terça-feira, 26 de junho de 2007

Renascemos e Renascemos...até saldar a última dívida!


No Elevador


Feliciano e Osório eram vizinhos que se viam muito pouco. E por motivos desconhecidos, quando se cumprimentavam havia sempre um disfarçado ar de antipatia.

Numa certa manhã, suas crianças que jogavam à bola nas proximidades, desentenderam-se e correram para casa com choros e reclamações.
Imediatamente os pais saíram e, em plena via pública, entraram em hostilizante discussão. Não fosse a intervenção de terceiros, Feliciano e Osório teriam causado escândalo ainda maior.
A contenda teve fim, enquanto um dizia:
- Desaparece de minha vista e nunca mais voltes a falar comigo. ...
E o outro redarguiu:
- Infeliz sou eu em ser teu vizinho!

Tudo voltou à calma quando ambos se recolheram.

À tarde, porém, vamos encontrar o nosso amigo Feliciano fazendo compras numa grande avenida.
Momentos depois, sai de um estabelecimento, conduzindo nas mãos pequeno pacote.

Apressado e meio aturdido, penetra a portaria de um edifí­cio, e quase instintivamente entra num elevador. Imediata­mente aciona o botão a fim de subir ao 102º andar. Suspira fun­do, enquanto o aparelho descola; mas, ao volver os olhos para o lado, leva um susto... Tinha como único companheiro naquela cápsula, um homem que não era outro senão Osório, o seu vi­zinho.

É inútil tentar descrever o estado de espírito que dominou os dois em tão aflitiva circunstância.
Ambos pensaram logo em escapar.

Osório precipitadamente aciona uma tecla, tentando fugir. Queriam afastar-se abruptamente, mas, nesse momento, por incrível que pareça, a luz se apaga e o elevador pára, imó­vel. Faltou energia elétrica.

A situação se agravou. Os dois pareciam pilhas a ponto de explodir.

Mas, a prisão daqueles instantes fê-los mansos, e come­çaram a trocar palavras em grotescos monossílabos.

O tempo foi passando...

Forçados pelo imprevisto, aí mesmo apaziguaram-se, re­consideraram o incidente da manhã e passaram a conversar sobre futebol. Ambos torciam pela mesma equipa.
Meia hora depois o aparelho volta a funcionar.

E na saída os dois, aliviados, despedem-se com um co­movente abraço, e tornam-se amigos. . .



A família, ante a Lei das vidas sucessivas, é como aquele elevador: encarrega-se de reunir almas inimigas, sob o mesmo tecto, até que haja a necessária RECONCILIAÇÃO.

In Páginas do Quotidiano Hilário Silva

1 comentário:

  1. Boa noite!
    Esta história é linda :-)
    Passa-se o mesmo comigo, quando antipatizo com alguém, e depois sonho que essa pessoa está muito mal ou morre, e fico muito angustiada durante o sonho e nos dias a seguir torno-me amiga dessa pessoa, e/ou começo a vê-la com outros sentimentos...

    ResponderEliminar