Na hora da Morte
Hoje, veio-me à lembrança a minha sogra a quem, embora os poucos anos em que convivemos, recordo amiúde com carinho e saudade.
Aproxima-se a época natalícia em que os contactos familiares se estreitam e em que lembramos os que já partiram, sentindo a sua ausência nas nossas vidas.
Que consolação e alegria da alma nos traz, nestes momentos, a CERTEZA de que nos reencontraremos a todos para continuar a conviver na nossa caminhada evolutiva.
E pensei em Ernesto Bozzano, uma das personalidades mais sábias e eruditas do século XIX, e no seu valioso contributo para a pesquisa e confirmação da continuidade da vida.
Bozzano nasceu em 1862, em Génova na Itália. Foi professor na Universidade de Turim. E se, numa dada fase da sua vida, defendeu teses positivistas e materialistas, mais tarde, dedicou-se ao Espiritismo, tendo procedido a profundos estudos espíritas, segundo o método empírico da Ciência.
“Os fundamentos do saber humano passarão da concepção materialista do Universo à concepção espiritualista do ser, com as consequências filosóficas, sociais, morais e religiosas, que dela decorrem...” in Fenómeno de Bilocação
Escreveu mais de trinta e cinco obras, resultantes das suas pesquisas científicas:
“Fenómenos de Transporte”, “A Crise da Morte”, “A Hipótese Espírita e as Teorias Científicas” , “Animismo ou Espiritismo”, “Comunicações Mediúnicas Entre Vivos” “Os Animais têm Alma”, “Cinco Casos de Identificação de Espíritos”…
Algumas destas, aqui mencionadas, existem para download no site: http://www.autoresespiritasclassicos.com/
Mas voltemos ao assunto que aqui me levou a escrever espontaneamente: a minha sogra e a recordação do seu desencarne.
Nos seus «Fenómenos Psíquicos no Momento da Morte» Ernesto Bozzano apresenta inúmeros casos confirmados de pessoas que reconheceram familiares, amigos, já falecidos e que vinham, segundo afirmação dos doentes, buscá-los para os acompanharem na travessia para uma nova etapa da vida.
A minha sogra detestava hospitais e lutou sempre contra a necessidade de ficar internada. Com oitenta anos e cheia de “maleitas”, ficava tão zangada e queixava-se tanto de tudo e de todos, que tinha de regressar rapidamente a casa e era o filho que fazia quilómetros para lhe preparar todos os medicamentos diários (cerca de 26) para que mantivesse o organismo mais ou menos estável. A minha cunhada encarregava-se de lhos ministrar, já que vivia perto, felizmente.
Mas, um dia… há sempre um dia, não é? Perante o agravamento do seu estado físico, surgiu a inevitabilidade do internamento compulsivo. Extremamente preocupados, todos nós a visitávamos com frequência. Passados poucos dias, numa das visitas do filho, este falava com ela, mas a mãe, embora acordada, não lhe respondia nem se virava para o lado da cama, onde ele se encontrava. Dirigia fixamente o olhar em frente, para o alto, e sorria. Este, preocupado, insistia: “Mãe, já não me conhece?”
Até que ela decidiu responder-lhe, sem se virar : “Então, não havia de conhecer? Maluco, maluco.” E continuava a olhar em frente e a sorrir.
“E está contente, mãe?”
"Então, não havia de estar?!”
Passadas poucas horas, desencarnou. O meu marido nunca mais esqueceu o seu sorriso de felicidade e, a nossa convicção de que a vida continua e de que os nossos amores nos esperam, aumentou enormemente, com este caso que a Bondade Divina nos permitiu viver, aportando-nos a consolação, num momento de dor que só quem perdeu alguém compreende.
Para quem sorriria a minha sogra? Para o marido que tanto a amou, para o irmão que perdeu, para a mãe, todos desencarnados há muito? Quem sabe?
Curioso, temos o mesmo nome, Jeanne significa Joana...
ResponderEliminarGostei muito do teu blog, do Bozzano conheço A Crise da Morte, é ótimo.
Voltarei aqui para ler outros post...
Beijos
http://espiritizar.zip.net/
Nossa, me arrepiei com essa história! Que maravilha! Certamente sua sogra foi muito bem recepcionada no seu regresso ao plano espiritual!
ResponderEliminarAbraços, Joana, muita paz e luz para vc...
Adriana
Para a Jeanne e para a Adriana:
ResponderEliminarAgradeço o vosso incentivo.
Jeanne pode sempre ler Bozanno no site autores espíritas clássicos ou noutros sites do género.
Para conhecermos bem a Doutrina Espírita devemos estudar os clássicos, muitos deles verdadeiramente sábios.
Também concordo consigo: "A Crise da Morte" é óptimo, mas os outros são igualmente interessantes.
Volte sempre
Adriana:
De facto possuo informações, vindas de várias fontes de que minha sogra está bem, em companhia dos que lhe são queridos. Afinal, é o que todos ambicionamos, não é?!
Mas o que vimos é que realmente ela teve uma passagem tranquila e feliz. O filho é que sofreu pela sua “perda” temporária. E isso é UMA REALIDADE, que consola mesmo aqueles que em nada acreditam.
Muita paz e luz
Joana