Se a mediunidade e o animismo surgem em pessoas equilibradas, a mistificação surge sempre de espíritos doentes, a que deveremos dar atenção, sim, mas tratando-os como espíritos doentes, a necessitar de apoio e auxílio.

  • Não se pense que os fenómenos mediúnico, anímico e mistificação possam surgir isoladamente, com nitidez. Muitas vezes a mistificação vem à mistura com animismo e, por vezes também com mediunismo. Mesmo que a mistificação seja do espírito comunicante, isso não retira responsabilidade ao médium de estar colaborando.

  • Conhecemos obras que são completa mistificação, produzidas por espíritos (e médiuns) vaidosos e pseudo-sábios que quando vieram a público, tiveram maior tiragem do que qualquer obra da Codificação. A credulidade, ignorância, desejo do insólito, assim o exigiram.

  • A participação em tarefas mediúnicas, sejamos médiuns ostensivos ou não, exige de todos nós muito estudo (das obras da Codificação e complementares), moralização e bom senso.

  • Emmanuel diz-nos que "a maior necessidade do médium (e todos o somos), é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias" (3); "se a execução desse esforço (de iluminação interior) não se efectua, tende cuidado, porque então, os efeitos serão extensivos a todos os centros de força orgânica e psíquica. O obsidiado que entrega o corpo, sem resistência moral, às entidades ignorantes e perturbadas, é como o artista que entregasse o seu precioso violino a um malfeitor" (3).
(3) Xavier,F.C., Emmanuel. (1988) O Consolador, 14ª Ed., FEB, Rio.

Além das citações feitas, consultámos os seguintes livros:

Ernesto Bozzano:"Animismo ou Espiritismo?"(FEB);
Alexandre Aksakoff: "Animismo e Espiritismo"(FEB);
Hermínio Miranda: "A diversidade dos Carismas"(Arte e Cultura);
Apostila da 12ª Aula do Curso "Estudos sobre reuniões mediúnicas ",
do Centro Espírita Allan Kardec, de Campinas,SP.
Autor: Mário

quinta-feira, 7 de junho de 2007

MEDIUNISMO, ANIMISMO E MISTIFICAÇÃO


III Parte
Não podemos isolar o animismo da mediunidade. Uma comunicação pode ser totalmente anímica, mas também a interferência do médium pode ser muito pequena. A manifestação totalmente anímica, poderá ocorrer:
  • a) como resultado de uma sugestão ou impressão sofrida pelo médium, em que o ambiente que o circunda tem grande parte de responsabilidade, cabendo ao orientador dos trabalhos a correcção e orientação fraterna do médium para controlar a imaginação e as emoções;
  • b) como a de um espírito em sofrimento, que já atrás citámos, e que é devido ao facto de o médium ter a mente fixada em situações aflitivas íntimas desta ou de reencarnações anteriores, exigindo doutrinação, como se de um espírito desencarnado se tratasse;
  • c) como a de um espírito superior ao médium, em que este, ao desdobrar-se, recupera a posse de conhecimentos espirituais que possui e que estão adormecidos quando no corpo físico; ainda aqui o médium deverá ser orientado para que não se vicie nesse género de produções, pois a sua tarefa é mesmo o intercâmbio com entidades desencarnadas.
  • Mas como distinguir uma comunicação anímica de uma verdadeira comunicação mediúnica?

Não existem receitas. Já Kardec afirmava que só se sabe se alguém é médium experimentando.

De qualquer forma, poderemos tentar verificar se uma comunicação é anímica:

  • a) fazendo a análise das comunicações obtidas pelo médium;
  • b) procurando fazer a percepção fluídica do médium em transe;
  • c) recorrendo à vidência.

Seja como for, se detectarmos animismo, deveremos tentar corrigir fraternalmente o médium e o assunto deve ser tratado com muita diplomacia, pois o médium pode estar plenamente convencido de que não produz animismo, dado disso não ter muitas vezes consciência.


Mas se a repetição da comunicação totalmente anímica permite tarde ou cedo a pessoas experientes a sua detecção, o mesmo não se passa com comunicações parcialmente anímicas, já que todas o são, dado que em todas haverá influência do médium, que mais não seja quanto à forma.

O problema se põe com severidade quando a comunicação é parcialmente anímica quanto ao conteúdo, quando o médium mistura inconscientemente parte dos seus pensamentos e sentimentos com os do espírito comunicante.

Ainda aqui, a responsabilidade do grupo é essencial, quanto ao ambiente que rodeia o médium, a necessidade de evangelização, de estudo e de humildade, caso contrário, surgirão os mal-entendidos e o grupo acabará caindo na desmoralização.

Franqueza fraterna, estudo e humildade!

Autor: Mário

sábado, 2 de junho de 2007

MEDIUNISMO, ANIMISMO E MISTIFICAÇÃO

II Parte
  • Diz-nos Aksakoff que, quando o estado alterado de consciência se projecta para a sua interioridade, temos o que ele designa de "personismo"; quando essas energias se projectam para o exterior, actuando sobre objectos ou pessoas, temos o "animismo". Os fenómenos de clarividência, telepatia, telecinésia, seriam fenómenos anímicos. As aparentes comunicações mediúnicas, que mais não são do que a manifestação do espírito do próprio sensitivo, seriam fenómenos de "personismo".

  • Nos relatos de André Luiz, temos exemplos, nomeadamente de uma comunicação aparentemente mediúnica, mas que não passa de "personismo", para usar o termo de Aksakoff:
  • "Nossa amiga supõe encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma"(...)"a manifestação decorre dos próprios sentimentos de nossa amiga, arrojados ao pretérito, de onde recolhe as impressões deprimentes de que se vê possuída, externando-as no meio em que se encontra"(2).
  • Usualmente, não usamos o termo "personismo", englobando esta classe de fenómenos sob a designação de "anímicos". No caso citado acima, suporíamos a manifestação de um espírito sofredor, quando não passa do espírito do próprio sensitivo a manifestar-se.
  • Fica assim clara a distinção teórica entre fenómeno anímico (produzido pelo próprio sensitivo, com ou sem intervenção de outras pessoas encarnadas), do fenómeno mediúnico, que pressupõe a existência de uma inteligência extra-física, um espírito desencarnado, que, encontrando-se o sensitivo num estado alterado de consciência, indo desde a lucidez ao estado inconsciente mais profundo, se "enxertaria" no seu campo energético, produzindo assim o fenómeno.
  • Deste modo, a mensagem final será sempre o resultado da inter-relação entre duas mentes: a do médium e a do ser transcendental (espírito ou entidade desencarnada). A experiência mostra-nos que, mesmo com médiuns muito seguros, há interferência. O problema da filtragem mediúnica está sempre presente e, por vezes o conteúdo da mensagem da entidade comunicante vem severamente alterado, quando não deturpado.

  • Poderemos citar o exemplo vindo no livro "O Consolador" (Emmanuel/Chico Xavier), em que a resposta de Emmanuel à teoria das almas gémeas entra em conflito com a que vem no Livro dos Espíritos. Indagado a respeito, Emmanuel atribui o facto precisamente a problemas de filtragem mediúnica.
  • Serve isto para alertar todos os que lidam com o fenómeno mediúnico que a questão é bem complicada e exige bastante estudo e experiência. O bom senso e o espírito crítico, bem como uma grande dose de humildade, devem estar sempre presentes, para que não se tomem como verdadeiras, comunicações que o não são.
(2) Xavier,F.C.,Luiz,A. (1985). Nos Domínios da Mediunidade,14ª Ed. FEB.Rio, Brasil
Xavier,F.C.,Luiz,A.. (1987) Mecanismos da Mediunidade,10ª Ed., FEB. Rio, Brasil
Autor: Mário

sexta-feira, 1 de junho de 2007