terça-feira, 29 de maio de 2007

Violência Doméstica

Informações da PSP
Em 2006 a PSP registou 11.638 ocorrências de violência doméstica (um aumento de 1822 casos face ao ano de 2005), correspondendo a um aumento de 18,5%.
http://www.psp.pt/psp/proximidade/violencia_domestica/ocorrencias.html

Segundo o Conselho da Europa, a violência contra as mulheres no espaço doméstico é a maior causa de morte e invalidez entre mulheres dos 16 aos 44 anos, ultrapassando o cancro, acidentes de viação e até a guerra, por razões directas e indirectamente relacionadas com actos de violência doméstica.

Estes dados ofendem a nossa dignidade humana enquanto indivíduos e, na nossa condição de cidadãos portugueses e do mundo, temos de os divulgar.
A violência doméstica é uma prática que teima em perpetuar-se ao longo dos tempos, ultrapassando fronteiras, culturas e civilizações diversas, afectando todas as classes sociais.
Confirma-se hoje que crianças, submetidas a um ambiente familiar carente de afecto e tranquilidade, tendem a reproduzir esses padrões comportamentais.
Aprendem precocemente a não respeitar os adultos, porque eles próprios não se respeitam a si mesmos e, consequentemente, não o sabem fazer relativamente ao outro.
Numa sociedade violenta que não respeita os valores do indivíduo e de cidadania, a mulher, culturalmente relegada para um plano secundário é a primeira a sofrer e, com ela, os mais frágeis em idade e personalidade.

E se as denúncias tendem a aumentar relativamente à agressão física, devido a uma maior sensibilização social, escondem-se, infelizmente, nos lares os sofrimentos de cariz psicológico, já que esses não deixam rasto visível, ficando remetidos ao silêncio da alma, onde se gravam indelevelmente.
Muitas mulheres suportam abusos de poder, negligências, ausência de diálogo e de afecto, chantagens emocionais, pedidos de desculpa eternamente repetidos e nunca cumpridos, sentindo-se presas no seu mundo de violência, passando facilmente de vítimas a acusadas… E fazem-no, convictas de que estão a proteger os seus filhos, ignorando que somente prolongam a espiral da violência e do crime, mantendo-os na melhor escola alguma vez inventada – O LAR.

Como mulher, mãe e espírita que sou, digo a todos os meus leitores que estas mães não estão isoladas! Hoje, não é dia da mãe no calendário terreno, mas é aos olhos de Deus e da nossa consciência individual e qualquer dia é bom para construirmos colectivamente um mundo melhor para as nossas crianças.

A todas as Mães, esta homenagem do Mundo Maior:

Coração maternal


Mãe, que te recolhes no lar atendendo à Divina Vontade, não fujas à renúncia que o mundo te reclama ao coração.
Recebeste no templo familiar o sublime mandato da vida.
Muitas vezes, ergues-te cada manhã, com o suor do trabalho, e confias-te à noite, lendo a página branca das lágrimas que te imanam da alma ferida.
Quase sempre, a tua voz passa desprezada, como vazio rumor, no alarido das discussões domésticas, e as tuas mãos diligentes servem, com sacrifício, sem que ninguém lhes assinale o cansaço.
Lá fora, os homens guerreiam entre si, disputando a posse efémera do ouro ou da fama, da evidência ou da autoridade. Além, a mocidade, em muitas ocasiões, grita festivamente, buscando o mentiroso prazer do momento rápido.
Enquanto isso, meditas e esperas, na solidão da prece com que te elevas ao Alto, rogando a felicidade daqueles de quem te fizeste o génio guardião.
Quando o santo sobe às eminências do altar, ninguém te vê nas amarguras da base, e quando o herói passa, na rua, coroado de louros, ninguém se lembra de ti, na retaguarda de aflição.
Deste tudo e tudo ofereceste; entretanto, raros se recordam de que teus olhos jazem enevoados de pranto e de que padeces angustiosa fome de compreensão e carinho.
No entanto, continuas amando e ajudando, perdoando e servindo.
Se a ingratidão te relega à sombra na Terra, o Criador de tua milagrosa abnegação vela por ti, dos Céus, através do olhar cintilante de milhões de estrelas.
Lembra-te de que Deus, a fonte de todo o amor e de toda a sabedoria, é também o Grande Anónimo e o Grande Esquecido entre as criaturas.
Tudo passa no mundo. Ajuda e espera sempre.
Dia virá em que o Senhor, convertendo os braços da cruz de teus padecimentos em grandes asas de luz, transformará tua alma em astro divino a iluminar para sempre a rota daqueles que te propuseste socorrer.
MEIMEI
in "Luz No Lar" psicografia de Francisco Cândido Xavier

3 comentários:

  1. REALMENTE

    A tempestade espanta. Entretanto, acentuar-nos-á a resistência, se soubermos recebê-la.

    A dor dilacera. Mas aperfeiçoar-nos-á o coração, se buscarmos aproveitá-la.

    A incompreensão dói. Contudo, oferece-nos excelente oportunidade de compreender.

    A luta perturba. Todavia, será portadora de incalculáveis benefícios, se lhe aceitarmos o concurso.

    O desespero destrói. Diante dele, porém, encontramos ensejo de cultivar a serenidade.

    O ódio enegrece. No entanto, descortina bendito horizonte à revelação do amor.

    A aflição esmaga. Abre-nos, todavia, as portas da acção consoladora.

    O choque assombra. Nele, contudo, encontraremos abençoada renovação.

    A prova tortura. Sem ela, entretanto, é impossível a aprendizagem.

    O obstáculo aborrece. Temos nele, porém, legítimo produtor de elevação e capacidade.


    Agenda Cristã – Espírito: André Luiz – Francisco Cândido Xavier

    ResponderEliminar
  2. Vocês não percebem que a violência doméstica contra a mulher é consequencia, também, da misoginia das religiões, que colocam a mulher como aquele ser que deve se sacrificar, esquecendo de si mesma, como diz essa poesia de Meimei?

    A mulher e o homem merecem ser bem tratados e não deve ter a obrigação de esquecer de si mesmos e so pensar no outro

    Lembra do que disse Cristo na Bíblia;

    Amai ao próximo como a ti mesmo

    E amar a si mesmo não é esquecer de si para dar só para os outros, como sugere esse poema de Meimei

    Não, só podemos dar o que temos de bom que damos para nós mesmos, primeiramente.

    Um abraço
    Hiago

    ResponderEliminar
  3. Olá Hiago

    Permita-me discordar de si em vários aspectos que aborda.

    Se é verdade que as religiões têm contribuido durante muitos séculos para subjugar a mulher ao homem, a verdade é que isso tem sido feito com a completa concordância do sexo masculino. A luta pela libertação da mulher foi encetada por ela mesma, conquistando, a pouco e pouco, o papel de par na sociedade e o respeito que esta mesma lhe deve. O que actualmente parece concensual (e isso só no Ocidente, infelizmente) nem sempre o foi. As leis mudaram muito a benefício do respeito pelos Direitos Humanos; todavia, a prática quotidiana não as acompanha como deveria. Os dados oficiais aí estão a recordar-nos constantemente da violência doméstica, praticada quase sempre sobre os mais fracos: as mulheres e as crianças. Não são opiniões nossas, são factos.

    A poesia de Meimei refere-se a essas mulheres sofredoras, tentando levar-lhes o conforto da Esperança num amanhã melhor! Não apela ao sofrimento, nem o justifica, como é óbvio, e quem exerce violência será sempre chamado à responsabilidade, através da consciência.

    Quanto à frase de Jesus, a sua interpretação correcta é a de que temos de nos esforçar para amar aos outros, da mesma forma que nos amamos a nós próprios. Se é verdade que não podemos dar senão aquilo que temos, não é menos verdade que dedicamos pelo menos dois terços do nosso dia a pensar em nós, nos nossos desejos, nas pretensas necessidades e nas falhas dos outros em relação à nossa importante pessoa.

    Imagine só se investissemos nos outros apenas metade desse tempo que levamos a afagar o nosso Ego.

    Que sociedade diferente teríamos, não é mesmo?
    Esse o sentido das palavras de Jesus, o Mestre maior da abnegação e do esquecimento de si mesmo, com o qual você parece discordar.

    Um abraço e volte sempre

    Joana

    ResponderEliminar