sábado, 2 de junho de 2007

MEDIUNISMO, ANIMISMO E MISTIFICAÇÃO

II Parte
  • Diz-nos Aksakoff que, quando o estado alterado de consciência se projecta para a sua interioridade, temos o que ele designa de "personismo"; quando essas energias se projectam para o exterior, actuando sobre objectos ou pessoas, temos o "animismo". Os fenómenos de clarividência, telepatia, telecinésia, seriam fenómenos anímicos. As aparentes comunicações mediúnicas, que mais não são do que a manifestação do espírito do próprio sensitivo, seriam fenómenos de "personismo".

  • Nos relatos de André Luiz, temos exemplos, nomeadamente de uma comunicação aparentemente mediúnica, mas que não passa de "personismo", para usar o termo de Aksakoff:
  • "Nossa amiga supõe encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma"(...)"a manifestação decorre dos próprios sentimentos de nossa amiga, arrojados ao pretérito, de onde recolhe as impressões deprimentes de que se vê possuída, externando-as no meio em que se encontra"(2).
  • Usualmente, não usamos o termo "personismo", englobando esta classe de fenómenos sob a designação de "anímicos". No caso citado acima, suporíamos a manifestação de um espírito sofredor, quando não passa do espírito do próprio sensitivo a manifestar-se.
  • Fica assim clara a distinção teórica entre fenómeno anímico (produzido pelo próprio sensitivo, com ou sem intervenção de outras pessoas encarnadas), do fenómeno mediúnico, que pressupõe a existência de uma inteligência extra-física, um espírito desencarnado, que, encontrando-se o sensitivo num estado alterado de consciência, indo desde a lucidez ao estado inconsciente mais profundo, se "enxertaria" no seu campo energético, produzindo assim o fenómeno.
  • Deste modo, a mensagem final será sempre o resultado da inter-relação entre duas mentes: a do médium e a do ser transcendental (espírito ou entidade desencarnada). A experiência mostra-nos que, mesmo com médiuns muito seguros, há interferência. O problema da filtragem mediúnica está sempre presente e, por vezes o conteúdo da mensagem da entidade comunicante vem severamente alterado, quando não deturpado.

  • Poderemos citar o exemplo vindo no livro "O Consolador" (Emmanuel/Chico Xavier), em que a resposta de Emmanuel à teoria das almas gémeas entra em conflito com a que vem no Livro dos Espíritos. Indagado a respeito, Emmanuel atribui o facto precisamente a problemas de filtragem mediúnica.
  • Serve isto para alertar todos os que lidam com o fenómeno mediúnico que a questão é bem complicada e exige bastante estudo e experiência. O bom senso e o espírito crítico, bem como uma grande dose de humildade, devem estar sempre presentes, para que não se tomem como verdadeiras, comunicações que o não são.
(2) Xavier,F.C.,Luiz,A. (1985). Nos Domínios da Mediunidade,14ª Ed. FEB.Rio, Brasil
Xavier,F.C.,Luiz,A.. (1987) Mecanismos da Mediunidade,10ª Ed., FEB. Rio, Brasil
Autor: Mário

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