Doutrinador – Eu agora pergunto-lhe uma coisa. Não se tem sentido mal dos intestinos? Da barriga?
(A amiga a quem a entidade acompanhava, já há algum tempo vinha-se queixando de graves problemas intestinais sem obter diagnóstico…)
Espírito - Ah, isso sempre foi o meu…
Doutrinador – Mal?
Espírito - Eh! Sempre foi! E já nem ligo!
Doutrinador – Mas essa má disposição, os intestinos sempre assim…
Espírito - Mas tu és médico? Já me viste os intestinos… é porque és médico.
Doutrinador – Essa má disposição, os intestinos dessa forma como estão, esse mau estar, isso não é muito agradável.
Espírito - Ai, não é, não! Mas eu já vivo com isto há muitos anos. Olha, já estou habituada.
Doutrinador – Oh, dona Rosinha, não me leve a mal, mas eu acho que a dona Rosinha deveria ser assistida por um médico.
Espírito - Ai, filho! Isto… dizem todos a mesma coisa! Nunca encontram a solução! Isto já não tem cura!
Doutrinador – Mas Jesus curou paralíticos. Deu a vista a cegos.
Espírito - Mas isso não é para mim. Eu já tenho isto há tantos anos! Nunca ninguém encontrou a cura! Era agora?!
Doutrinador – Vou pedir a Jesus, que é o médico das almas…
Espírito - Oh! Se o padre não consegue… havias tu de conseguir!!!
(a entidade confirma a ingenuidade, muitas vezes expressa, por praticantes de algumas confissões religiosas, que acreditam precisar de intermediários privilegiados para chegarem a Deus).
Doutrinador – Dê-me o benefício da dúvida na oração, que eu sei que a dona Rosinha é crente.
Espírito - Ai, sou muito crente, sou! Mas não é destas coisas! (refere-se ao Espiritismo)
Doutrinador – Claro, mas é crente de Jesus!
Espírito - Mas Jesus é na igreja que a gente vai e ouve o padre e …
Doutrinador – A dona Rosinha também em sua casa orava o Pai-nosso?
Espírito - Ah, tinha lá um altar.
Doutrinador – Pois e aqui nesta casa também temos um altar.
Espírito - Têm?!
(finalmente, o doutrinador encontra um ponto em comum para despertar o interesse da entidade)
Doutrinador – Temos sim senhor, de herança. Não aqui, mas…
Espírito - Então para que é que praticam estas artes?
Doutrinador – Não são artes…
Espírito - Porque é que não vão orar junto do altar, que faz tão bem? Se não acendem umas velinhas?
Doutrinador – Tivemos já uma vela acesa…
Espírito - Qual é o santinho que têm?
Doutrinador – São muitos santinhos, mas oramos a Jesus...
Espírito - Têm o Santo António?
Doutrinador – Sim senhora, também.
Espírito - Ah! E têm a Nossa Senhora de Fátima?
Doutrinador – Temos a Nossa senhora de Fátima, temos a nossa senhora de Lurdes…
Espírito - E não acendem umas velinhas? E não fazem uma oração?
Doutrinador – Não é preciso estar ao pé do altar para fazer uma oração.
Espírito - Ai! É muito importante estar ao pé dos santinhos. Põe-se uma vela aos santinhos, em cada um e faz-se uma oração. Faz muito bem!
Doutrinador – Mas uma vez que não estamos junto aos santos, nós vamos fazer aqui a oração a Jesus.
Espírito - Olha que preferia estar lá no altar.
Doutrinador – Jesus disse o que eu vou dizer…
Espírito - Hum! (continua a mostrar desconfiança)
(Mais uma vez se comprova que os nossos hábitos e crenças não se alteram facilmente, só pelo facto de passarmos a pertencer ao mundo dos espíritos)
Doutrinador – “Eu sou o grande médico das almas e venho até vós para vos curar. Os débeis, os sofredores e os enfermos são os meus filhos predilectos e venho salvá-los. Vinde, pois, todos a mim, vós que sofreis e que estais carregados e sereis aliviados e consolados...”
Espírito - Jesus disse isso?
Doutrinador – Exactamente.
(trata-se do Advento do Espírito de Verdade, ponto 7., (Bordéus, 1861.), constante do Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap.VI - O CRISTO CONSOLADOR, pág.131, trad. de J. Herculano Pires)
Espírito - Ai, é bonito. O Sr. Padre nunca me disse essa oração.
Doutrinador –“...Não procureis algures a força e a consolação porque o mundo é impotente para vos dar. Deus dirige aos vossos corações um apelo supremo através do espiritismo…"
Espírito - Ai!!!
Doutrinador – “...escutai. Que a impiedade, o erro, a mentira e incredulidade sejam extirpados das vossas almas doloridas. São esses os monstros que sugam o mais puro do vosso sangue e vos produzem chagas quase sempre mortais. Que no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua divina lei. Amai e orai. Sede dóceis aos espíritos do Senhor. Evocai-o do fundo do coração. Então, Ele vos enviará o seu filho bem-amado para vos instruir e dizer-vos estas boas palavras. Íeis-me aqui, venho a vós porque me chamastes.”
E o Mestre está aqui connosco. Veio até nós porque o chamamos. Está aqui connosco através de Amigos da espiritualidade maior, mensageiros seus. Nossos amigos espirituais. De todos nós e da D. Rosinha. Vieram aqui porque os chamamos em oração. Pedimos a Deus, nosso Pai, auxílio, protecção, amparo e esclarecimento. E tenho a certeza que Deus nos vai auxiliar. (oração do Pai Nosso)
Que Deus nos ilumine. Que o Senhor nos envie a sua Luz e que esse facho de luz se derrame sobre a D. Rosinha, que é uma senhora muito crente em Deus e em Jesus.
E agora, D. Rosinha abra bem os seus olhos e veja o que se passa à sua volta.
Espírito - Ai, isto deve ser artes mágicas. Tu deves ter ai uns poderes… não são… devo estar… aquilo que estou vendo não é aquilo que estou vendo! Estás tu a fazer-me de conta que é verdade. Não. Não é verdade.
Doutrinador – É verdade, amiga Rosinha.
Espírito - Será mesmo? Nunca ninguém se importou comigo!
Doutrinador – Então, fale com as pessoas presentes.
Espírito - Não as conheço de lado nenhum! Mas o que é isto? Então, há um médico só para mim? Para me tratar? E mais dois enfermeiros?! Isto é demais! Isto… és tu que estás aí a fazer essas coisas… Para mim, não!... Eu não tenho conhecimentos! Não encontro ninguém…
Doutrinador – Mas tens fé!
Espírito - Eu tenho fé. Mas até agora… ah, ando por aí! Mas dizer que tenho conhecimentos e que tenho assistência, não tenho. Não é um médico só para mim e dois enfermeiros que… quando a esmola é grande o pobre desconfia!...
(inicia-se o diálogo com os amigos espirituais presentes à reunião de auxílio)
Hum?... O Sr. Doutor vai-me tratar a mim?! Tem a certeza?... Quê? A mim?... Ah!!! … Ah, porque quis ajudar, ganhei uma consulta…
(embora agindo de forma pouco adequada, a intenção da entidade era boa e isso é sempre levado em conta, no mundo espiritual)
...essa é boa! Aqui neste lado a gente não sabe nada… Veja lá como as coisas funcionam!... Hum! … Boa! Essa não sabia eu. … Ai, pois claro que vou! Claro! Eu não estava a acreditar que era verdade. Pois, eu já não estava à espera… Pois! … Claro! … A gente sabe que Jesus existe. Já nascemos a saber. Deus existe e Jesus também existe. Mas somos muito pequeninos. Jesus está lá em cima e Deus mais em cima!... Eh, somos pequeninos, n’é? Não estamos cá à espera que nos façam estas coisas… hum!...
Ai, Sr. Doutor realmente! Eu bem preciso! Bem preciso. Isto tem sido muito sofrimento… Com resignação, é verdade. É muito sofrimento. Eu não me queixo. Também ninguém me ouve, porque é que me havia de queixar? Mas lá que é sofrimento, é sofrimento. … Não tenho um dia em que me sinta bem-disposta. Veja lá, nem as minhas orações que eu gostava tanto de fazer eu tenho cabeça para fazer… (Provavelmente, reside aí um dos obstáculos maiores para que pudesse ter sido socorrida mais cedo ) ...Pois, eu bem preciso de fazer orações. Bem preciso… Ai, se me curar!...
Vou! Vou! Pois, eu também acho que não é aqui… não é um sítio adequado. Vou, claro que vou! … hum… ai, isso deve ser… deve ser uma operação delicada…. Pois, depois tenho que estar em recuperação… eu vou. Vou, sim senhor…
(a entidade decide partir, mas não sem antes dirigir os últimos conselhos a quem quer bem)
Olha minha filha! Cuida-te! Toma juízo e cuida-te, porque tens uns pais muito certinhos, tens uma família como deve ser. Criada nas leis cristãs, nas leis de Jesus. Vês? Vem um senhor doutor buscar-me, porque estou… tenho sofrido muito! Tu não sabes, mas tenho sofrido muito. Vem-me buscar e diz que me vai levar e operar e que vou ficar boa!
…
Doutrinador – … que a ajuda sempre chega.
Espírito - É verdade. Até chegou para mim.
Doutrinador – para todos nos chega sempre, desde que tenhamos fé. Um grande abraço da nossa parte.
Espírito - Ficai bem e ganhai juízo! Ganhai juízo!
Doutrinador – vamos fazer por isso e que…
Espírito - Tomai conta aqui desta menina que ela precisa. Precisa muito que tomem conta dela. (interessante esta alteração na postura da entidade, já que éramos aqueles de quem ela pretendia afastar “a sua menina” – O Amor faz milagres)
Manuel
Mensagem recebida em reunião de 30/07/07
Núcleo Espírita Familiar ‘Amigo Amen’