MEDIUNISMO, ANIMISMO E MISTIFICAÇÃO
II Parte
- Diz-nos Aksakoff que, quando o estado alterado de consciência se projecta para a sua interioridade, temos o que ele designa de "personismo"; quando essas energias se projectam para o exterior, actuando sobre objectos ou pessoas, temos o "animismo". Os fenómenos de clarividência, telepatia, telecinésia, seriam fenómenos anímicos. As aparentes comunicações mediúnicas, que mais não são do que a manifestação do espírito do próprio sensitivo, seriam fenómenos de "personismo".
- Nos relatos de André Luiz, temos exemplos, nomeadamente de uma comunicação aparentemente mediúnica, mas que não passa de "personismo", para usar o termo de Aksakoff:
- "Nossa amiga supõe encarnar uma personalidade diferente, quando apenas exterioriza o mundo de si mesma"(...)"a manifestação decorre dos próprios sentimentos de nossa amiga, arrojados ao pretérito, de onde recolhe as impressões deprimentes de que se vê possuída, externando-as no meio em que se encontra"(2).
- Usualmente, não usamos o termo "personismo", englobando esta classe de fenómenos sob a designação de "anímicos". No caso citado acima, suporíamos a manifestação de um espírito sofredor, quando não passa do espírito do próprio sensitivo a manifestar-se.
- Fica assim clara a distinção teórica entre fenómeno anímico (produzido pelo próprio sensitivo, com ou sem intervenção de outras pessoas encarnadas), do fenómeno mediúnico, que pressupõe a existência de uma inteligência extra-física, um espírito desencarnado, que, encontrando-se o sensitivo num estado alterado de consciência, indo desde a lucidez ao estado inconsciente mais profundo, se "enxertaria" no seu campo energético, produzindo assim o fenómeno.
- Deste modo, a mensagem final será sempre o resultado da inter-relação entre duas mentes: a do médium e a do ser transcendental (espírito ou entidade desencarnada). A experiência mostra-nos que, mesmo com médiuns muito seguros, há interferência. O problema da filtragem mediúnica está sempre presente e, por vezes o conteúdo da mensagem da entidade comunicante vem severamente alterado, quando não deturpado.
- Poderemos citar o exemplo vindo no livro "O Consolador" (Emmanuel/Chico Xavier), em que a resposta de Emmanuel à teoria das almas gémeas entra em conflito com a que vem no Livro dos Espíritos. Indagado a respeito, Emmanuel atribui o facto precisamente a problemas de filtragem mediúnica.
- Serve isto para alertar todos os que lidam com o fenómeno mediúnico que a questão é bem complicada e exige bastante estudo e experiência. O bom senso e o espírito crítico, bem como uma grande dose de humildade, devem estar sempre presentes, para que não se tomem como verdadeiras, comunicações que o não são.
(2) Xavier,F.C.,Luiz,A. (1985). Nos Domínios da Mediunidade,14ª Ed. FEB.Rio, Brasil
Xavier,F.C.,Luiz,A.. (1987) Mecanismos da Mediunidade,10ª Ed., FEB. Rio, Brasil
Xavier,F.C.,Luiz,A.. (1987) Mecanismos da Mediunidade,10ª Ed., FEB. Rio, Brasil
Autor: Mário
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