A Comunicação através do sonho
Diálogo em Casa
Era como se tudo houvesse desembocado num grande caos - reflectia o Dr. Luciano de Sá, ante o terrível impacto sofrido com a inesperada morte do filho.
Germano servira o Exército havia pouco tempo. Filho único, sempre teve nos pais dispensadores pródigos que tudo faziam para ver o jovem crescer feliz.
Nos últimos tempos, porém, Germano mostrava-se inexplicavelmente rebelde e avesso ao ambiente doméstico.
Um tanto saturado de prazeres que sempre lhe foram fáceis, o moço, inquieto, parecia tomar caminhos diferentes.
Isso é fase - dizia a mãe, D. Albertina - com o tempo tudo passa. É o período da emancipação que todos devemos respeitar.
Filho e genitores, apesar de residirem no mesmo lar, viviam em situações diferentes e até desassociadas. Os laços de aproximação existentes eram, em verdade, muito fracos.
Na medida em que passavam os meses, o jovem tornava-se mais revoltado, até que seus pais vieram a receber a visita de dois policiais que os informaram sobre o acidente.
Na medida em que passavam os meses, o jovem tornava-se mais revoltado, até que seus pais vieram a receber a visita de dois policiais que os informaram sobre o acidente.
Germano, passeando de moto, acabara de ser atropelado por um caminhão, vindo a morrer minutos depois.
Agora a casa estava vazia. E os dois corações ali existentes, saturados de angústia.
Trinta dias depois, Dr. Luciano, que acreditava na eficácia da prece, rogava aos Céus, antes de dormir, a bênção de um consolo maior.
Dormiu serenamente e, momentos após haver conciliado o sono, passou a ter sonho muito significativo: um amigo não identificado, o conduziu a um hospital e lá surpreendeu-se com a presença do filho querido. Estava em delicado tratamento e já gozava de sensível recuperação. Os dois não puderam conversar, mas trocaram enigmático e profundo olhar.
E a experiência prosseguia...
Dr. Luciano, meio atónito, naquele instante, foi convidado a ouvir algumas palavras de abnegado Mentor. E, sentando-se, ouviu o seguinte:
- Seu filho não morreu. Teria morrido se continuasse na Terra. Dessa forma, sua consciência teria sido petrificada no erro. Portanto, ele foi salvo. Salvo pela bênção da morte. Não diga jamais que a sua casa está vazia, porque vazia ela sempre esteve desde que não ofereceu lugar ao coração de Germano. Todo ambiente humano sem diálogo é hostil. Seu filho estava tentando escapar a essa situação. Começou a degenerar-se, revivendo quedas de outras vidas, e quando sentimos que estava mergulhando a alma no submundo do tóxico, recorremos à misericórdia de Deus e o trouxemos para cá. Foi uma concessão feita com base em méritos que o nosso Germano traz de outras existências. Seria muito triste o seu caminho pela vida, não fosse essa providência. Portanto, meu irmão, dê graças a Deus por tudo, assuma o compromisso de aprender a ser pai e não se esqueça que o diálogo afectivo é base de harmonia para o lar.
Assim que o Dr. Luciano acabava de ouvir a palavra enérgica e esclarecedora daquele que continuava sendo o anjo guardião de seu filho, sentiu o sonho se desfazer e, em seguida, despertou no corpo, trémulo e pensativo...
In Páginas do Quotidiano Hilário Silva
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