Um
grupo de pessoas de boa vontade que se reúna periodicamente, a hora aprazada,
com o único objectivo de auxiliar entidades em sofrimento, pode crer que terá
sempre a ajuda dos Bons Espíritos nessa tarefa caritativa, sem que para tal
seja necessária a presença de médiuns ostensivos. A extensão desse auxílio
estará de acordo com a composição do grupo no que respeita a Fé, dedicação,
abnegação, espírito de sacrifício e disciplina. Os Amigos Espirituais
avaliarão, segundo as condições oferecidas, o tipo de trabalho que poderá ser
realizado. Muitas vezes, as entidades a serem auxiliadas são conduzidas aos
componentes do grupo dias antes da concretização da reunião, estabelecendo-se,
assim, um vínculo, em que o trabalhador encarnado sofre, em maior ou menor
grau, as sensações desagradáveis, por vezes penosas, transmitidas pela(s)
entidade(s) a ser(em) posteriormente auxiliada(s).
No
dia 26 de abril de 2006, manifesta-se uma entidade em sofrimento que
acompanhava um dos elementos do grupo. Havia sido a ele trazida ou por ele
atraída com o objectivo de receber auxílio. A entidade confessa que “não queria
sair de junto das pessoas”, desconhecendo que “estava a fazer-lhes mal”.
Pensava que o que as pessoas sentiam coincidia com o que ela, igualmente,
sentia, não se apercebendo que era ela mesma que lhes estava a transmitir as
sensações deprimentes. Pela linguagem ingénua que usa, percebe-se que é
católica. É auxiliada, tal como muitos outros Espíritos sofredores que se
encontram presentes. No final, por indicação dos amigos espirituais, a nossa
amiga A. (componente do grupo) é tratada espiritualmente, seguindo-se a
comunicação do Orientador Espiritual da reunião.
Espírito -
Não têm aí uma mezinha aqui para este lado? Aqui, dói-me tanto, aqui. Puxa-me
aqui para o ombro. Aqui. Ai. O braço também. Ai.
Doutrinador -
Há muito tempo que andas assim em sofrimento?
Espírito -
Há muito tempo. Até os calcanhares me doem. Dói-me o meu corpinho todo.
Doutrinador -
Precisas de médico, não é verdade? Então permite-me que eu peça a Jesus, que é
o médico das almas...
Espírito -
Então tu falas com Jesus?
Doutrinador -
Todos podemos falar com Jesus. E eu falo com Jesus, sim.
Espírito -
Mas Ele vem aqui?...
Doutrinador -
Vêm mensageiros seus. Presta atenção.
Espírito -
Ai, isto é um lugar muito importante. Ainda bem que eu vim aqui.
Doutrinador -
Então eu vou pedir a Jesus.
[O doutrinador ora a Jesus, Nosso Mestre,
rogando auxílio para esta nossa querida irmã e amiga.].
Espírito -
Sinto cada ferroada! Eu não sei onde é que não me dói. Umas vezes é nos pés,
outras nas mãos...
Espírito - Ai! Vêm ali duas alminhas. Ai!!!
Duas alminhas com tanta Luz. Eu não
sei se são de Jesus, mas devem ser, são uns anjos, são uns anjos que vêm ali.
Ai, que lindos! Que alminhas tão bonitas. Ai, se me pudessem ajudar. Há tanto
tempo que eu esperava ver alguém que me pudesse ajudar... Eu sofro tanto… não
tenho forças para nada, não me consigo mexer nem pedir ajuda para nada.
Sinto-me tão mal, tão mal. Se me pudessem ajudar...
Doutrinador -
Certamente que te vieram ajudar. Escuta o que eles têm para te dizer.
Espírito -
Eles não falam, mas eu escuto dentro da cabeça a voz deles, ou melhor, o
pensamento. Eles dizem que são enviados de Jesus. Que aqui Jesus manda muitas
ajudas para os sofredores que vêm aqui. Eu sou uma sofredora. Podem pôr-me na
lista. Eu sei que posso ter uma grande lista de espera, mas daqui eu não saio.
Agora que eu cheguei aqui eu não saio daqui (...) Ai, esses raios...esses raios
aliviam-me tanto! (...) Ai, minha nossa Senhora dos Mártires. Muito obrigada.
Tanta fé que eu tinha, tanta fé! (...) Ai, que ajuda tão boa! Ai, isto é um
milagre! (...) Ai, que grande alívio! Deus Nosso Senhor seja louvado. Tanto
alívio que eu sinto!
Doutrinador -
Sentes-te muito melhor agora, não é verdade?
Espírito -
Eu quase já não sinto nada, só com a presença destes anjos do Senhor. Mas eu
não quero ir embora.
Doutrinador -
Mas tens que ir com eles.
Espírito -
Mas eu aqui é que estou bem.
Doutrinador -
Mas se fores com eles vais estar muito melhor. Ouve o que têm para te dizer.
Porque o local para onde vais é muitíssimo melhor do que aquele onde te
encontras agora. Ouve bem.
[Passa algum tempo].
Espírito -
Mas a gente tem que ir à procura de sítios onde se possa receber ajuda.
Doutrinador -
Não tens.
Espírito -
Eles dizem que já chega de andar a depender dos outros. Tenho que começar a
aprender a pedir por mim. Mas eu sei lá pedir?! Eu tenho que ir a sítios onde
dão ajuda.
Doutrinador -
Mas tens fé, não é verdade?
Espírito -
Eu tenho muita fé. Muita fé.
Doutrinador -
Então, se tens fé, a ajuda chegará até ti, porque Deus ajuda toda a gente.
Espírito -
Mas porque é que eu não posso ficar? Há tantos que ficam...
Doutrinador -
Não. Enganas-te. Nenhum fica.
Espírito -
Então eu não os vejo ali?!
Doutrinador -
Isso são alguns que ficam, porque estão em tratamento.
Espírito -
Eu também preciso de tratamento.
Doutrinador -
Precisas, sim senhor. Aqueles que vês ali estão no plano espiritual, como tu...
Espírito -
Mas estão ali a receber ajuda.
Doutrinador -
Então pergunta aos amigos o que é que te vai suceder. Pergunta-lhes a eles.
Espírito -
Eles dizem-me que é tudo mental. Que eu tenho que começar a usar as minhas
capacidades de mentalizar a saúde, a energia e o Amor de Jesus. Eu não vou
precisar de mais tratamentos, porque já estou em condições de pedir por mim e
preciso depois de me curar, porque depois tenho que ajudar os outros. Eu nem a
mim me ajudo. Eu não sei nada. Se me ensinarem... Têm que ter muito trabalho
comigo, porque eu não sei nada. É como começar na primeira classe. Eu não sei
se tenho coragem. Eu volto logo às minhas dores. Eu estou tão habituada a elas
que eu volto logo às minhas dores... Quero. Eu quero curar-me. Tenho que ter
força de vontade. Mas não vou ficar sozinha, pois não... Ah, há outro como eu.
Até é bom, porque sempre nos queixamos das nossas dores... Queixar é uma
maneira de dizer. Oramos e pedimos ajuda a Jesus... Está bem... e se há médicos
para tratar de nós... Ah, eles estão pior...? Então é por isso. Bem, quando as
dores não me atacam, eu não estou mal. Se eu conseguir deixar as dores ou que
elas me deixem sou capaz de fazer muitas coisas até pelos outros, porque eu sei
o que é sofrer... Ah, eu não sabia... eu não fazia ideia. Como é que se pode
ser assim e não saber? Desconhecer tanta coisa. Vocês sabem que eu não queria
sair de junto das pessoas e estava a fazer-lhes mal. E eu julgava que elas
sentiam igual a mim. Mas elas sentiam porque eu estava junto delas. E esta?!
Doutrinador -
Sentiam as tuas sensações. E porque tu não queres prejudicar ninguém é indicado
que acompanhes esses mensageiros de Jesus para te refazeres e, um dia mais
tarde, passes a participar do auxílio tão importante e tão precioso...
Espírito -
Ai, eu quero é ajudar, assim me liberte destas dores. Eu quero é fazer coisas
úteis. Quero é ajudar.
Doutrinador -
Vais ver que vai ser mais depressa do que aquilo que tu pensas. Vai com estes
amigos.
Espírito -
Deus te oiça e Nossa Senhora dos Mártires também. Tem sido a minha grande
amiga.
Doutrinador -
Nossa Senhora te ajude.
Espírito -
E a vocês também.
Doutrinador -
Muito obrigada.
Espírito -
Eu é que agradeço. Muito obrigada. Eu vim ao sítio certo. Bem me tinham dito.
Bem me tinham dito.
Doutrinador -
Agradece a Jesus, querida amiga. Da nossa parte leva um grande abraço e, se
Deus o permitir, pode ser que nos encontremos no local para onde vais.
Espírito –
Ai, eu não me esqueço de vocês. Nunca me esqueço de quem me faz bem.
Doutrinador -
Foi tudo com a permissão de Deus, não te esqueças.
Espírito –
Ah, mas devia haver aí muita gente como vocês, a ajudar, porque há aí muito
sofrimento.
Doutrinador -
Temos que nos auxiliar uns aos outros. Tenho a certeza de que daqui a pouco e,
quando estiveres cheia de energia, vais auxiliar muita gente.
Espírito -
Ai, há muita falta de trabalhadores.
Doutrinador -
Leva um grande abraço da nossa parte. Nós vamos agradecer a Deus.
Espírito -
Eu fico aqui perto destes anjinhos se eles me permitirem e vou acompanhar a
oração.
Passados
alguns minutos, manifesta-se o Espírito Orientador destes trabalhos, enquanto
estava sendo prestada ajuda a um dos elementos do grupo.
O Amigo Espiritual sublinhou que as decisões do dia-a-dia estão nas nossas mãos,
remetendo a deliberação final para a nossa consciência, que não erra se “o nosso lema for o altruísmo, se a lanterna que guia a nossa caminhada for a
lanterna do Amor”.
Extraído do livro "Lições de Vida Após a Morte"(ainda não distribuído), de Eduardo Guerreiro, Chiado Editora.