sexta-feira, 22 de junho de 2007

Almas Gémeas


A teoria modernamente divulgada e defendida das almas gémeas, não encontra base de sustentação no bom-senso, nem na Doutrina Espírita.

Segundo as teorias da Nova Era, Deus teria originariamente criado uma alma para a dividir em duas metades e, tendo-as separado, elas se buscam até voltarem a encontrar-se, ficando a alma novamente completa. Estas almas, sendo gémeas, desde a criação, possuiriam características únicas semelhantes entre si, mas distintas de todas as outras, o que poria em causa o princípio do livre-arbítrio, em que cada um de nós é o único responsável pela sua própria evolução espiritual.

  • “…não há união particular e fatal, de duas almas. A união que há é a de todos os Espíritos, mas em graus diversos, segundo a categoria que ocupam, isto é, segundo a perfeição que tenham adquirido. Quanto mais perfeitos, tanto mais unidos. Da discórdia nascem todos os males dos humanos; da concórdia resulta a completa felicidade.” In O Evangelho segundo o Espiritismo - Item 298.


Com este tipo de pensamento, (das falsas almas gémeas) se vêm justificando algumas atitudes precipitadas de divórcio, adultério e outras práticas que, sendo reveladoras de comportamentos exagerados, porque centrados no ego, muitas vezes filhos do orgulho e da incapacidade de doar-se, exigem ainda a aprovação da sociedade a quem este tipo de ideias seduz e liberta da censura da consciência (essa sim, FATAL) que, um dia, não poderá ser silenciada, pois todos respondemos, queiramos ou não, pelos prejuízos causados a outros.

  • "Em que sentido se deve entender a palavra metade, de que alguns Espíritos se servem para designar os Espíritos simpáticos?
  • “A expressão é inexacta. Se um Espírito fosse a metade do outro, separados os dois, estariam ambos incompletos.”

  • a) - Podem deixar de ser simpáticos um ao outro dois Espíritos que já o sejam?
  • “Certamente, se um deles for preguiçoso.” In O Evangelho segundo o Espiritismo - item 299

Como se vê, embora todos nós pertençamos a famílias espirituais, comunguemos de pensamentos e sentimentos similares, teremos sempre de lutar em cada existência pelo nosso aperfeiçoamento individual, sobretudo se essa mesma família espera por nós. E quem não tem um anjo guardião (ou anjo da guarda) que é tão somente um espírito simpático, um pouco mais evoluído a orientar-nos no caminho do bem? Todavia, quando o não ouvimos, ele se cansa e vai embora. Voltará quando nos predispusermos a alterar a nossa vida.

Terminamos esta reflexão, com as belas e sábias palavras de Léon Denis, contemporâneo de Kardec:


“O espírita conhece e compreende a causa de seus males; sabe que todo sofrimento é legítimo e aceita-o sem murmurar; sabe que a morte nada aniquila, que os nossos sentimentos perduram na vida de além-túmulo e que todos os que se amaram na Terra tornam a encontrar-se, libertos de todas as misérias, longe desta lutuosa morada; conhece que só há separação para os maus. Dessas crenças resultam-lhe consolações que os indiferentes e os cépticos ignoram. Se, de uma extremidade a outra do mundo, todas as almas comungassem nessa fé poderosa, assistiríamos à maior transformação moral que a História jamais registrou.”
“Depois da Morte” Léon Denis

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