segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Adopção em Portugal


Apesar de há cinco anos a Lei sobre adopção em Portugal ter sido alterada e de, no terreno, um grupo de gente de boa vontade se ter disponibilizado para desbloquear todo o moroso processo e diminuir o tempo de espera dos casais dispostos a adoptar, o prazo de entrega das crianças permanece demasiado desesperante, rondando aproximadamente os cinco anos, tal como antigamente.

Usam-se argumentos como a falta de técnicos eficientes nas instituições para a recolha de informações sobre a adoptabilidade da criança, a ausência da passagem dessas recolhas ao Tribunal, a morosidade da justiça, a necessidade de uma eficiente avaliação dos casais adoptantes e mais um sem fim de causas prováveis para que, na essência, tudo fique na mesma.

A verdade é que o verdadeiro problema reside na MUDANÇA das mentalidades vigentes, num país em que a Lei privilegia os laços de sangue em detrimento do Amor e do Superior Interesse da criança, numa visão redutora do que seja esse SUPERIOR INTERESSE: o do DIREITO ABSOLUTO a um COLO.

Reduziu-se de 6 para 3 meses o tempo em que os pais biológicos PODEM abandonar os seus filhos numa qualquer instituição, sem que ao menos sejam OBRIGADOS a fazer um simples telefonema, mostrando o mínimo de interesse por aquela criança. Como se esses pequenos seres não carecessem diariamente dum pai ou duma mãe, resultando cada dia que passa em mais traumas e sofrimento!
Mesmo assim, os organismos envolvidos em todo o processo continuam a investir na recuperação da família biológica, defendendo a crença de que essa será sempre a melhor solução para a criança. Basta uma simples visita ou telefonema dum dos progenitores, antes do prazo legal terminar e tudo pára por aí, continuando a institucionalização por anos a fio, até que muitos percam a oportunidade de crescerem saudáveis e felizes no seio duma família a sério que os considerem únicos e especiais.

Diga-se que toda esta situação é conveniente para as próprias instituições que na aparência da caridade, vão mantendo os empregos de quem lá trabalha e vivendo dos subsídios que cada criança institucionalizada recebe do Estado, ou seja de todos nós. De Instiuições de Acolhimento passam a Instituições de Recolhimento, tal como afirma Luís de Villas-Boas, dirigente do Refúgio Aboim Ascensão e presidente da Comissão de Acompanhamento da Execução da Lei da Adopção, criada em 2003 e extinta dois anos depois: “…a adopção em Portugal continua bloqueada. Enquanto prevalecer o depósito das crianças em instituições que não são centro de acolhimento mas de recolhimento, enquanto houver gente que espera anos para ser avaliada, a situação continuará a ser muito complexa e muito difícil." DN 23.07.08
Leia aqui o artigo completo:


Durante esta semana os bispos vão discutir e aprovar na Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), que decorre em Fátima até à próxima quinta-feira a ineficácia da Lei de Adopção, não para defenderem a agilização de todo o processo, mas Pasme-se! PORQUE (Ao que o CM apurou), os prelados vão defender alterações profundas à actual lei da adopção, por forma a que as questões estatísticas e os interesses de quem quer adoptar deixem de estar na primeira linha.

"Devemos proteger as crianças e não propriamente pensar naqueles que desejam ter uma criança como pais adoptivos. O maior bem, que é a criança, deve estar sempre em primeiro lugar", afirmou o padre Manuel Morujão, que hoje se estreia como porta-voz da Conferência Episcopal.
Mas o maior bem para a Criança - pergunto eu - não é GANHAR uns PAIS, sejam adoptivos ou os chamados "de sangue"?!

Nesta matéria, a Igreja mostra-se preocupada com o que diz ser o objectivo do Governo de "reduzir drasticamente" o número de crianças institucionalizadas, promovendo para isso todas as facilidades ao nível da adopção.” Correio da Manhã, 10 Novembro
Veja aqui
Compreende-se a "preocupação" da Igreja, pois estamos cientes de que é MUITO MELHOR para TODOS e, sobretudo, para a CRIANÇA que esta permaneça nas Instituições!!!

As “facilidades” que referem relativamente “àqueles que desejam ter uma criança como pais adoptivos” são estes andarem durante meses e anos a serem investigados por técnicas da Segurança Social, psicólogos, tribunais… que lhes visitam as casas, invadem a vida familiar e constroem todo um historial sobre essa gente suspeita de QUERER dar amor a uma criança que não é sua!!!


“A vida foi feita para amarmos e sermos amados!
Por este motivo, devemos decidir resolutamente
que, nunca mais, nenhuma criança seja objecto
de rejeição e desamor!”
Madre Teresa de Calcutá

8 comentários:

  1. Joana, posso entender o seu grito neste seu post e concordo com você que todo esse processo é demorado demais.

    Essa sua frase aqui:" Diga-se que toda esta situação é conveniente para as próprias instituições que na aparência da caridade, vão mantendo os empregos de quem lá trabalha e vivendo dos subsídios que cada criança institucionalizada recebe do Estado, ou seja de todos nós."

    Tem fundo de verdade.

    Obrigada pela participacao.

    Um grande abraco

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  2. Joana, prazer imenso em estarmos juntos nesta campanha por um mundo melhor. É necessário que pessoas de bom senso venham a público denunciar a morosidade reinante no sistema que finge assistir aos desvalidos, inocentes e impotentes da sorte. Depósitos são realmente, aqui no Brasil como aí em Portugal, estes prédios e ou instituições que somente abrigam, dão teto e comida às crianças/adolescentes, que são massa de manobra na mão de funcionários. Como vc disse, mantendo-as assim garantem seus empregos. A falta de amor, de ombridade e de vergonha faz com que os pequenos seres humanos sejam vistos e tratados menos como gente que são. Li com muita atenção este seu libelo e me vi junto com você escrevendo-o, claro que não a quatro mãos. Mas duas cabeças pensantes. Muito obrigado pelo que deixou registrado na blogosfera. tenha um bom dia, uma boa semana. Abraço

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  3. Lendo o seu post fiquei imaginando que herdamos toda essa burocracia na adoção. Aí, como aqui, as coisas têm de ser agilizada, permitindo que crinças ganhem uma nova família e um novo lar.

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  4. "direito a um colo" foi a frase que mas me chamou a atencao no seu post.

    todo deveriam ter esse direito. a tantos isso é negado.

    aí como no Brasil, a lentidao da burocracia atrapalha e mt o desenvolvimento do processo, ao mesmo tempo que é necessário, a gente fica triste com a espera lenta e demorada, o que faz os pais e a crianca se desgastarem demais.

    Um abraco

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  5. Minha querida!

    Que brilhante post o seu minha amiga de sempre.
    "“A vida foi feita para amarmos e sermos amados!
    Por este motivo, devemos decidir resolutamente
    que, nunca mais, nenhuma criança seja objecto
    de rejeição e desamor!”
    Madre Teresa de Calcutá

    Madre Teresa sempre sábia.
    Porque eles não deixam nós dar amor a nossas crianças tão carentes ?
    Beijos minha doce amiga!

    PS:- quando você tiver um tempinho tem vários mimos pra ti lá em casa, são especiais ganhei e de presente quero dar!

    Beijos nesse coração lindo!

    Rô!

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  6. A adoção é um problema em todo lugar, não só em Portugal, como no Brasil. Algumas leis tem de ser revistas para facilitar, mas com aconpanhamento o que é fundamental. Abraços

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  7. Muta gente diz que blogagem coletiva não tem importância, porque não gera efeitos práticos.

    Eu discordo, especialmente com o que representa ESTA blogagem sobre a adoção.

    Isso porque, o grande efeito desta blogagem é fazer com que uma pessoa que esteja pensando em adotar, tenha subsídios para decidir pelo sim ou pelo não, em razão do fato de que os muitos post sobre ela, mostram as várias faces da questão.

    E pena que a burocracia é grande também em Portugal.

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